02/12/2024
Quitar dívidas ou investir? Entenda por que nem sempre pagar as contas é a melhor opção para o 13º salário
Especialistas alertam que a melhor escolha do que fazer com o dinheiro extra depende do perfil de cada pessoa, mas destacam que, se bem planejado, esse recurso pode ser a chave para um futuro financeiro mais sólido. Desde quitar dívidas de alto custo até começar a investir em opções de baixo risco, o 13º pode ser um excelente ponto de partida para organizar as finanças e alcançar objetivos a longo prazo
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O final de ano é uma época aguardada por muitos trabalhadores brasileiros, especialmente por conta do recebimento do 13º salário. No entanto, a chegada desse recurso extra levanta uma dúvida comum: quitar as dívidas ou usá-lo para outros objetivos financeiros? Especialistas concordam que a resposta depende da realidade de cada pessoa, mas enfatizam que decisões bem planejadas, como investir parte desse valor, podem gerar benefícios a longo prazo.
Quitar dívidas ou investir?
É comum associar a chegada do 13º salário com quitar dívidas ou reservar para contas que ainda não chegaram. No entanto, indo na contramão do que muitos imaginam, Lucas Machado, sócio krone capital e assessor sênior alta renda da XP Investimentos, ressalta que essa resposta depende do tipo de dívida. “Dívidas de empréstimo pessoal, por exemplo, têm juros muito altos, geralmente entre 2% e 4% ao mês. Nesse caso, é melhor quitá-las antes de pensar em investir, já que o retorno de um investimento seguro dificilmente supera esses valores”, explica.
O gerente da agência Sicredi Centro de Irati, Emerson de Lara, concorda com Lucas e enfatiza que o 13º salário pode ser uma excelente oportunidade para reorganizar as finanças pessoais, priorizando o pagamento de débitos de cartão de crédito e cheque especial, devido às altas taxas de juros desses tipos de crédito. “Dívidas, principalmente relacionadas a cheque especial e cartão de crédito, a sugestão é começar pagando esse tipo de conta, pois são os mais caros que existem hoje. Aí você deixa de pagar esses altos juros que são cobrados comparado com qualquer outro tipo de crédito”, destaca.
Já no caso de alguns financiamentos, onde os juros costumam ser mais baixos, Lucas sugere uma abordagem diferente. “Financiamento de veículo ou financiamento imobiliário, por exemplo, já é menor. Compensa mais você ir pagando a parcela do financiamento e reservar uma parte do seu 13º para começar a investir. Mas se você possui dívida de empréstimo pessoal ou outras dívidas com taxas de juros altas, compensa você quitar a dívida antes e daí sim começar a investir. Então, depende do caso”, detalha.
Quando não há dívidas pendentes, ele explica que é essencial colocar o dinheiro para render. “Quando você não tem conta nenhuma para pagar, sempre alerto todos os meus clientes, já coloquem em algum investimento. Você precisa sempre estar com o dinheiro rendendo. Eu sempre falo que não adianta nada você ficar com o dinheiro parado em saldo em conta, você não está ganhando nada, você está deixando mais lucro ainda para o banco”, diz.
Começar investindo o 13º salário
Para aqueles que já possuem as finanças organizadas, o 13º salário pode ser uma excelente oportunidade para começar ou reforçar os investimentos. De acordo com o gerente da agência do Sicredi Centro de Irati, alocar o valor de forma estratégica é uma maneira eficaz de construir uma reserva financeira e criar um hábito que trará benefícios em longo prazo. “Investir todo o valor, se você já tá com o orçamento controlado, é o melhor caminho, porque o investimento, você tem uma reserva para uma necessidade futura, ou também para criar o hábito que vai gerar mais valores”, descreve Emerson de Lara.
Se o objetivo for evitar que o 13º salário perca valor ao longo do tempo, a escolha do destino do dinheiro faz toda a diferença, complementa Lucas. “É melhor estar na poupança o dinheiro do que no próprio saldo em conta, porque vai estar rendendo depois de 30 dias. Não aconselho colocar em poupança, mas é melhor você colocar em algum investimento, em uma renda fixa, em um fundo de renda fixa, do que estar com saldo em conta”, sugere.
Como começar a investir
Lucas explica que começar a investir não exige grandes quantias. “Com apenas R$10 já dá para começar a investir. Então, você consegue, sim, começar com valores pequenos”, afirma.
Ele destaca que, antes de tudo, é essencial ter um objetivo financeiro bem definido, pois isso dará direção aos investimentos. Com o objetivo claro, o próximo passo é escolher um banco ou corretora confiável. Só após essas etapas é que se pode efetivamente avançar na jornada de investimentos, sempre com o propósito em mente.
Lucas também alerta para a importância de conhecer o próprio perfil de investidor. “Tendo essa visão ampla do que você pretende ter no futuro, já está a meio caminho andado para aí sim, escolher o investimento certo e começar realmente a investir. Eu sempre alerto meus clientes: se você não entende nada de mercado financeiro, nunca investiu ou vai começar a fazer agora os investimentos, você é um perfil conservador extremo”, avalia.
Segundo ele, ao procurar uma instituição financeira para começar a investir, será necessário responder um questionário inicial que ajuda a determinar esse perfil e direciona para opções mais adequadas. “Você respondendo àquelas perguntas – se você já investiu alguma vez, se você conhece algo do mercado, se você sabe mais alguma coisa aprofundada do mercado financeiro –, já te dá um perfil de investidor para você ter uma noção por onde começar”, detalha.
