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Sobram vagas de trabalho em alguns setores da indústria e na construção civil na região

Empresários contam que está cada vez mais difícil encontrar trabalhadores comprometidos, que queiram fazer carreira como pedreiros, borracheiros ou em outros serviços considerados “pesados”.

19/10/2021

Sobram vagas de trabalho em alguns setores da indústria e na construção civil na região

A economia brasileira vem se recuperando da crise ocasionada pela pandemia e gerou 2,2 milhões de novas vagas com carteira assinada entre janeiro e agosto, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Os dados são dos Indicadores Mensais do Mercado de Trabalho, organizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgados no último dia 05 de outubro. Eles também apontam que a maioria dos postos requer trabalhadores que tenham o ensino médio completo e que os setores que mais geraram empregos entre agosto de 2020 e agosto de 2021 foram o comércio (807,3 mil), seguido pela indústria de transformação (637,6 mil), pelos serviços administrativos (401 mil) e pela construção civil (289 mil). Em Irati, o aumento da oferta de vagas segue tendência similar, entretanto encontrar profissionais comprometidos tem se tornado um desafio cada vez maior para indústrias e empresas da área de construção.

Maicon Gabriel Giongo, sócio proprietário da Recapadora Fábrica dos Pneus, conta que enfrenta dificuldades em relação à mão de obra para borracharia, raspagem e produção de recapagem de pneus. “Há dois anos estamos tentando fechar uma equipe e sempre estamos trocando de funcionários – é um serviço pesado, em que acaba se sujando bastante, passa do horário na produção, mas a remuneração é boa. É complicado, porque tem vaga, mas o pessoal não tem interesse”, relata o empresário.

A Construtora Inácio passa por situação semelhante, também sobram oportunidades de trabalho para os postos de pedreiro, servente e carpinteiro e faltam pessoas que queiram fazer carreira nesse ramo. Gedielson Inácio, proprietário da empresa, acredita que isto tem ocorrido porque os jovens cada vez mais buscam trabalhos que requeiram menor esforço físico. “Eu acredito que hoje o público jovem está procurando empregos onde usam mais a tecnologia e menos o serviço braçal, onde possam trabalhar mais atrás de uma tela do que ter que suar, trabalhar no sol”, opina o empresário.

No Brasil, os jovens entre 14 e 29 anos correspondem a apenas 25,7% da população ocupada, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  De acordo com os dados, há uma tendência de baixa absorção de jovens no mercado de trabalho brasileiro, o que pode implicar em índices elevados de desocupação para esse segmento populacional, ingresso na informalidade e ausência de perspectivas futuras e estáveis no mundo laboral.

A tendência da escolha por postos de trabalho mais tecnológicos citada por Gedielson, aliada à falta de experiência e à capacitação insuficiente para as demandas do mercado de trabalho podem ser algumas das explicações para dificuldade de sincronia entre empregos e trabalhadores entre jovens. Em 2020, por exemplo, ano em que os efeitos da pandemia atingiram com mais intensidade a economia, o percentual  de jovens entre 15 e 29 anos que não estudavam, nem trabalhavam – conhecidos como “nem-nem” – subiu de 23,7% para 29,33% deste público, segundo o IBGE. 

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, FGV Social, indica que este aumento dos “nem-nem” foi impulsionado pela elevação do desemprego nesta faixa etária, que passou de 49,37% para 56,34% durante a pandemia.

Apesar desse índice elevado de desemprego entre os mais jovens, os  proprietários da Fábrica de Pneus e da Construtora frisam que muitos deles preferem não encarar os serviços pesados. O que também se verifica entre trabalhadores de outras faixas etárias. “Acredito que tem várias pessoas desempregadas porque realmente querem, escolhem o serviço em que desejam trabalhar. Já vivenciei muitas pessoas que procuram emprego, a gente contrata, mas a pessoa não permanece no emprego por ser um serviço mais pesado, por ser serviço às vezes mais sujo, muitas vezes não é pelo salário, e sim por querer procurar um emprego onde a força física seja menos atuante”, ressalta Gedielson.

Maicon acredita que, nos últimos meses, algumas pessoas podem ter ficado mais acomodadas devido ao Auxílio Emergencial concedido pelo Governo Federal. “Do meu ponto de vista, depois que teve a ajuda, com o auxílio, muitas pessoas preferem ficar só recebendo o auxílio a procurar emprego, a questão da mão de obra está ficando cada vez mais difícil”, diz o empresário.

Na Agência do Trabalhador de Irati, o número de vagas oferecidas diariamente pelas empresas tem sido grande. “Prova disso é o boletim de vagas que há alguns meses vem se mantendo com no mínimo duas páginas, chegando até a três ou quatro páginas, dependendo do dia”, conta o gerente da Agência, Marcelo de Ávila Francos.

