O vazio que as tragédias no trânsito trazem para as famílias
Somente em 2016, mais de 28 mil acidentes foram registrados em vias municipais do Paraná. Famílias contam como é viver depois da perda de um ente querido em um acidente de trânsito
Na última quinta-feira (21) a morte de um adolescente de 13 anos em um acidente no centro de Irati chocou a região. Caio Rodrigo dos Santos foi atropelado e arrastado por um caminhão enquanto atravessava a Rua da Liberdade na faixa de pedestres. Segundo testemunhas, o adolescente estava usando o celular no momento do acidente.
O acidente de Caio aconteceu na Semana Nacional do Trânsito, realizada entre os dias 18 a 22 de setembro, com diversas ações para conscientizar motoristas e pedestres quanto aos perigos do trânsito. O objetivo era de que essas ações pudessem a ajudar a diminuir a violência no trânsito registrada ano a ano.
Segundo dados preliminares do Denatran, somente em 2016, foram 118 acidentes nas vias municipais em Irati, sendo que houve uma morte. Isso equivale a mais da metade dos acidentes registrados na região dos municípios da Amcespar, que totalizou 214 acidentes nas vias municipais em 2016.
Ao todo no Paraná, em 2016, foram mais de 28 mil acidentes em vias municipais, além de mais de 28 mil feridos e quase 400 mortes. Os dados preliminares contabilizam apenas os números passados pelos municípios.
Outros dados do Denatran ainda revelam o perfil dos motoristas que se envolveram em acidentes com vítimas. A maioria é do sexo masculino, são condutores habilitados, entre 30 a 59 anos. Já nas vítimas fatais é possível verificar que a incidência de vítimas do sexo masculino é quatro vezes maior do que o do sexo feminino. A idade também chama atenção: a maioria das mortes foi de pessoas entre 18 a 29 anos. A maioria das vítimas fatais conduzia o veículo.
Famílias
O que os números não conseguem mostrar é como ficam as famílias que perderam entes queridos após graves acidentes. “São três famílias destruídas”, explica Fátima Krubniki Sposito. Ela é mãe de Luiza Maura Sposito que morreu aos 17 anos em um acidente em março deste ano. Junto com ela, morreram também Jiane Carla Campagnaro, de 19 anos, e Laleska Gaspar, de 16 anos.
O acidente aconteceu às 6h10min de domingo, do dia 19 de março, após o carro em que as adolescentes estavam bater em uma árvore no centro de Prudentópolis. O acidente aconteceu enquanto o condutor fugia de uma abordagem da Polícia Militar. Durante a perseguição, ele perdeu o controle do carro e bateu na árvore. O veículo era conduzido por Ruan Kevin Pelechat de Souza, de 20 anos. Além do condutor, o acidente também deixou com ferimentos graves Ivan Gonçalves de Oliveira, de 19 anos e Lucas Eduardo Pereira, de 18 anos.
O processo ainda está aberto e aguarda julgamento. Enquanto isso, as famílias das adolescentes tentam encontrar forças para superar a perda.
Fátima conta que o seu marido, Rubens Antonio Sposito, soube da notícia através do Facebook, depois de percorrer casas de amigas em que Luiza poderia estar. Eles haviam combinado um horário com Luiza para que ela voltasse para casa. Quando acordaram pela manhã e viram que a menina não estava em casa, Fátima pediu para que o marido a procurasse. Quando uma das amigas falou sobre um acidente no centro da cidade, Rubens foi direto para o hospital. “Ele chegou lá, ela já estava em coma”, conta Fátima.
Luiza ainda chegou a ficar internada um dia no hospital, mas não agüentou os ferimentos e morreu no dia 20 de março. Para Fátima, a perda da filha caçula é difíci

