Reciclagem: Compromisso ambiental e fonte de sustento para muitas famílias de Irati

Por Redação 3 min de leitura

 Na Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Irati (Cocaair) e na Associação Malinoski, situadas no Complexo GARI, em Irati, o trabalho árduo dos cooperados não apenas contribui para a preservação ambiental, mas também sustenta muitas famílias. Conheça um pouco mais sobre o dia a dia dos recicladores e as dificuldades que eles enfrentam ao se depararem com materiais contaminados por resíduos orgânicos e descartes incorretos

Mais do que cuidar do meio ambiente, o trabalho de reciclagem é essencial para o sustento de muitas famílias e representa uma fonte crucial de renda para diversas pessoas. Em Irati, a Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Irati (Cocaair) e a Associação Malinoski, localizadas no complexo Gestão Ambiental de Resíduos de Irati  (GARI),  recém inaugurado pela Prefeitura no Condomínio Industrial da Vila São João, são exemplos claros dessa dualidade.

Na Cooperativa Cocaair, os recicladores se unem para garantir que o trabalho e os lucros sejam compartilhados de maneira justa entre todos. “A gente trabalha aqui em cooperativa, somos 16 pessoas e o lucro que dá, dividimos em partes iguais. Os rapazes fazem os fardos na prensa, pesam, deixam armazenados os materiais separados e quando atinge 90, 100 fardos, o caminhão vem buscar e vai para Ponta Grossa. A gente também vende os vidros de conserva, garrafas, latinha de alumínio, ferro, então tudo é dividido”, explica Lucia Gemieski.

Ela conta que encontrou na reciclagem uma oportunidade de mudança de vida quando veio morar em Irati e estava sem emprego. “Eu comecei nessa área porque estava desempregada e logo que vim morar para cá, em 2006, começou uma associação, eu entrei para ver se pegava o jeito de trabalhar com isso, e estou até hoje e eu gosto bastante”, relata com orgulho.

Ela atua na separação de materiais na Cocaair. Sua experiência evidencia tanto os desafios quanto as recompensas do trabalho. “Eu trabalho nessa área faz 18 anos. Tem dias que vem bastante material bom, mas tem vezes vem material contaminado, fralda, papel higiênico, roupa e calçados velhos, coisas que não poderiam vir para cá, mas acaba vindo, por exemplo, vidro quebrado. Esse material vai para uma caçamba, que a gente chama de rejeito, e daí vai para o orgânico”, explica.

Outro desafio é que atualmente o preço pago pelos materiais diminuiu bastante, o que compromete os lucros dos cooperados, mas, segundo ela, ainda assim é possível viver com tranquilidade com a renda obtida. Lucia exemplifica com o preço do papelão que, de acordo com ela, já valeu um real o quilo e hoje chega a apenas sessenta centavos.

É preciso reciclar mais

No dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente e o Dia Nacional da Reciclagem. No Brasil, apenas 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados passam por esse processo, índice muito abaixo de países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA).

Embora o Brasil tenha grande potencial para aumentar a reciclagem, diversos fatores mantêm esses índices estagnados, a começar pela falta de conscientização e de engajamento do consumidor na separação e descarte seletivo de resíduos, observa Lucia Gemieski.