Para quem tem objetivos de curto prazo, uma excelente opção, segundo Lucas, são os fundos de renda fixa. “Para objetivos de curto prazo, o investimento muito bom aqui que nós utilizamos são os fundos de renda fixa, que têm uma rentabilidade muito legal, próximo de 1% ao mês, e tem uma liquidez diária, que você pode aplicar e resgatar no mesmo dia. Não fica preso o dinheiro”, descreve.
Emerson de Lara destaca que, para quem está iniciando no mundo dos investimentos, há opções simples e acessíveis. Ele menciona a poupança, que é uma alternativa sem imposto de renda sobre os rendimentos, e também os CDBs (certificado de depósito bancário), que permitem aplicar valores baixos, a partir de R$ 50,00, tornando esses produtos ideais para quem deseja começar a investir de forma segura e gradual.
Além disso, Lucas menciona que existem investimentos de renda fixa com prazos de 4, 5 ou até 6 anos, e que quanto maior o período de investimento, maior será a taxa de rentabilidade, proporcionando um retorno mais expressivo ao longo do tempo. “E para objetivos de longo prazo, pensando em uma aposentadoria, uma previdência privada, que daí é algo para mais de 10 anos, 15 anos, existe ativos da renda fixa para 4, 5, 6 anos. Quanto maior o prazo, maior é a taxa de rentabilidade”
Investimento em cooperativas
Investir em cooperativas financeiras pode oferecer vantagens diferenciadas que vão além dos rendimentos tradicionais. O gerente do Sicredi explica que nessa modalidade, os associados têm acesso a um benefício adicional: a participação nos resultados. “Ao investir nas cooperativas, como um diferencial competitivo, é o ato cooperativo. No Sicredi, você investe seu dinheiro e, além dos 12 rendimentos que você tem no ano, tem um rendimento mensal, você tem um décimo terceiro rendimento, que é a sua participação nos resultados. Quanto mais você movimenta, seja com qualquer produto ou serviço, e principalmente com aplicações financeiras, uma parte da distribuição dos resultados é convertida na participação para os associados. O ato cooperativo prevê isso, e é muito vantajoso”, detalha Emerson de Lara.
Além dos benefícios financeiros, a instituição também oferece campanhas que incentivam os associados a investir. “Ainda no Sicredi, por exemplo, você participa de diversas campanhas. Ainda temos a campanha até o dia 9 de dezembro, onde você aplica seu dinheiro e concorre a prêmios. Agora, o grande prêmio de dezembro é o valor de R$ 1 milhão, que será sorteado para os associados e poupadores que investirem”, complementa.
Erros comuns ao começar a investir
Para aqueles que optam por investir o 13º, Lucas Machado alerta sobre os erros mais comuns. Um deles é seguir recomendações de pessoas sem conhecimento técnico ou mesmo influenciadores digitais da internet. “Começar a investir em algo arriscado ou que não conhece no mercado financeiro. Começar comprando criptomoedas, Bitcoin, ações que vê na internet algum famosinho falar etc. O maior erro é isso, se desenquadrar do seu perfil de investidor”, diz.
Ele recomenda começar com investimentos mais seguros, como renda fixa e Tesouro Direto, que oferecem menor risco, especialmente para entender como funcionam os títulos públicos e seus rendimentos. Além disso, é fundamental diversificar os investimentos. “Nunca colocar todo o seu dinheiro numa classe de ativos só, nunca colocar tudo em ações, ou tudo em renda fixa, ou tudo em tesouro”, ensina.
Conhecendo os riscos
Compreender os limites e expectativas é fundamental no mundo dos investimentos. Lucas destaca que o retorno está diretamente ligado ao risco e ao prazo. “Você precisa saber até onde você pode chegar, porque vai entrar a parte de gestão de expectativa também. Você investe e vai ter um retorno. Quanto maior o retorno que você pode ter ao mês, maior é o risco do investimento também. E quanto maior o prazo do investimento, maior é a rentabilidade. Então, tem essas duas questões”, comenta.
Para ele, o segredo do sucesso nos investimentos está em ter objetivo e planejamento. “Então, basicamente é isso. Você precisa ter um objetivo muito claro em mente, ter um planejamento também muito claro. E daí, sim, você já começa a olhar para essa questão se vale a pena ou não colocar o seu dinheiro, colocar o seu capital naquele investimento”, destaca.
Outra dica importante é buscar conhecimento. “Invista em educação financeira, livros, artigos, cursos sobre investimentos. E comece pequeno, investindo pequenas quantias. Começar um pouco com o 13º e vai aumentando gradualmente, mês a mês e diversificando os investimentos”, orienta Lucas.
Comece pequeno e cresça gradualmente
Para quem está começando a investir, a recomendação é iniciar com pequenos aportes e aumentar gradualmente. “Os tipos de investimentos, os mais básicos que uma pessoa leiga pode começar a investir, são a própria renda fixa e o Tesouro Nacional. Renda fixa basicamente você pega o seu dinheiro e empresta o seu dinheiro para o banco ou para empresas, ou até para o governo. Então, essas são as classes mais básicas de investimento hoje, que eu aconselho todo mundo que está pretendendo começar a investir no mercado financeiro. São os investimentos que têm o menor risco atualmente”, comenta Lucas Machado.
Emerson de Lara destaca a importância de criar o hábito de investir e explica que, para facilitar esse processo, o Sicredi oferece opções de aplicações programadas. Com essa modalidade, o associado pode destinar um valor inicial e configurar aportes mensais automáticos, ajudando as pessoas a desenvolverem o hábito de economizar de forma prática e constante. “Para criar o hábito, nós temos as aplicações programadas, por exemplo. Você destina uma parte do valor inicial e programa um valor mensal para aplicar automaticamente, criando um hábito nas pessoas a guardar o seu dinheiro a poupar”, conclui.
Lenon Diego Gauron