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Novembro Roxo: Mães relatam os desafios da prematuridade

“Quando chegava em casa e olhava o bercinho vazio sentia uma dor tremenda”, conta Tatiana Zorek, cuja filha ficou internada por 10 dias na UTI

29/11/2021

Novembro Roxo: Mães relatam os desafios da prematuridade

A campanha Novembro Roxo é dedicada à conscientização da prematuridade e tem como objetivo alertar as mães para que fiquem atentas quanto aos sintomas de antecipação do parto, e também, trazer esperança por meio de relatos de mães de bebês que superaram esta delicada experiência.

“O mês de novembro vem para a gente lembrar como foi a experiência de ter um bebê prematuro. Quero dizer para as mães que tenham a certeza de que os prematuros apesar de serem pequenos são muito fortes. Hoje eu sei a força que a Maria Julia tem, ela nunca foi a bebê frágil que aparentava ser com seus 45 centímetros, ela é pequena, mas tem uma vontade imensa de viver”, conta a mãe Tatiana Zorek.

Maria Julia Viante nasceu com 37 semanas – no limite da prematuridade – e ficou internada durante 10 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Irati. Segundo a mãe, o maior desafio foi receber alta antes da filha, pois todas as mães criam expectativas e esperam voltar para a casa com o bebê nos braços.

“Nos dois primeiros dias que a Maria Julia ficou na UTI eu fiquei em estado de choque e sem reação, toda vez que eu via ela na incubadora eu chorava como se tivesse acabando o mundo, meu maior desespero foi na noite que eu ganhei alta e fui para casa sem minha filha, porque a gente vai para o hospital com a ideia de que vai ter o bebê, vai ficar com ele no quarto e quando vai embora vai levar o bebê junto, o que não aconteceu comigo, pois eu tive alta e tive que deixar a Maria Julia lá por mais alguns dias, quando chegava em casa e olhava o bercinho vazio sentia uma dor tremenda”, relembra Tatiana. Hoje, Maria Julia está com quatro meses e não ficou com nenhum problema de saúde.

Voltar para casa sem o filho continua sendo a realidade de Adriele Carla Ferraz Bonfim, pois Jhuan Pablo Bonfim nasceu de 34 semanas e está internado há três meses. “Ser mãe é maravilhoso, mas ser mãe de um prematuro é mais difícil porque não é como a gente imagina que iria ser, que levaria o bebê para casa, não é assim que acontece. Não tem como aproveitar bem a maternidade ficando no hospital”, relata Adriele.

Ela conta que o parto teve que acontecer com 34 semanas porque os batimentos cardíacos de Jhuan estavam fracos, e quando o bebê nasceu teve parada cardíaca e convulsão, o que ocasionou problemas neurológicos que serão descobertos conforme seu crescimento. Há dois meses ele está no Hospital Infantil Waldemar Monastier, em Campo Largo, porque precisava de acompanhamento de um médico neurologista. Agora, Jhuan já pode retornar para Irati, mas  aguarda uma vaga no hospital do município.

Rotina no hospital

Tatiana teve Covid-19 durante a gestação, mas tudo transcorreu normalmente até as 34 semanas, quando foi internada, pois estava com seis centímetros de dilatação. Com ajuda de medicamentos e repouso absoluto conseguiu manter a gestação até as 37 semanas. As complicações vieram após o parto, pois a bebê não conseguia mamar e precisou de complemento de glicose duas vezes na noite em que nasceu. Já no dia seguinte, a recém-nascida precisou ser levada para UTI, pois estava com hipotermia e hipoglicemia, e posteriormente teve infecção no fígado.

Tatiana ficava com a filha durante o dia e a noite retornava para a casa. Ela destaca o bom atendimento dos profissionais de saúde da Santa Casa de Irati. “Os profissionais têm muito carinho, tanto com as mães quanto com os bebês, meu parto e todo o atendimento foi pelo SUS e foi um tratamento de nível particular, foi o melhor tratamento que já recebi em um hospital”, afirma. Ela também reconhece a importância dos fonoaudiólogos que ajudaram no processo de amamentação e o apoio psicológico.

Já para Adriele a mudança de rotina aconteceu em maiores proporções, como o pequeno Jhuan está em Campo Largo, ela fica hospedada na casa de apoio do hospital para acompanhar o filho durante o dia, apesar de não amamentá-lo, pois ele faz uso de sonda. “Deixei minha vida em Irati para viver aqui. Fico na casa de apoio a semana toda, faço minhas refeições no hospital e passo o dia com o meu filho. Alguns finais de semana volto para Irati, mas geralmente fico a semana toda com ele no hospital”, relata a mãe.

O encaminhamento para a casa de apoio é feito automaticamente quando as mães são de outros municípios. Como Adriele não pode trabalhar conta ajuda de seus tios.

Cor roxa

A cor roxa foi escolhida para representar o mês de novembro na conscientização da prematuridade por simbolizar a sensibilidade e individualidade, que são características dos prematuros. O roxo também significa transformação.

Uma lição de vida

Tatiana Zorek vê sua experiência como uma lição de vida, ela acredita que foi necessário passar por dias difíceis para melhorar a sua fé. “O que eu vivi me pegou muito de surpresa, mas hoje eu entendo que foi algo que eu precisava viver, pois mudou definitivamente a minha vida e de minha família, aprendemos muito sobre fé e gratidão”, disse.

Estar diante de um leito de UTI vendo a filha cheia de aparelhos fez com que ela repensasse sua vida. “A gente percebe o quanto a vida é valiosa quando temos que encarar uma UTI. Foi como um instinto ver minha filha cheia de aparelhos e o médico dizendo que os antibióticos não estavam fazendo efeito, quando você se dá conta está de joelhos rezando para que Deus ajude a sair dessa situação. Até hoje quando lembro tudo o que a gente passou me emociono”, pontuou.

Com a maternidade Tatiana busca ajudar outras mães por meio de seu Instagram @tati.zorek onde conta suas experiências em relação a prematuridade. “Eu compartilho coisas do nosso dia a dia, passo dicas que me ajudaram, como sou mãe de primeira viagem acredito algumas ideias podem ajudar outras mães”, finalizou Tatiana.  

Texto: Cibele Bilovus/Hoje Centro Sul

Fotos: Arquivo Pessoal

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