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Relato de assaltos perto de escolas preocupa pais

16/10/2019

Relato de assaltos perto de escolas preocupa pais

Há alguns meses, a adolescente B. F., de 15 anos, ia para escola com uma amiga. As duas seguiam por uma rua não asfaltada, próxima à escola. “A gente estava normal, conversando, e ela estava com o celular no bolso do moletom. Um cara estava vindo e passou por nós. Eu achei um pouco estranho, mas não dei bola. Aí ele chegou do nada por trás da minha amiga e tentou pegar o celular”, conta.

A menina reagiu e começou a lutar com o assaltante. “Acabou que caíram no chão. Na hora eu fiquei meio paralisada, não consegui fazer nada. Quando eu consegui reagir, eu comecei a gritar por socorro. Quando eu comecei a gritar, ele fugiu. Saiu correndo”, relata.

Quando chegaram ao Colégio Estadual Antônio Xavier da Silveira contaram para a coordenação pedagógica o ocorrido e descobriram que pouco antes o assaltante já tinha feito uma tentativa com alguns meninos, próximo à escola. Durante a tentativa de assalto, os meninos viram que ele estava com uma faca e fugiram do assaltante.

Episódios parecidos como esse têm ocorrido em outras escolas – estaduais, municipais e particulares –, e assustado pais de alunos em Irati. Eles estão preocupados com a segurança perto de escolas. Um documento divulgado pelo Observatório Social em Irati, em agosto, mostrou que um dos pedidos através da Ouvidoria da Prefeitura no mês de julho era de pais que solicitavam uma pessoa cuidando na entrada e saída de alunos na Escola Municipal João Batista Anciutti, localizada no bairro Riozinho.

Segundo as autoridades de segurança de Irati, patrulhamentos têm sido feitos nos arredores das escolas, trabalhos de prevenção estão ajudando na segurança pública e essas ações têm atendido a demanda das escolas. Mas admitem que mais viaturas e efetivo ajudariam a melhorar a segurança.

Patrulhamento

Em Irati, vários órgãos realizam patrulhamentos perto de escolas. Um deles é a Guarda Municipal, que conta com uma viatura especial com horário diferenciado das demais para atender a entrada e saída de escolas municipais. As viaturas também contam com uma programação nas escolas.

“Cada dia você atende em uma escola. Lógico naquelas que têm mais problemas ou mais movimento, que são mais críticas, eu diria, nós temos um atendimento um pouco mais frequente que nas demais, mas de maneira geral, passamos em todas as escolas do município, com respeito ao programa”, explica o comandante da Guarda Municipal de Irati, Averaldo Lejambre.

Segundo o comandante é mantida uma rotatividade. “Lógico que não vamos estar todos os dias na frente da mesma escola porque é impossível. Focamos nas entradas e saídas da aula, que são os horários mais críticos, tanto em relação ao trânsito, à segurança dos alunos, às vezes pessoas mal intencionadas que vão para frente dos colégios tentar fornecer droga, cometer algum tipo de abuso com os estudantes”, conta.

A Polícia Militar também realiza o patrulhamento próximo às escolas, especialmente as estaduais. A 8ª Companhia Independente da Polícia Militar realiza o patrulhamento normal dos dez municípios da região e também atua em conjunto com o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária. “A essência é a mesma: a prevenção e o policiamento ostensivo preventivo fardado para manutenção da ordem pública. O que temos aqui é um aporte maior junto com o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária. Eles têm a questão direcionada às escolas, mas serve de apoio”, conta o comandante da 8ª Companhia Independente de Irati, major Joas Marcos Carneiro Lins.

O 1º sargento do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária, Ezequias Camargo dos Santos, explica que o patrulhamento em torno das escolas segue o horário de entrada e saída. “Mais nas entradas de manhã e, principalmente, na hora do almoço, meio-dia e à tarde. É muita incidência de pessoas que muitas vezes não têm nada a ver com o trabalho das escolas, aí tem que abordar”, detalha.

Ele destaca que se acontece alguma ocorrência de segurança quando a Patrulha Escolar não está é a direção que comunica o patrulhamento, que vai até o local. A dificuldade é se o adolescente demora a comunicar. “O problema é que muitas vezes esse aluno ele leva algum tempo, quando é furtado o celular dele, até ele chegar ao ambiente escolar para pedir socorro. É direcionada uma viatura imediatamente e feito a patrulha normalmente no entorno do colégio, nos locais de assalto que a gente consegue recuperar”, relata.

Além disso, a Patrulha Escolar não atua apenas em Irati, mas faz patrulhamento em todos os municípios pertencentes à 8ª CIPM. Para o comandante da 8ª CIPM, a polícia consegue atualmente atender a demanda dos colégios, mas reconhece que o aumento de efetivo e viaturas pode melhorar a prestação do serviço. “Eu sempre falo que quanto mais, melhor. Então quanto mais policiais, mais viaturas, melhor o policiamento, melhor a prevenção. O aporte que temos hoje atende a demanda, porém quando se recebe mais equipamentos, mais viaturas e mais pessoal humano, nós conseguimos aumentar a sensação de segurança, que é na verdade, o produto que oferecemos para a sociedade”, disse.

