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Surto de COVID-19 entre os funcionários obriga Santa Casa a fechar a UTI geral

Todos os leitos de UTI geral permanecerão interditados até o início de setembro para que os funcionários cumpram a quarentena e para que seja feita a desinfecção total da ala. Os quatro leitos de UTI exclusivos para COVID-19 continuam sendo utilizados

24/08/2020

Surto de COVID-19 entre os funcionários obriga Santa Casa a fechar a UTI geral

Na segunda-feira (17), a Santa Casa de Irati comunicou a população que fecharia 5 dos 11 leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital devido a um surto de COVID-19 entre os funcionários. Entretanto já na noite de terça-feira (18), o hospital anunciou o fechamento de todos os 11 leitos temporariamente.

“Até o dia 02, 03 de setembro deve estar interditado. Nós vamos aguardar o retorno dos funcionários que melhoraram do quadro, que passaram pela quarentena”, afirma o provedor da Santa Casa de Irati, Ladislao Obrzut Neto.

Ele conta que todos os 22 funcionários da UTI geral estão afastados, além de dois médicos. Destes, 13 já testaram positivo para o novo coronavírus e os demais estão em isolamento domiciliar, esperando o resultado dos exames.

Nas próximas semanas, permanecem em funcionamento apenas os quatro leitos de UTI da ala exclusiva para pacientes de COVID-19, atendida por profissionais que não se contaminaram. Segundo Ladislao, a infecção atingiu apenas profissionais da UTI geral. “O pessoal [funcionários] que está nas enfermarias de COVID e na UTI [COVID], esse pessoal não se contaminou, estão se protegendo com EPIs. O pessoal que estava na UTI geral, que não estava preparado, não estava pensando neste tipo de proteção, por alguma razão se contaminou”, afirmou o provedor em entrevista à rádio Najuá.

Inclusive, segundo o administrador da Santa Casa, Sidnei Barankievicz, o técnico de enfermagem Jairo Rafael Trindade, que faleceu no último dia 13 devido à doença, foi contaminado pelo novo coronavírus em atendimento a uma paciente na enfermaria clínica, onde ele trabalhava. “Jairo teve contato, cuidou de uma paciente assintomática, que não se internou pelo COVID, internou para tratamento neurológico, e neste intervalo descobriu-se que ela estava com COVID, então ele se contaminou. Teve mais uma funcionária que também se contaminou, mas os sintomas dela foram leves, ela está em casa terminando já o isolamento”, afirma Barankievicz.

Independentemente da ala de trabalho dos profissionais contaminados, as causas da infecção no hospital estão sendo investigadas pela Secretaria de Estado da Saúde. “Pode ser classificado como surto o que aconteceu dentro da Santa Casa e está acontecendo uma investigação aprofundada sobre ele”, afirmou o chefe da 4ª Regional de Saúde de Irati, Walter Trevisan. Ele conta houve uma reunião online envolvendo equipes da vigilância epidemiológica, da vigilância sanitária, a presidente da Comissão de Controle em Infecção Hospitalar e integrantes da Santa Casa sobre o problema.

Segundo Ladislao, nesta reunião foi discutido o que precisava ser feito. “Coisas simples, como passar álcool no corrimão, por álcool em gel disponível na entrada das portas e não haver aglomeração de funcionários, se cuidar melhor. Então são coisas pontuais, pequenas, que já estavam sendo efetivadas, mas que eles solicitaram que fosse dado mais ênfase”, relatou o provedor.

Questionado se houve falha da equipe em cumprir protocolos de segurança, ele nega. “Não existe uma falha, o que existe é que nós não estamos acostumados a lidar com uma pandemia, com um vírus tão forte, tão violento. Então se é uma coisa que nós não estamos acostumados nós vamos ter que ter treinamento, nós já estávamos fazendo treinamento, mais mesmo assim”, afirmou Ladislao.

Já o chefe da 4ª Regional fala que algo pode ter saído do controle para o início do surto.  “A Santa Casa sempre teve um bom trabalho, mas isso às vezes é uma falha no processo, alguma coisa que pode ter saído do controle. O que a gente vê são profissionais de várias áreas e, às vezes, até mesmo na área de saúde,  ‘aquele que  está achando que é só com uma gripinha’, ‘que não estou com nada’. Acham que é uma coisa simples e no fim está com COVID. Como é um vírus que pode ter sintomas leves, a pessoa está vendo que ela é importante para aquela equipe, naquela hora, e não quer deixar a equipe na mão, então ela continua trabalhando. E quando vê, vai piorando o quadro dela e ela estava já com os sintomas e transmitindo para o restante dos colegas”, argumenta Trevisan.

Desinfecção

Após a constatação do surto, o afastamento temporário dos funcionários e a interdição de todos os leitos de UTI geral temporariamente, as outras medidas a serem adotada pela Santa Casa serão intensificar o treinamento da equipe e fazer a desinfecção total da ala de UTI geral. “É uma empresa que vai fazer esse trabalho, fazer a limpeza de desinfecção total com os produtos contra o coronavírus, vai mexer em ar condicionado, em toda a área, parede, chão, armários, materiais, tudo”, explica Ladislao.

Impacto

O fechamento dos 11 leitos de UTI da Santa Casa de Irati provoca impacto em todo o sistema de saúde paranaense, segundo o chefe da 4ª Regional de Saúde. Entretanto ele destaca que os moradores de Irati e região que precisarem de atendimento em unidades de terapia intensiva serão encaminhados a hospitais de outros municípios.

“Para o sistema todo é ruim, hoje todo o leito de UTI está sendo buscado para amenizar as situações de outros problemas de saúde, então isso dá uma sobrecarga no sistema, mas nós temos à disposição dentro da rede de urgência e emergência do estado todo mais de 200 leitos de UTI disponíveis hoje, no momento, estamos sempre contando com essa logística que existe dentro da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, que é uma logística bem montada”, afirma Trevisan.

Mesmo assim, o chefe da 4ª Regional de Saúde fala que é “preocupante” o fechamento dos leitos da UTI geral e que “felizmente os leitos de UTI COVID estão ainda funcionando”. Ele ainda cita a expectativa da Secretaria de Estado da Saúde.  “O que a gente espera é que a Santa Casa consiga fazer todo o trabalho de levantamento na questão do surto, consiga achar os questionamentos necessários para tomar medidas de adequação, e já sabemos que estão sendo tomadas várias medidas lá dentro e a gente espera sucesso nisso daí. E principalmente achar um equilíbrio emocional dentro da equipe, que é muito importante, porque abalou muito a morte desse rapaz. Então nós precisamos dar sustentação emocional para toda a equipe da Santa Casa neste momento”, finaliza Trevisan, acrescentando que torce para que todos fiquem bem.

Texto: Letícia Torres/Hoje Centro Sul

Foto: Daniela de Mello/Hoje Centro Sul

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