População com mais de 60 anos dobrará em 15 anos. Brasil está preparado para envelhecer?
Em 15 anos, o número de pessoas com mais de 60 anos dobrará no Brasil. Daqui a 50 anos, haverá mais pessoas com mais de 60 anos do que pessoas entre 30 a 59 anos. Junto a isso, o nascimento de bebês deverá diminuir e o número de pessoas entre 0 a 29 anos será menor do que daquelas com mais de 60 anos. Em 2070, seremos oficialmente um país com envelhecido.
As projeções das Nações Unidas (ONU) indicam também o envelhecimento da população mundial. Com mais pessoas idosas e menos jovens, a idade média mundial tem aumentado ao longo do tempo. Em um intervalo de 50 anos, a idade média mundial subirá de 30 anos para 38 anos. No Brasil, o pulo será de 33 anos para 49 anos.
O envelhecimento da população tem sido motivo de preocupação de vários setores, especialmente o da saúde, que precisará se ajustar a essa nova configuração e demandará novos meios para conseguir suprir as necessidades que surgirão.
Saúde
Um dos setores que será mais impactado é o de saúde, que já enfrenta uma das primeiras dificuldades atualmente: a falta de geriatras, de médicos especializados no cuidado de idosos.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção Paraná (SBGG-PR), o médico geriatra Vitor Last Pintarelli, é preciso que o tema seja discutido na faculdade. “Ainda temos poucos profissionais da saúde especializados em gerontologia e geriatria, e a maior parte das faculdades de medicina e das demais profissões da área da saúde ainda não incluíram essas disciplinas em suas grades curriculares, de modo que ainda precisamos suprir a falta de formação da maior parte dos profissionais na temática do envelhecimento, ao mesmo tempo em que esses mesmos profissionais já estão lidando com uma grande (e crescente) população de idosos”, explica.
Para ele, é preciso que as estratégias incluam a realização de cursos de especialização, pós-graduação, e também de atualização para profissionais já formados. “Infelizmente, o déficit de geriatras é tão grande (e a busca espontânea de médicos interessados por se especializarem nessa área ainda é pequena), que levará décadas para o Brasil atingir o número recomendado de geriatras necessários para atender à sua população idosa, portanto as estratégias de curto e médio prazo devem focar na difusão do conhecimento das peculiaridades de atenção em saúde ao idoso para profissionais de outras especialidades, para que possam melhorar sua atuação quando atenderem a pacientes idosos”, conta.
A falta de geriatras não é uma realidade só brasileira. “A carência de geriatras acontece em praticamente todo o mundo, incluindo em países desenvolvidos”, relata.
Mas experiências positivas internacionais podem ajudar o país a buscar um caminho. “O caso da experiência holandesa dos ‘Médicos de porta em porta’, que consiste numa espécie de programa de visitas médicas domiciliares periódicas aos idosos com dificuldade de locomoção para fora de casa, o que até acontece em certa medida na estratégia de saúde da família, porém ainda há grandes lacunas no atendimento da população mais necessitada desse tipo de ass

