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Prefeita em exercício de Irati faz um balanço do período em que comandou o Município

02/02/2021

Prefeita em exercício de Irati faz um balanço do período em que comandou o Município

A vice-prefeita de Irati, Ieda Waydzik, vem cumprindo funções relativas à chefia do Executivo desde o ano passado. Extraoficialmente em 2020, desde que o prefeito Jorge Derbli foi diagnosticado com Covid-19 em 18 de dezembro, e oficialmente em 2021, quando a Câmara Municipal de Irati aprovou a licença dele para que o tratamento tivesse continuidade. Ieda teve de assumir e dar início às ações da nova gestão. Ela conta que uma das maiores dificuldades foi não poder falar com Jorge para a tomada das primeiras decisões quanto à equipe. Entretanto, o fato da advogada já ter atuado no setor público anteriormente deixou-a mais tranquila e os serviços públicos foram tendo continuidade.

Além do susto da doença do prefeito, ela teve que encarar neste mês de janeiro o susto da enxurrada que afetou mais de 500 famílias de Irati, o que a prefeita em exercício também tirou de letra, pois ela reside em uma área onde costuma ocorrer alagamento e se autodenomina como “flagelada”. Conhecendo o problema de perto, ela pretende auxiliar a gestão a criar um Plano de Defesa Civil, com capacitação para a comunidade, para que as pessoas sigam um protocolo, uma estratégia, quando fortes chuvas atingirem casas e estabelecimentos comerciais.

Outras iniciativas de destaque propostas por Ieda são fazer um diagnóstico da saúde pública, para que o setor melhore e cuidar do projeto da Cidade do Idoso. Ela também pretende fazer a articulação política com a Câmara Municipal e ser um elo entre a atual gestão e os servidores públicos.   

Confira a entrevista completa da prefeita em exercício, que deve permanecer no cargo até o dia 02 de fevereiro, quando Jorge Derbli reassumirá.

Hoje Centro Sul (HCS) - Como foi sua experiência de assumir como prefeita porque o prefeito Derbli teve Covid-19?

Ieda Waydzik - Foi emocionante. Foi meio assustadora, mas ao mesmo tempo gratificante, porque eu sentia que estava preparada, que tinha condições, que eu não ia me desesperar, passar por um estresse tão grande, como se eu não tivesse trabalhado aqui antes. Então isso me deu tranquilidade, mas a preocupação maior era não poder falar com o Jorge, porque ele ficou incomunicável até metade de janeiro. Então isso era o mais difícil pra tomada de decisão, principalmente dos cargos que precisavam ser completados ou não completados. Cheguei a conversar com ele 30 minutos antes da posse, peguei algumas orientações. Aí fizemos as nomeações de seis secretarias somente, que foram Saúde, Administração, Fazenda, o Jurídico, Serviços Urbanos e Serviços Rurais. Foram estas seis as primeiras porque precisam continuar os trabalhos da cidade, a parte rural também, é uma época de safra, os agricultores tendo que tirar a produção. E as demais estamos esperando o Jorge voltar pra que a gente possa completar o grupo.

HCS - Essas definições foram discutidas em um curto período. Correto?

Ieda - Nós não tivemos tempo de conversar, de trocar ideias, mesmo com o próprio grupo da campanha, porque todos são importantes nessa hora. Então, essa eleição foi completamente atípica, diferente. O que eu fiz? Pra essas secretarias que têm gestores, pedi um planejamento estratégico para os quatro anos, pra ver as metas de cada um, alguns já me entregaram inclusive.  (...) Também aproveitei pra fazer uma reunião com os servidores, acabei fazendo em três etapas, três cafés da manhã com os setores, dar as boas vindas em meu nome, em nome do Jorge, embora seja uma continuidade do mandato, mas tem algumas novidades. (...) Aí comecei visitar todas as secretarias, as externas, a Saúde, fui na Agricultura, na Educação, fui na Ação Social também. E ainda tem algumas mais, até quarta-feira que vem termino de visitar todos os servidores, porque acho isso bem importante. A par disso também, a gente trouxe duas pessoas de fora para fazer um diagnóstico da saúde pública, porque eu acredito que a nossa saúde pode melhorar e pode melhorar muito. Nós temos dificuldade de captação de recursos, não é má gestão, a Jussara é uma boa secretaria, a equipe da Secretaria é boa. (...). O Governo Federal tem um arcabouço grande de projetos e nós precisamos ver onde que nós estamos pecando, que não conseguimos tanto. Nós estamos hoje praticamente igual Rio Azul de arrecadação e o nosso Município é muito maior, com muito mais gente, então nós trouxemos um especialista da área de saúde para fazer esse diagnóstico.

