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Valores ensinados por Jesus dão sentido ao Natal, explicam líderes religiosos

Diferentes religiões cristãs partilham dos mesmos princípios ao celebrarem o Natal.

23/12/2021

Valores ensinados por Jesus dão sentido ao Natal, explicam líderes religiosos

O Natal é celebrado por todas as religiões cristãs, pois apesar de existirem muitas diferenças entre elas, todas creem em Jesus Cristo. “A vinda de Jesus mudou a humanidade, fez uma religação do homem com Deus, foi uma divisão na história do mundo, em antes e depois do nascimento de Cristo”, afirma o pastor da Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Irati, Isaías Belini de Castro.

Neste sentido, Jeferson Schmidt, pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) de Irati, destaca que Jesus foi um dos maiores líderes do mundo, cujos ensinamentos permanecem até hoje. Por isso, os religiosos enfatizam a importância de celebrar o Natal. “Vejo algumas pessoas celebrando o Natal sem saber o real sentido dele e sem se dar conta do quanto o nascimento de Jesus é importante para nós. Natal é o aniversário de Jesus, mas muitas pessoas celebram essa festa sem convidar o aniversariante”, ressalta Jeferson.

Festas e enfeites fazem parte da tradição natalina, mas, de acordo com o padre Rodrigo Ribas, da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Irati, o principal é que o interior das pessoas esteja preparado para viver bons sentimentos. “Tenho buscado nesse tempo de preparação para o Natal, despertar os fiéis para a preparação do coração. Enfeitamos nossas casas com luzes, guirlandas e árvore natalina, mas tudo isso deve ser a expressão externa do nosso coração. O coração deve estar preparado para viver o Natal e isso acontece com a busca dos valores cristãos para essa época, como o perdão, a alegria e o amor”, afirma o padre Rodrigo.

Depois de quase dois anos de duração da pandemia de Covid-19 – que vem afetando as pessoas na saúde, na economia e no emocional – a solidariedade e o amor ao próximo se fazem ainda mais necessários, segundo Dom Meron Mazur, bispo Eparca da Eparquia Imaculada Conceição de Prudentópolis.  Ele explica que no Natal deste ano é preciso ter mais atenção e sensibilidade com as pessoas.

 “Neste Natal, em tempo de pandemia, somos chamados a levar conforto para as pessoas que perderam seus entes queridos, levar consolo àquelas crianças que ficaram sem pais, comida para àqueles que estão passando fome, força e coragem para os doentes e sofredores. Neste Natal, vamos espalhar sorrisos, faça uma criança pobre sorrir. Vamos perdoar e pedir perdão. Jesus faz dos nossos corações o seu presépio, vamos acolhê-lo e deixar Ele nos iluminar, seguir o caminho que Ele nos indica”, frisou o bispo.

O padre Gregório Filakoski, que atende a Paróquia Ortodoxa Ucraniana São Pedro e São Paulo de Gonçalves Júnior, destaca que é uma alegria esperar a chegada do nascimento de Cristo e sentir que a comunidade forma uma família. “É um período muito esperado, é o nascimento do nosso Salvador, esperamos com muita alegria a chegada desse festejo, vemos o brilho nos olhos das pessoas. Mesmo tendo constituído minha família, com minha esposa e meu filho, sempre digo que a nossa família é a comunidade”, pontuou padre Gregório. A igreja Ortodoxa permite o casamento dos padres.

Para o pastor Isaias Belini de Castro a pureza do Natal deveria permanecer o ano todo. “As características do Natal deveriam estar presentes sempre em nossos corações. Gostaria que as pessoas sentissem a leveza do Natal o ano todo, sentissem mais o amor a Deus, e amassem mais ao próximo como a si mesmas”, refletiu.

Celebrações

Em relação à preparação para o Natal, a Igreja Católica e a IECLB – que pertencem ao Rito Ocidental – compartilham algumas semelhanças. Os quatro domingos antes do Natal compõem o Tempo de Advento, que consiste na preparação para o nascimento de Jesus. São realizadas celebrações especiais voltadas para a espera do Natal nestas duas religiões e cultos e missas na noite e no dia do Natal. “A palavra ‘advento’ quer dizer que algo está para chegar, que é o menino Jesus, que se torna humano assim como nós. Nesse tempo de advento chamamos a atenção para que as pessoas parem e reflitam sobre o Natal”, explicou o pastor da Igreja Luterana, Jeferson Schmidt.

Já as igrejas do Rito Oriental celebram o Advento durante 40 dias, fazem jejuns, orações e conversões, da mesma forma que é feito na Páscoa. No dia do Natal fazem a Divina Liturgia, visitam as casas da comunidade anunciando a boa nova, além de entoarem diversas canções natalinas.

Cabe destacar que há Igrejas Católicas do Rito Oriental, por exemplo, a Igreja São Josafat de Prudentópolis; e Igrejas Ortodoxas do Rito Oriental, por exemplo, a Igreja Ortodoxa Ucraniana São Pedro e São Paulo de Gonçalves Júnior – esta não concorda nem segue a autoridade do Papa. Estas igrejas, apesar de serem formadas por povos de origem ucraniana, são bem distintas. 

 As Igrejas Evangélicas não definem datas de celebrações fixas, mas, no período de Natal fazem pregações voltadas ao nascimento de Jesus, cantatas de Natal e peças teatrais.

Famílias reunidas para partilhar o alimento

A culinária natalina é muito importante para os descendentes de ucranianos, tanto para os católicos quanto para os ortodoxos. Na Ceia de Natal Ucraniana tradicional, o costume é reunir  a família para partilhar 12 pratos diferentes. O principal é chamado de “Kutiá” e a partilha dos alimentos inicia quando surge a primeira estrela no céu. “O prato principal é o ‘Kutiá’ que é composto de trigo, papoula, mel e nozes. O trigo simboliza a fonte da vida, o mel a doçura, a papoula a alegria e as nozes a inteligência”, contou o padre Gregório Filakoski.

Dom Meron Mazur explica que os 12 pratos simbolizam os doze meses do ano, para cada mês uma comida especial. Também em honra aos 12 apóstolos.

Para as igrejas Católicas, Evangélicas e IECLB a Ceia de Natal é feita tradicionalmente com a família reunida, partilhando alimentos tidos como especiais para o período natalino, como o   peru e o panetone.

Data real do nascimento de Cristo é incerta

O dia 25 de dezembro foi instituído simbolicamente como a data do nascimento de Jesus pela Igreja Católica, no século IV, apesar de não existir nenhuma comprovação histórica de que Jesus nasceu neste dia. A Bíblia narra alguns acontecimentos relacionados ao nascimento de Cristo, mas não menciona a data em que ele aconteceu.

“Biblicamente, se a gente olhar não tem uma data que leve para o dia 25 de dezembro sendo o dia do nascimento de Jesus, porém, eu entendo que é importante ter no calendário uma data definida para comemorar. Na minha visão Jesus nasce todo o dia em nós, mas o período de Natal é muito importante porque leva as pessoas a meditarem”, argumentou pastor Isaias Belini de Castro.

Das religiões cristãs somente a Igreja Ortodoxa celebra o Natal no dia 07 de janeiro, porque segue religiosamente o calendário Juliano, instituído por Júlio Cesar no ano 46 a.C. “Precisamos nos adaptar para o calendário gregoriano em função das atividades enquanto cidadãos, mas religiosamente seguimos essas datas, o Natal é 07 de janeiro e Ano Novo que é a festa de São Basílio no dia 14 de janeiro”, contou padre Gregório Filakoski.

Texto: Cibele Bilovus/Hoje Centro Sul

Fotos: Divulgação

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