Sobram vagas de trabalho em alguns setores da indústria e na construção civil na região

Por Redação 3 min de leitura

Empresários contam que está cada vez mais difícil encontrar trabalhadores comprometidos, que queiram fazer carreira como pedreiros, borracheiros ou em outros serviços considerados “pesados”.

A economia brasileira vem se recuperando da crise ocasionada pela pandemia e gerou 2,2 milhões de novas vagas com carteira assinada entre janeiro e agosto, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Os dados são dos Indicadores Mensais do Mercado de Trabalho, organizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgados no último dia 05 de outubro. Eles também apontam que a maioria dos postos requer trabalhadores que tenham o ensino médio completo e que os setores que mais geraram empregos entre agosto de 2020 e agosto de 2021 foram o comércio (807,3 mil), seguido pela indústria de transformação (637,6 mil), pelos serviços administrativos (401 mil) e pela construção civil (289 mil). Em Irati, o aumento da oferta de vagas segue tendência similar, entretanto encontrar profissionais comprometidos tem se tornado um desafio cada vez maior para indústrias e empresas da área de construção.

Maicon Gabriel Giongo, sócio proprietário da Recapadora Fábrica dos Pneus, conta que enfrenta dificuldades em relação à mão de obra para borracharia, raspagem e produção de recapagem de pneus. “Há dois anos estamos tentando fechar uma equipe e sempre estamos trocando de funcionários – é um serviço pesado, em que acaba se sujando bastante, passa do horário na produção, mas a remuneração é boa. É complicado, porque tem vaga, mas o pessoal não tem interesse”, relata o empresário.

A Construtora Inácio passa por situação semelhante, também sobram oportunidades de trabalho para os postos de pedreiro, servente e carpinteiro e faltam pessoas que queiram fazer carreira nesse ramo. Gedielson Inácio, proprietário da empresa, acredita que isto tem ocorrido porque os jovens cada vez mais buscam trabalhos que requeiram menor esforço físico. “Eu acredito que hoje o público jovem está procurando empregos onde usam mais a tecnologia e menos o serviço braçal, onde possam trabalhar mais atrás de uma tela do que ter que suar, trabalhar no sol”, opina o empresário.

No Brasil, os jovens entre 14 e 29 anos correspondem a apenas 25,7% da população ocupada, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  De acordo com os dados, há uma tendência de baixa absorção de jovens no mercado de trabalho brasileiro, o que pode implicar em índices elevados de desocupação para esse segmento populacional, ingresso na informalidade e ausência de perspectivas futuras e estáveis no mundo laboral.

A tendência da escolha por postos de trabalho mais tecnológicos citada por Gedielson, aliada à falta de experiência e à capacitação insuficiente para as demandas do mercado de trabalho podem ser algumas das explicações para dificuldade de sincronia entre empregos e trabalhadores entre jovens. Em 2020, por exemplo, ano em que os efeitos da pandemia atingiram com mais intensidade a economia, o percentual  de jovens entre 15 e 29 anos que não estudavam, nem trabalhavam – conhecidos como “nem-nem” – subiu de 23,7% para 29,33% deste público, segundo o IBGE. 

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, FGV Social, indica que este aumento dos “nem-nem” foi impulsionado pela elevação do desemprego nesta faixa etária, que passou de 49,37% para 56,34% dur