O comandante disse que disponibilizar uma viatura em cada escola é uma utopia, mas que o Estado tem trabalhado para aumentar a segurança. “Isso é utopia. Sabemos que o Estado do Paraná tem trabalhado muito na questão de segurança, inclusive investido na contratação de recursos humanos, mas a demanda é grande, e nós fazemos [ações] pontuais junto com o Batalhão da Patrulha Escolar, nas entradas e saídas. Nós contamos também com o apoio dos professores, dos diretores que tem que informar alterações que acontecem”, relata.

O comandante do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária do Paraná (BPEC), tenente-coronel Mario Jorge Alves Lopes, também destaca que um policial em cada escola traria mais segurança, mas disse que isso é difícil. “O ideal seria que conseguíssemos ter um policial em frente de cada escola, mas como têm sido feitas as operações e esse trabalho de prevenção, buscando concentrar o policiamento naquelas escolas com situações mais críticas, e esse trabalho de prevenção atuando, nós temos tendo resultado positivo e estamos dando conta do recado nesta questão de segurança escolar”, disse.

Prevenção

Apesar de haver patrulhamento nas escolas, é através da prevenção que os órgãos têm atuado. A Guarda Municipal de Irati realiza palestras e trabalhos junto às crianças das escolas municipais para tentar prevenir sobre os mais diversos assuntos. “Nós temos um projeto que já está há quatro para cinco anos em andamento. Todo ano é feito um trabalho de palestra voltado à segurança, para questões de trânsito, de uso de entorpecentes”, conta o comandante da Guarda Municipal.

Com a Patrulha Escolar, o trabalho também é focado na prevenção. Mais de 90% das atividades estão voltadas à conscientização de temas relacionados à segurança, como prevenção de assaltos, violência dentro das escolas e também uso de drogas. “São pequenas palestras de 10 a 15 minutos, com uma sala direcionada, com o tema bem direcionado, aquilo que está acontecendo no interior da sala, também temos palestras sobre bullying, drogas, segurança para os alunos e tem também outra ala, que é o Proerd [Programa Educacional de Resistência às Drogas], temos em Irati um instrutor capacitado para ministrar o Proerd para o 5º ano”, relata o 1º sargento. Segundo o comandante da 8ª CIPM, mais um policial será cedido à Patrulha Escolar para ajudar com o Proerd.

De acordo com o tenente-coronel Mario Jorge, além de palestras, a Patrulha Escolar ainda visita as escolas para observar questões de segurança, como se os portões são fechados, se há cadeado, e se há uma pessoa observando atividades internas na escola. “Nós temos resultados altamente positivo desse trabalho de prevenção”, disse.

A prevenção é vista como o melhor caminho para o 1º sargento do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária. “A outra polícia só vai agir quando o delito aconteceu. Nós tentamos chegar antes para não deixar o delito acontecer e para preservar a vida desse adolescente”, disse.

Para o comandante da 8ª CIPM, a prevenção também é o melhor caminho. “Políticas públicas de prevenção são mais seguras e com menos custo do que políticas de repressão. A repressão dá ibope, a imprensa gosta de mostrar. Mas a prevenção é que leva mais tempo e que tem maior resultado, começa na escola e dentro da família”, disse.

Patrulha Escolar recebe viatura

Na manhã de quinta-feira (10) foi realizada a entrega de mais uma viatura para a Patrulha Escolar. O veículo foi adquirido por meio de emenda parlamentar do deputado Hussein Bakri.

A entrega foi realizada no Colégio Duque de Caxias e contou com o comandante-geral da Polícia Militar (PM) do Paraná, o coronel Péricles de Matos, que é iratiense e ex-aluno do colégio. “Nós temos um cuidado muito grande com nossos estudantes. Nós queremos que o ambiente escolar, que o respeito aos professores, o respeito ao aluno, as condições de ensino sejam as mais favoráveis porque são nesses bancos escolares que está o patrimônio futuro da nossa nação, do nosso país, do nosso estado. Quando ativamos mais uma viatura para proteger as nossas crianças, estamos garantindo o futuro”, disse.

Dicas de segurança

Aos estudantes:

- Procure sempre ir à escola em grupos. Não vá sozinho.

- Não ostente objetos como celulares e tênis de marca. Se a escola proíbe o uso de celular, prefira não levar.

- Não use atalhos ou ruas que sejam abandonadas ou sem muito movimento.

Caso ocorra assalto:

- Não reaja ou faça movimentos bruscos. Os assaltantes poderão estar portando alguma arma. Assaltos perto de escolas podem ser realizados por assaltantes inexperientes, que estarão nervosos. Se eles se assustarem, podem usar a arma contra você.

- Se for assaltado, peça por socorro ou grite. Também é possível procurar ajuda em residências ou comércios próximos. Não se intimide e procure ajuda.

- Após o assalto, comunique a direção da escola e acione a Patrulha Escolar.

Aos pais:

- Se possível, tente levar o filho à escola.

- Se não for possível, opte por um transporte escolar.

- Se o filho vai à escola a pé, conheça o itinerário e o alerte para evitar ir por caminhos poucos seguros e pouco iluminado.

Texto: Karin Franco

Foto: Karin Franco/Hoje Centro Sul

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