Segundo ele, as oportunidades para serviços braçais, que exigem menor nível de escolaridade e menor qualificação técnica, são preenchidas com facilidade. Ele cita os tipos de vagas mais frequentes. “Geralmente são vagas para carga e descarga, construção civil, existe uma demanda disponível no mercado que faz com que essas vagas sejam preenchidas rapidamente”, relata o gerente da Agência do Trabalhador de Irati.

Entretanto, a mobilidade dos trabalhadores em vagas deste tipo é grande – na indústria, na construção civil ou na prestação de serviços –, o que gera alta rotatividade e afeta a  performance das rotinas de atuação de várias empresas.    

“De nove meses para cá que está cada dia mais difícil encontrar [trabalhadores]. Quando necessito de funcionários para serviços braçais ou mais especializados sempre anúncio nos meios de comunicação, rádio e Agência do Trabalhador. As vagas são preenchidas, mas o pessoal não permanece”, afirma  o proprietário da Construtora Inácio.

Falta de experiência ou de qualificação

Na Agência do Trabalhador de Irati, as vagas mais difíceis de serem ocupadas são as que requerem conhecimento técnico e exigem experiência na área. “Muitas vezes os trabalhadores têm a capacitação técnica, porém ainda não tiveram a oportunidade de ter a experiência no mercado de trabalho, isso acontece tanto para vagas com ensino técnico, quanto superior”, pontuou Marcelo de Ávila Francos.

Além da falta de experiência, a qualificação insuficiente também é um problema para o preenchimento de algumas vagas, explica o proprietário da Fábrica de Pneus. “Porque tem que ser pessoas que queiram trabalhar e também sejam capacitadas para isso. Os técnicos de recapagem e os profissionais que trabalham na produção lá dentro da fábrica vieram de outras cidades como Guarapuava e Curitiba”, conta Maicon.

Segundo ele, este tipo de dificuldade para contratação de profissionais técnicos sempre existiu, desde a época em que seu falecido pai – Venor Giongo, conhecido como Gaúcho – estava à frente da empresa. “Meu pai veio de Guarapuava e montou em Irati uma borracharia no ano de 1992, depois de uns anos ele montou a recapadora e teve vezes que precisou trazer gente de fora para trabalhar aqui, tanto que um borracheiro que ficou bastante tempo com a gente era de Rebouças”, relembra o proprietário da Recapadora Fábrica dos Pneus.

Emprego em alta no Paraná

A geração de empregos continua em alta no Paraná, confirmando a tendência da retomada da economia estadual. Com a criação de 21.973 postos de trabalho formais, o Estado teve o melhor saldo em agosto na região Sul e o quarto melhor resultado do país no último mês. O Paraná também ultrapassou a marca de 150 mil vagas no acumulado do ano, com um saldo de 153.696 empregos com carteira assinada em 2021, segundo o (Caged).

Dos 399 municípios paranaenses, 308 tiveram números positivos na geração de empregos em agosto, 77% do total. Em nove o número de contratações foi o mesmo que de demissões e, nos outros 82, o saldo foi negativo. No acumulado do ano, o resultado nos municípios é ainda melhor: 93% deles (372) abriram mais vagas do que fecharam.

Pedidos de seguro-desemprego no país

Nos nove primeiros meses do ano foram processados aproximadamente 5,1 milhões pedidos de seguro-desemprego. Neste período, 40% dos pedidos foram feitos por trabalhadores alocados no setor de serviços, enquanto 28% estavam empregados no comércio, sendo que 86% dos requerimentos de seguro-desemprego foram feitos por empregados com mais de um ano de contrato. 

Mais da metade dos pedidos, aproximadamente 54%, eram relativos a contratos com remuneração de até 1,5 salários mínimos.

O número total de requerimentos nestes nove primeiros meses de 2021 foi 7,3% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado (5,5 milhões), momento em que o mercado de trabalho sofria duramente os efeitos da pandemia sobre a atividade econômica.  

Agência do Trabalhador

As empresas que precisam contratar funcionários podem procurar a Agência do Trabalhador de seu município para divulgar vagas. E as pessoas que estão desempregadas podem conferir as vagas disponíveis que são divulgadas diariamente.

Em Irati, o endereço da Agência do Trabalhador é Rua Dr. José Augusto da Silva, 900. O horário de atendimento é das 8h às 12h e das 13h às 17h, de segunda a sexta-feira. Os telefones são 3423-1783 e 2104-0080. E o e-mail é agirati@sejuf.pr.gov.br

Texto: Letícia Torres e Cibele Bilovus

Fotos: Arquivo Pessoal

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