Você consegue identificar o limite entre verdade e preconceito?
Muito do que grande parte das pessoas considera verdade, nada mais é do que preconceito. Desde a infância,as construções de modelos, de padrões e de estereótipos costumamfazer parte do aprendizado, seja em casa, ou na convivência social. Questões como beleza, cor da pele, classe social, profissão, forma física, opção sexual têm como filtros esses “modelos” e carregam consigo conceitos velados de “bom ou ruim”, ou seja, preconceitos.
O sociólogo e professor na Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná (Unicentro), Marco Paccola explica: “Constrói-se um imaginário dos indivíduos que serve como uma espécie de modelo padrão, no qual todos são identificados”.
E a questão é complexa. “Os padrões contribuem para a formação de preconceitos, mas os padrões também são estabelecidos a partir de preconceitos. Por exemplo, se analisarmos os padrões de beleza na nossa sociedade, veremos que eles não refletem as características físicas da maioria da população, eles são identificados com uma parcela minoritária e são formados a partir de preconceitos”, destaca o sociólogo.
Mesmo não refletindo as características físicas da maioria, esse padrão é assimilado como correto e estar fora dele é tido como algo ruim. Marco Paccola comenta queo efeito disso é a naturalização do preconceito, ou seja, onde as pessoas estabelecem um“modelo correto”, que deve ser seguido. “Por isso o Brasil é um dos países onde mais se vendem chapinhas para alisar o cabelo. O mesmo acontece com outras padronizações e preconceitos. É um efeito cíclico”, frisa.
Além de naturalizados, os preconceitos são reforçados por meio das relações sociais e da mídia. “Somos “bombardeados” por esses padrões, por meio da mídia, ou da influência de outras pessoas diariamente, passamos a reproduzi-los e a buscá-los. Quando reproduzimos a frase ‘eu tenho cabelo ruim’ estamos contribuindo para consolidar um padrão que se baseia no bom e no ruim, no certo e no errado e obviamente, ninguém quer ser visto com o ruim, o errado”, comenta.
Neste contexto, o sociólogo explica que ocorre uma submissão passiva das vítimas do preconceito, que aceitam sua condição diante das demais pessoas, por entenderem que o preconceito sobre elas “é verdadeiro”.
Combate ao problema
Muitas pessoas não identificam suas ações como preconceituosas, pois são parte da sua visão de mundo, daquilo que entendem por verdade. “O preconceito persiste por vários motivos. Em primeiro lugar é preciso entender que, o preconceito caracteriza-se justamente pelo seu não reconhecimento enquanto tal; essas pré-noções e pré-julgamentos

