23/01/2023
Pagar as contas, mudar de emprego, fazer uma viagem ou ter uma vida mais saudável? Muitas são as metas que costumam ser prometidas para o novo ano, no entanto, o psicólogo Bruno Marques explica que é preciso ter cuidado para que frustrações com os planos mais difíceis não afetem a saúde mental
É quase uma tradição as pessoas traçarem metas para o novo ano com o objetivo de alcançar mudanças pessoais ou conquistar sonhos. Praticar exercícios físicos, cuidar da saúde, investir em estudos, pagar contas ou fazer viagens são algumas das metas mais comuns que são prometidas, geralmente no final do mês de dezembro, para serem cumpridas a partir de janeiro.
O problema é quando essas metas são difíceis de serem alcançadas e começam a causar ansiedade ou trazer mais decepções do que realizações. Para o psicólogo especialista em avaliação psicológica, Bruno Marques, muitas pessoas tendem a se comparar com as outras e se sentem frustradas por não conseguirem realizar alguns planos, enquanto outras fazem com certa facilidade. Embora precisem ser levadas a sério, as resoluções para o novo ano não precisam (e nem devem) ser rígidas para que não imponham uma pressão nociva à mente.
O psicólogo explica que é natural que cada um tenha seu próprio ritmo para alcançar objetivos e que as limitações particulares precisam ser respeitadas. “Cada pessoa tem um tempo, então duas pessoas podem alcançar a mesma meta em tempos diferentes. A primeira coisa para evitar a ansiedade é não se comparar com o outro, entender as suas possibilidades e suas limitações. Se não deu certo neste ano, tenta de novo ano que vem. Também é preciso se autoconhecer; admitir que não consegue cumprir aquela meta naquele momento faz parte do processo”, pontua.
Para isto, uma dica é organizar as promessas de fim de ano, respondendo algumas perguntas, como: Quais são os meus desejos e interesses? Por que esses desejos surgiram em minha vida? Ao ter um motivo, segundo o psicólogo, a pessoa consegue persistir mesmo em dias mais difíceis. “As metas dependem de cada pessoa, pois, para muitas, praticar exercícios físicos não é nem uma meta, mas sim um hobby; já para outras, é extremamente difícil. Então a pessoa precisa se conhecer e se perguntar: Por que estou me propondo essa meta? Quero fazer exercícios por quê? Por questão de saúde?”, explica.
“Fazer por fazer, sem um sentido, fica muito difícil de continuar. É preciso visualizar a linha de chegada, mas também aproveitar o caminho. No momento em que você estiver desmotivado – porque vão ter momentos assim –, os motivos te ajudam a continuar, mesmo sem vontade. Então não trace metas sem motivos”, acrescenta Bruno.
Separe as metas por tipo
O psicólogo ressalta ainda que é necessário ter objetivos fáceis de alcançar para que tenhamos a sensação da conquista, mas também ter aqueles que exigem um pouco mais de disciplina e dedicação para que os desafios continuem existindo.
“É interessante que a pessoa trace metas que sejam fáceis de serem cumpridas, mas também médias e difíceis, porque se ela traçar somente metas fáceis, ela não vai se desafiar. Por exemplo: Para mim, é muito difícil ingerir a quantidade ideal diária de água, é uma meta difícil de ser feita, porque eu tenho bastante dificuldade, o que para muitas pessoas pode ser fácil. Em contrapartida, para mim é muito fácil parar de comer doces, e para outras pessoas pode ser muito difícil. Por isso é interessante que a pessoa tenha esse entendimento do que é fácil, médio e difícil para ela. As metas fáceis são interessantes para que tenhamos aquela alegria de alcança-las. E se você estipular somente metas difíceis, você se frustra muito, porque não é uma garantia que você vai conseguir. Por isso é preciso balancear”, descreve o psicólogo. Isso significa que cada meta deve ser bem definida, ao ponto de motivar mudanças de hábitos envolvidos e capaz de ser alcançada em um prazo determinado.
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É o caso de Gesina Maria Vink, 63, professora de matemática. Ela comenta que para 2023 suas metas são aproveitar mais a companhia da família, reformar a casa e fazer uma viagem. Ela vem planejando suas resoluções desde o ano passado e afirma que neste ano vai tirar todas do papel. “Minha meta para 2023 é arrumar o local onde eu moro, arrumar a minha casa, fazer uma pintura (que já tem um tempo que eu quero, mas ainda não consegui), também arrumar a frente da casa e fazer um jardim bonito, porque eu gosto bastante de trabalhar com a minha horta e ter as minhas coisinhas”, descreve Gesina. “Também quero neste ano aproveitar melhor a vida, já que logo eu me aposento, mas ainda trabalhar bastante, porque eu gosto muito do que eu faço, tenho bastante saúde, graças a Deus, e espero ter um ano bem produtivo, com muita ação, muita alegria e curtir com a família”, acrescenta a professora.
