30/07/2025
Projeto da Escola do Guamirim combate fake news sobre o leite e fortalece laços entre campo e cidade
Em um cenário onde a desinformação se propaga com velocidade, uma iniciativa no Colégio Nossa Senhora de Fátima, no distrito de Guamirim, em Irati, está transformando a sala de aula em um espaço de combate às fake news e valorização do agronegócio. Liderado pela professora Idana Cristina Menon, o projeto "Do campo à mesa: o protagonismo do leite" vem sendo trabalhado desde o mês de fevereiro e concorre ao prêmio Agrinho 2025.
A ideia surgiu de um questionamento em sala de aula, conta Idana, que é professora de Língua Portuguesa e Educação Especial. "O projeto teve início após o questionamento de uma aluna que acreditava que o leite era 'puro no campo e contaminado na cidade', levantando dúvidas comuns sobre o processo de industrialização do alimento", explica a professora.
A partir dessa curiosidade, nasceu a proposta pedagógica com foco no desenvolvimento do pensamento crítico, autonomia e inclusão – pois o projeto teve a participação ativa de dois alunos da sala de recursos.
Da pesquisa à ação
Os alunos do 9º ano do Colégio Nossa Senhora de Fátima mergulharam em um percurso de aprendizado que os levou da pesquisa acadêmica a ações práticas de grande alcance. Segundo Idana, "os estudantes realizaram pesquisas, resenhas e reportagens, criaram cartazes de conscientização e participaram de palestras com uma veterinária e uma nutricionista, profissionais que trouxeram credibilidade e aprofundamento científico ao debate". A escola também estendeu a iniciativa à comunidade, oferecendo um curso de derivados do leite para mães de alunos, a merendeira da escola e demais interessados.
A imersão no universo do leite não parou por aí. Os alunos realizaram visitas técnicas à indústria de leite São Miguel e à fábrica de sorvetes Neval. Além de compreenderem o processo produtivo, as visitas tiveram um propósito social, buscar doações para a instituição beneficente Cidade da Criança.
O conhecimento adquirido foi transformado em ferramentas educativas. Os estudantes elaboraram uma cartilha educativa sobre fake news e o universo do leite, destinada a crianças em fase de alfabetização da rede municipal e a uma clínica especializada no atendimento a autistas.
No dia 05 de maio, a cartilha foi trabalhada pelos estudantes com crianças da Escola Municipal Padre Wenceslau, fortalecendo os laços entres escolas do campo e da cidade. Também fizeram uma visita à Clínica Ser Especial, para sugerir atividades à terapeuta que atende as crianças autistas.
Complementando a iniciativa, os alunos do Guamirim desenvolveram um jogo online com temática educativa, expandindo o alcance da campanha de conscientização.
Interação com o poder público
O ponto alto do projeto foi a integração dos alunos com o poder público. O trabalho culminou com a redação de uma carta aberta ao prefeito e sua apresentação na Câmara de Vereadores, também no dia 05 de maio. "Os alunos puderam compartilhar a experiência, fortalecendo o elo entre o campo e a cidade", destaca a professora Idana.
Inspirados em um texto do filósofo Mario Sergio Cortella, os estudantes encenaram uma peça e protagonizaram um momento simbólico: convidaram o prefeito para uma ação de tirar leite da vaquinha mascote, a Leitícia, criada especialmente para celebrar a conexão entre campo e cidade, reforçando de forma lúdica a importância do setor leiteiro.
O desfecho do projeto levou os alunos a participarem ainda da Feira do Produtor, oferecendo degustações de produtos lácteos produzidos por suas próprias famílias. Um movimento importante que surgiu da iniciativa foi a proposta de incluir o leite pasteurizado na merenda escolar da rede estadual, atualmente restrita ao leite em pó, buscando levar mais qualidade e saúde para os estudantes.
"A atividade gerou impacto significativo, promovendo a valorização do conhecimento científico, o protagonismo juvenil e a integração entre escola, família, campo e cidade — uma verdadeira aula de cidadania e educação transformadora", finaliza Idana Cristina Menon, orgulhosa do empenho e dos resultados alcançados por seus alunos. O projeto contou com o apoio dos colaboradores do Colégio Nossa Senhora de Fátima e da diretora Denise Santos Gomes.
Da Redação/Hoje Centro Sul