Região consumiu 12,8 milhões de quilos de agrotóxicos em 5 anos, o que gera preocupação
De 2012 a 2017, a região Centro Sul consumiu 12,8 milhões de quilos de agrotóxicos de acordo com o Sistema de Monitoramento, Comércio e Uso dos Agrotóxicos no Estado do Paraná (Siagro). Somente em 2017, o consumo foi de 2,4 milhões de quilos e, levado em conta a quantidade de habitantes da região, seria o equivalente a 14 quilos de agrotóxicos por pessoa.
O alto consumo faz com que Irati, Teixeira Soares e Palmeira estejam entre os 50 municípios do Paraná que mais consumiram agrotóxicos de 2012 a 2017. No ranking, Palmeira aparece em 10º lugar, Teixeira Soares em 39º lugar e Irati em 49º lugar.
Os dados são do Sistema de Monitoramento, Comércio e Uso dos Agrotóxicos no Estado do Paraná (Siagro), através da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e foram apresentados em uma audiência pública na última quarta-feira (19), na Câmara Municipal de Irati, que contou com a presença de um grande público, que lotou o espaço.
A audiência pública foi promovida pelo Ministério Público do Paraná (MP/PR), através do Fórum Estadual de Combate aos Agrotóxicos, Associação Paranaense dos Expostos ao Amianto (Apreaa) e Observatório do Amianto.
Durante sua palestra, a procuradora regional do Trabalho em Curitiba, Margaret Matos de Carvalho, destacou o consumo de agrotóxicos e os riscos que podem trazer à saúde.
Segundo a procuradora, o Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos no mundo e o estado do Paraná é o segundo maior consumidor. “O risco não é só de quem está trabalhando com agrotóxicos, o risco também é de toda a população que consome alimento contaminado, que consome água contaminada, até a água da chuva os estudos demonstram que está contaminada”, disse.
Na palestra, a procuradora apresentou dados sobre níveis de resíduos em alimentos, baseados em um estudo da Universidade de São Paulo (USP), de 2017. Segundo o estudo, os limites máximos de resíduos de substâncias de agrotóxicos em alimentos, que não prejudiquem a saúde, são diferentes no Brasil e na União Europeia.
Um dos exemplos apresentados está no alface. Quando olhada a substância Malationa, usada como inseticida, há níveis diferentes. Na União Europeia, o limite máximo, considerado seguro para a saúde, é de 0,5mg/kg. No Brasil, o limite máximo é 16 vezes maior, sendo tolerado 8mg/kg.
A procuradora ainda apresentou dados sobre a saúde na região, obtidos através da Secretaria Estadual da Saúde. Um dos dados mostra que as neoplasias, ou tumores, são a 2ª causa de mortalidade no estado desde a década de 90. Na região, Guamiranga, Irati, Mallet, Rebouças e Rio Azul apresentam coeficiente de mortalidade por neoplasias acima da média do estado.
Para a procuradora, os dados tem relação. “Nós precisamos de outro modelo. Esse não nos serve mais, porque não damos conta de atender tantas pessoas adoecidas, principalmente no Sistema Único de Saúde, que é o único que faz o atendimento de pessoas com câncer quando o tratamento é alta complexidade”, disse.
Água contaminada
A procuradora ainda mostrou dados do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), do Ministério