HCS - Qual a expectativa de conclusão deste estudo?

Ieda - Eu acredito que até março a gente terá alguma coisa, esse mês de fevereiro ele vai trabalhar mais detidamente, fazendo uma verificação de todos os números nossos, porque a saúde é muito complexa na verdade. Houve algumas alterações em como o Governo Federal faz o encaminhamento de recursos, antes era só por população, agora não é mais só por população, ele usa os cadastros, ele usa outros tipos de controle, então pode ser aí o nosso gargalo.

HCS - Quais as outras mudanças que a Ieda fez? No que difere da administração do Jorge?

Ieda - Essa questão dos servidores é uma novidade, porque o Jorge não tinha esse contato tão próximo, inclusive era um pedido dele que nós precisávamos reconquistar os servidores. (...) A questão da transparência, questão modernização da prefeitura, as secretarias interligadas, essa questão da própria saúde pública ser diagnosticada. Eu acho que o que mudou um pouco é que eu tive que vim sentar aqui nessa mesa [no auditório da prefeitura] e não no gabinete, não usei a cadeira do Jorge porque eu achei que não era o momento de eu despachar da cadeira dele, porque o motivo pelo qual ele fica afastado não é era um motivo de férias ou de algum outro problema, é um motivo de saúde. Então eu sempre despachei da cadeira lateral, porque eu acho que é uma questão de respeito. A diferença é que, talvez, eu sou mais  tranquila, ele é um pouco mais agitado, mais nas ações eu gosto muito de estar em contato com as pessoas que trabalham comigo. O Jorge, eu noto que é mais gabinete, mais fechado, ele gosta de estar na rua, ele gosta de estar vendo obra, então acredito que isso vai nos completar na administração, eu aqui trabalhando mais com os servidores, mais no detalhe e ele na visão mais de obras. (...) Trabalhamos com a Câmara também, tivemos que encaminhar projetos de leis de urgência – quero agradecer, inclusive, o presidente Hélio de Mello, que foi muito pronto, a todos os vereadores, pois fizeram sessões extraordinárias.

HCS - Essa aproximação política com o Legislativo continuará sendo papel da Ieda ao longo do mandato?

Ieda - Eu tinha me proposto a trabalhar com a Câmara. Como já fui vereadora, lá atrás, faz tempo, mas a gente quando aprende não esquece mais.  (...) Acho que eu posso ajudar realmente nesse entrelaçamento para que flua de uma forma mais tranquila, porque os vereadores às vezes sentem falta de uma explicação melhor, de uma orientação, do porquê você está mandando aquele projeto, que não é simplesmente que você quer implantar aquilo, é uma necessidade, normalmente os projetos que são encaminhados são exigência dos ministérios federais, do Estado. (...) Agora o que eu quero trabalhar muito mesmo é com a Cidade do Idoso, vocês sabem que é um projeto nosso de campanha. (...) O projeto técnico já está quase pronto, as engenheiras estão trabalhando nele e vamos montar agora tecnicamente na questão da legislação, nos encaminhamentos. Vai ser um projeto maravilhoso, nós todos estamos a caminho da melhor idade e nós precisamos trabalhar a cidade para nós próprios, então a Cidade do Idoso vai ser um projeto muito grande, muito bom, eu acredito que vai ser um carro chefe da nossa administração e eu tenho vontade de trabalhar muito com ele, pra que a gente possa atender da melhor forma possível a nossa população.

