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Por que a leitura é uma forma de dialogar com o mundo e pode transformar vidas?

01/11/2021

Por que a leitura é uma forma de dialogar com o mundo e pode transformar vidas?

“Toda nossa construção intelectual é reflexo das leituras que fazemos. A importância da leitura está no fato de eu entender que ela pode transformar a minha vida, a minha realidade, me fazendo um ser humano melhor, sem dúvidas a leitura abre portas e faz com que estejamos em um eterno aprendizado”, afirma o professor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Rodrigo Augusto Kovalski.

Tratando da leitura formal de palavras, em diversos gêneros textuais, as pessoas podem se perguntar: afinal, que portas são essas que a leitura abre? Segundo o professor, a leitura permite visualizar novos mundos, sejam reais ou fictícios, ampliando a visão dos leitores que consequentemente terão novas percepções sobre as coisas, assim poderão modificar o meio em que vivem.

“A partir do momento que começamos a ver um fato ou uma notícia de maneira diferente, nossa percepção é afetada e todo o meio à nossa volta é modificado a partir disso. A leitura muda a vida das pessoas, porque consegue levar os leitores a outras realidades, novos mundos, reais ou ficcionais, ou seja, nos faz viajar pelas diferentes esferas que habitamos”, explica Rodrigo.

Segundo ele, no meio escolar este processo melhora a capacidade de relacionar os conhecimentos, desperta o pensamento crítico e a interpretação. “As vantagens da leitura são inúmeras e em vários campos, o aluno melhora a oralidade e a escrita, amplia seu caráter de análise, o tornando mais crítico diante dos aspectos que lhe são apresentados. Além de potencializá-lo a ser uma pessoa melhor, seu caráter imagético e criativo é amplamente desenvolvido”, explica o professor universitário.

No Colégio Estadual do Campo de Gonçalves Júnior é desenvolvido o projeto “Volta ao mundo literário: viajando entre páginas e versos”, que  incentiva os alunos a conhecerem o mundo da literatura, considerando que durante as aula os professores têm dificuldade em trabalhar com livros e o retorno presencial das aulas mostra defasagens na escrita e na interpretação. “Temos muitos alunos que têm dificuldade na escrita, pensamento crítico e interpretação de texto, isso tudo é ocasionado pela falta da leitura”, disse a professora coordenadora do projeto, Flávia Elis Kublinski.

Segundo ela, os alunos estão motivados com a proposta literária e têm organizado os livros, de acordo com os gêneros literários, em uma sala da instituição – que atualmente não tem uma biblioteca. “A casa antiga onde usávamos como biblioteca precisa ser reformada, então estamos preparando uma sala aconchegante para que os alunos possam fazer uma leitura prazerosa e despertem o gosto pela literatura”, conta Flávia, acrescentando que, futuramente, o colégio pretende abrir a biblioteca da escola para toda a comunidade. Segundo a professora, muitos pais, que são agricultores, não tiveram a oportunidade de conhecer uma biblioteca, de conhecer a literatura.

Flávia explica que o acesso à educação e à leitura pode transformar a vida dos filhos de agricultores, dando-lhes a possibilidade de escolherem outras profissões ou até mesmo de trazerem novas tecnologias para a própria agricultura, se esta for a escolha profissional deles.  “O foco da comunidade está geralmente voltado somente ao trabalho, especialmente na agricultura, nada contra isso, mas é preciso abrir mais portas para as pessoas. A maioria pensa apenas em seguir fazendo o que os pais fazem, sem pensar em fazer um vestibular. Queremos incentivar os jovens a buscarem um futuro melhor”, frisou a professora Flávia.

O livro

No dia 29 de outubro comemora-se o Dia Nacional do Livro, que teve muitas evoluções, desde os primeiros registros gráficos em papiro até os que circulam atualmente. Hoje, apesar de muitas opções de leituras no meio digital, como e-books e sites, o livro continua sendo uma forma agradável e prática de conhecer o mundo.

Luiza Nelma Fillus, vice-presidente da Academia de Letras, Artes e Ciências do Centro Sul do Paraná (Alacs) destaca que o livro é uma invenção genial, que leva o leitor a diferentes lugares sem precisar de energia elétrica, diferente dos recursos digitais.

Ela afirma que o livro físico não está correndo riscos de perder seu papel diante dos digitais, e cita  a obra “Não contem com o fim do livro”, de Umberto Eco, que compara o livro com outros meios. Por exemplo, a existência da fotografia não anulou os quadros, assim como a televisão não extinguiu o cinema. “O livro foi feito de um modo tão genial que não existe ainda outra forma que possa substituí-lo, não precisa ter luz para ler um livro, diferente do digital. Um livro é pequeno e fácil de carregar por onde a pessoa vai, e dentro de cada livro tem uma história, uma experiência, um autor que vai dialogar com um leitor em qualquer parte do mundo, o livro pode esperar 100 anos em uma prateleira, assim colocamos o livro como a maior dimensão de mundo”, argumenta Luiza.

A complexidade do livro está no fato de ele retratar histórias, culturas, épocas e manter todos os registros por séculos, independente do autor. “Você pode estar em Irati e ler um livro do que aconteceu no século XVIII, em Portugal. O escritor morre, mas a obra é eterna e cria asas. Ler é um ato solitário, mas há sempre um diálogo com a história, cada leitor lê no seu ritmo, se apropria do conhecimento que abre o mundo através de um livro”, finaliza Luiza.

Além de vice-presidente da Alacs, ela também é proprietária do Sebo Centenário de Irati e conta que sente muita alegria ao ver famílias, especialmente crianças, comprando livros, por saber do poder que eles têm.

Por que é comum a “preguiça de ler”?

“A leitura também exige alto teor de ramificações mentais e cognitivas, concentração e atenção, é um processo complexo que dá trabalho para o cérebro, como nosso cérebro é muito inteligente, ele sempre prioriza o menor trabalho, daí surge a sentença ‘preguiça de ler’, pois as pessoas vão preferir práticas ligadas ao entretenimento”, explica o professor da Unicentro, Rodrigo Augusto Kovalski.

Para reverter isso é preciso praticar a leitura no dia a dia, incluindo-a nas atividades corriqueiras até que se torne natural. “Sabemos que se formos destinar uma hora do dia para leitura, este momento nunca acontece, mas se formos introduzindo a leitura no nosso dia a dia, como após os intervalos das refeições, naquele pequeno tempo livre esperando alguém, dentro de um transporte, antes de dormir, enfim, dosando nos espaços que temos disponibilidade. Fazendo isso, tenham certeza que podemos potencializar muito a nossa leitura”, disse o professor. 

Texto: Cibele Bilovus/Hoje Centro Sul

Fotos: Cibele Bilovus/Hoje Centro Sul e Divulgação

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