Pessoas que trabalham no cemitério contam suas experiências
Alguns trabalham limpando os túmulos, outros gerenciando o espaço, o que todos têm em comum é o local de trabalho: o Cemitério Municipal de Irati. Conheça um pouco mais sobre eles e a forma como encaram o trabalho
Dos seus 73 anos, 39 anos foram dedicados ao Cemitério Municipal de Irati. Iraci de Lurdes Silveira começou a trabalhar no local após passar num concurso. “Fiz o concurso, passei. Eu entrei no tempo do Toti, no primeiro mandato, e me colocou aqui”, conta.
Ela ficou cuidando do cemitério por 26 anos, até se aposentar. “No dia que me aposentei eu até chorei. ‘Pronto, não vou vir mais’. Mas os proprietários [dos túmulos] pegaram para limpar as capelinhas”, disse. Foi assim, com um sorriso no rosto, que Iraci, mais conhecida por Sula, seguiu os últimos 13 anos limpando os túmulos.
Todo mês, ela está lá. “O ano inteiro eu venho limpar. Eu gosto de trabalhar. Não gosto de ficar em casa. Tem aposentado que fica em casa, eu gosto de ganhar meu trocadinho”, relata. Os proprietários pagam de R$ 20 a R$ 50 para que ela cuide dos túmulos. “Passo nas capelas e vejo se está limpinho, com essas chuvas não fica limpo. Aí dou uma limpada por fora e pulo pra outra e assim vai”, conta alegre.
Para ela, o trabalho no cemitério é tranquilo. “Fico perto do túmulo da minha mãe e do meu pai, vou rezar. Eu gosto de ficar aqui. Me sinto tão feliz em trabalhar aqui. Os mortos não incomodam. Só dá medo dos vivos”, diz.
Avani Terezinha também trabalha no cemitério limpando os túmulos. Há 21 anos ela trabalha como diarista para uma família, que acabou a convidando para arrumar um dos túmulos. O boca a boca espalhou o serviço, e agora, a diarista acaba conseguindo ter renda extra na semana que antecede o Dia dos Finados. “Época do Finados é assim, me chamam pra limpar os túmulos, mas é fácil de achar, não é difícil. Aqui é bom de trabalhar, no cemitério. É tranquilo. Hoje limpei um túmulo. Essa semana, limpei três”, conta.
Para limpar cada túmulo, ela cobra R$ 60. E, segundo ela, limpa tudo, até dentro das capelas. “Não é ruim de limpar. É gostoso de limpar. Mas a gente fica com o sol comendo o miolo da gente”, relata sorridente.
Em uma de suas limpezas, ela conta que chega a apreciar a vista do Cemitério Municipal. “Estava trabalhando no túmulo ali embaixo. Eu subi ali em cima para limpar. Aí fiquei pensando: ‘Nossa! Que vista boa pro morto ficar olhando! Que vista bonita! Toda a serra’. A mulher que estava perto disse: ‘Credo! Tem coragem, fala uma coisa dessas’. Eu disse: ‘Não tem nada de mais. Morto não incomoda ninguém”, relembra.
Avani fala que gosta de limpar os túmulos. “Aqui eu gosto. É um lugar tranquilo. Tem paz”, disse.
Mas enquanto para uns, trabalhar no cemitério pode ser tranquilo e sereno, para outros, ver o sofrimento de perto é difícil. Isso acontece com o zelador Estevam Martins dos Santos, que trabalha há 25 anos no local. Ele faz limpeza, abre e fecha os portões no horário de visitas, atende a população e conduz o carrinho de cortejo fúnebre. “Para falar bem a verdade, eu já estou enjoado do trabalho, porque você vai guardando as coisas tristes. Você não chora porque não pode. Está aqui para trabalhar e não para chorar. De repente, estou aqui sozinho, sinto uma depressão. Às vezes quando estou bem sozinho, solitário, eu sento em um canto ali e choro sozinho ali, para o pessoal não ver”, conta.
Ele relata que uma das situaç&otil