E dentre os planos considerados mais difíceis para Gesina, está o de viajar e conhecer outras regiões do país em 2023. O sonho dela é visitar o Nordeste do Brasil e suas belas paisagens. Para isso, ela está se organizando e inclusive encontrou até um lugar para ficar. Aos poucos, explica a professora, o sonho vai se concretizando. “Como tudo requer um investimento financeiro, nesse ano quero ver se eu consigo tirar do papel e fazer uma viagem para o Nordeste, que é o meu sonho. Até o final do ano eu quero fazer isso, pois eu nunca saí além de Irati, conheço muito pouco. Uma coisa que me deu muita vontade nesse ano foi de viajar, conhecer a parte do Rio Grande do Norte. Tenho até uma amiga que mora lá que me convidou, e quero ver se consigo ir neste ano”, comenta Gesina.
Foco e constância
O ideal é ter foco nos objetivos e manter a disciplina diariamente para que assim aconteça o aprimoramento e consequentemente os resultados. “Eu acredito que a maneira mais fácil de realizar as metas é a constância. Por exemplo: a pessoa quer se dedicar para passar em um concurso, não adianta estudar oito horas por dia faltando dois para a prova. Agora se você estuda uma hora por dia durante meses, essa constância vai fazer com que seu resultado seja melhor. Essa é a maneira mais efetiva de conseguir cumprir as metas”, afirma o psicólogo Bruno Marques.
Coloque as ideias no papel
Um dos caminhos para evitar o sentimento de frustração com os objetivos para 2023 é colocar em um papel aquilo que deseja alcançar e deixar sempre visível para que não caia no esquecimento.
“O ser humano tende a ter uma facilidade maior com aquilo que é concreto, aquilo que é palpável. Então sim, imaginar uma meta é importante, mas colocar no papel para que você possa visualizá-la, é melhor”, orienta o especialista em avaliação psicológica.
Ele sugere que as pessoas escrevam suas metas em um papel e cole em um lugar onde possa visualizar diariamente, como a parede do quarto ou a porta da geladeira. “Todo dia você vai ver e vai ficar lembrando. Por exemplo: se você pensa, em janeiro, que nesse ano quer aprender a nadar, com o tempo você vai esquecer e lembrar lá por maio, aí vai esquecer de novo, vai lembrar em junho, que já está frio, e vai adiando. Já se você colocar no papel, todo dia você vai olhar. Então dessa forma é uma maneira que ajuda a concretizar as ideias”, explica.
Autoconhecimento e disciplina
Buscar o autoconhecimento, evitar a comparação com outras pessoas, reconhecer seus próprios limites e ter disciplina podem ser aliados para conquistar sonhos e objetivos neste novo ano que está começando.
Dias ruins vão sempre existir, entretanto com motivação, disciplina e apoio de amigos, as metas são alcançáveis, de acordo com o psicólogo Bruno Marques. “É comum nos sentirmos desanimados, mas é preciso nos rodear de pessoas que vão nos incentivar a cumprir as metas, além de ter constância e fazer por você. Se está muito desanimado, procure um profissional. Não se deixe abater por falhar, pois falhas fazem parte do processo.”
As metas dos iratienses
Para saber mais sobre a expectativa dos iratienses para o ano de 2023, o Jornal Hoje Centro Sul realizou uma enquete nas ruas do centro da cidade sobre o que as pessoas querem fazer de diferente no novo ano.
A pergunta foi: “Qual é a sua meta para 2023?” Cuidar da saúde, pagar as contas e fazer uma viagem são algumas das resoluções de ano novo dos iratienses. Mas, alguns preferiram não traçou nenhuma meta para 2023.
“Minhas metas para esse ano são ter mais disciplina, mais organização, fazer viagens e guardar dinheiro. E eu pretendo fazer tudo isso em menos de 12 meses.”
Milena Barbara Baptista, 23 anos, estudante de medicina
“Minhas metas eu já conquistei, na verdade. Eu pretendia mudar de trabalho, eu trabalhava empregado, e agora sou autônomo. Tenho uma empresa onde eu alugo um campo de futebol, então para esse ano, não tracei nenhuma meta.”
Claudio Alex de Ramos, autônomo, 32 anos
“Minha meta para esse ano é zerar as minhas contas, pois tenho parcelamento de cartão de crédito do ano passado inteiro. Se Deus quiser, com meu emprego novo, vou conseguir.”
Michele aparecida de Araújo, auxiliar de açougueiro, 33 anos
“Para esse ano não tenho meta nenhuma. Em outros anos, a gente planejava construir uma casa e com muito planejamento deu certo. Mas para esse ano não tenho.”
Gilmar Gobor, gerente de loja, 44 anos
“Estou passando por um processo de mudança na vida, na família, tanto pessoal como no relacionamento. Então para 2023 a minha meta é que seja um ano bem bom e próspero para todos nós.”
Lucas Felipe Rodrigues, técnico de telecom, 28 anos
“Minha meta é cuidar da minha saúde, porque tenho alguns problemas. Para 2023 eu espero ter uma vida melhor do que nos outros anos. Tanto para mim quanto para a minha família”.
Olga Galvão, vendedora ambulante, 52, anos
Texto: Lenon Diego Gauron