HCS - Além do susto da doença do Jorge, outro susto foi a enxurrada do dia 18. Como foi viver isso?

Ieda - Eu sou flagelada, porque eu moro na região da enchente, então além da preocupação com toda a população eu tinha a minha preocupação também, mas por conta disso eu sei os limites que a gente tem, essa inundação foi uma coisa diferente de todas as outras que nós tivemos, porque ela partiu lá da Serra dos Nogueiras, o que nos deixou mais assustados.  (...) Nós vamos trabalhar muito em melhorar a Defesa Civil pra que cada um saiba o que fazer no momento em que acontece um transtorno como esse, nós precisamos trazer a comunidade pra trabalhar conosco para que também a comunidade lá na ponta já saiba o que fazer. O morador já saiba o que fazer, porque é muito amador. A água está chegando e o morador está lá esperando e não sabe pra que lado ir e não levanta as coisas. Então nós precisamos ter essas coordenadas: Se a água chegar em tal ponto, o que eu faço? Quem vai te acudir? O bombeiro como que faz? Então nós vamos trabalhar num Plano de Defesa Civil mais efetivo para Irati, porque infelizmente nós vamos continuar tendo isso, não adianta querer dizer que nós vamos erradicar a enchente. Os rios continuam onde estão, as construções em cima dos rios continuam lá, e nós não temos o que fazer, são paliativos o que nós estamos fazendo, são tentativas de minimizar, mas a gente sabe que a natureza está cada vez mais violenta e que isso vai continuar acontecendo então as pessoas já tem que ter estratégias para se salvarem, para salvar o seu patrimônio e nós vamos ajudar nisso, capacitando as pessoas e fazendo esse plano mais detalhado.

HCS - Você falou de cadastrar voluntários para ajudar no caso de calamidade, que sejam devidamente capacitados pela Defesa Civil para que não se coloquem em situações de risco. É isso?

Ieda - Isso, com a orientação dos bombeiros, porque às vezes as pessoas se arriscam e isso também tem que ser monitorado. Nós tivemos um caso de um menino, que ele estava na beira do rio e quase foi levado pelas águas porque no momento ele quis salvar alguma coisa.  Então isso é muito perigoso, a gente não acha que seja tão perigoso, mais é.

HCS - O que você pretende agregar pra parte da Assistência Social?

Ieda - Eu tenho trabalhado muito junto já com a secretária Sybil para que a gente possa atender, mas eu pretendo trabalhar com ela, porque é a parte do meu coração mais mole, eu trabalhei muito tempo com a Casa de Apoio, com os pacientes de câncer, e nós vamos continuar a trabalhar com todas as instituições, inclusive com os cachorrinhos também, o Amigo Bicho já esteve aqui trazendo projetos.

HCS - Com essa disposição sua de se colocar junto à administração, de ter uma sala aqui dentro do prédio da prefeitura e resolver essas situações, sobrará mais tempo para o prefeito cuidar do macro, buscar novos recursos. A parte de projetos da prefeitura ficará com você ou com o Jorge?

Ieda - Espero que isso fique com ele. A gente tem a ideia de contratar um escritório de projetos, isso tem que ser técnico, às vezes os nossos técnicos não têm tempo pra tudo isso, então a gente tem a ideia de contratar profissionais. A Amcespar tem projetos lá, mas nós precisamos trabalhar essa questão, para quando aparece o recurso você já ter o projeto, não é uma coisa simples, é uma coisa que foi muito comentada durante a campanha, que nós precisamos agora implementar.

Texto: Letícia Torres e Ciro Ivatiuk/Hoje Centro Sul

Fotos: Ciro Ivatiuk/Hoje Centro Sul

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