Natal além das vitrines: serviços, festas e memórias impulsionam o comércio

De locação de louças a estúdios de fotografia, a magia de fim de ano aquece a agenda de empreendedores e movimenta setores criativos e de alimentação com as tradicionais confraternizações

A proximidade do mês de dezembro marca o início da corrida do Natal e o movimento não se restringe apenas à busca por presentes no comércio de rua. A temporada de festas, encontros e o desejo de criar memórias afetivas mobilizam uma grande rede de serviços que vai da gastronomia à fotografia, passando pela música e pela decoração.

Em Irati, a expectativa é de que o fluxo do dinheiro de fim de ano seja distribuído por diversos setores, impulsionando a economia não só pela compra direta, mas pela valorização dos momentos de confraternização, que se tornaram um catalisador de vendas em restaurantes, estúdios e serviços personalizados. O período sinaliza um movimento intenso que transcende a tradicional troca de presentes.

Confraternizações e o sentimento de pertencimento

O ápice da movimentação de serviços no fim de ano está nas confraternizações. Sejam elas de amigos, familiares ou de empresas, o encontro motiva desde a reserva de espaços até a contratação de atrações. Para o setor de saúde, esse momento de pausa e celebração é fundamental, segundo Priscila Bonfim, administradora da Clínica Renal Iraty, entidade que faz questão de reunir sua equipe e pacientes anualmente.

“Todos os anos, a gente faz uma confraternização com os funcionários, geralmente promovemos um jantar entre a equipe, e na clínica, fazemos o almoço para nossos pacientes da hemodiálise. Como eles frequentam três vezes por semana, acabamos criando um vínculo grande com eles”, conta Priscila.

A gestora explica que, este ano, o evento será mais elaborado, envolvendo a participação dos familiares em um domingo, dia de folga de todos. Ela destaca que a comemoração é uma necessidade, especialmente em uma área de grandes desafios como a saúde: “Nunca deixamos de fazer porque passamos por tanta coisa durante o ano, principalmente por ser na área de saúde, temos grandes desafios que fazem parte da nossa área, mas precisamos nos reunir, comemorar e enaltecer todos os momentos bons”.

Para animar esses encontros, músicos e artistas locais se tornam peças-chave. Luan de Góis, que trabalha com música há mais de 10 anos, confirma que a demanda por shows cresce no final do ano, chegando a ter mais de um evento no mesmo dia.

“Eu considero a música ao vivo algo muito especial, tanto nos eventos corporativos quanto em locais abertos”, afirma o músico, ressaltando o valor que a arte agrega às festividades. “Se tratando de confraternização de uma empresa, por exemplo, é a oportunidade daquele trabalhador ter um contato com o artista, seja ele local ou nacional, onde muitas vezes, não consegue tempo e nem condições de prestigiar um show fora. Sou muito grato e parabenizo os empresários que fazem questão de contratar um artista para animar seus funcionários na confraternização, pois todos merecem”.

Mesas fartas, serviços customizados e agendas lotadas

A intensa procura por locais para almoços e jantares de confraternização é um dos principais termômetros do aquecimento do comércio de serviços. Segundo Edi Lopes, sócia-proprietária do Terroá Gastronomia, o fim do ano concentra o maior movimento do restaurante. “No final do ano é o nosso maior movimento. Já começa a aumentar em novembro e, em dezembro, é maior ainda. Às vezes, em janeiro também registramos um fluxo intenso das pessoas que não vão viajar ou de quem vem de fora para passar férias em Irati e visitar familiares. Por isso, sempre trabalhamos com reservas nesse período — temos muitas confraternizações de empresas. Com o restaurante em um espaço ampliado, conseguimos atender grupos maiores e organizar diferentes tipos de eventos”, explica.

Ela destaca que essa demanda crescente também se reflete na estrutura da equipe. “No final do ano, a gente sempre contrata mais funcionários, tanto para o atendimento quanto para a cozinha”, completa. Além das confraternizações corporativas, o Terroá também tem recebido procura para casamentos e aniversários, impulsionada pela facilidade dos menus prontos e pela pré-decoração oferecida para eventos.

Ela destaca que o movimento do restaurante também acompanha o ritmo da cidade: períodos com eventos locais, como a Casa do Papai Noel e os shows de rua, costumam impulsionar significativamente o fluxo de clientes e fortalecer o comércio como um todo.

A criatividade também gera novos negócios. Lis Panka, que trabalha com locação de louças desde 2023, percebeu rapidamente o potencial do nicho para o Natal e celebra um crescimento exponencial na procura por serviços personalizados de montagem de mesas.

“Neste ano, ampliei bastante meu trabalho e a divulgação. Então, agora, neste fim de ano, novembro e dezembro, estou com a agenda bem lotada, com bastante procura. Eu sempre busco personalizar o meu trabalho de acordo com o cliente para transformar mesas maravilhosas”, explica Lis.

Ela considera que o ato de receber é uma demonstração de carinho, e a mesa bem-posta, além de impressionar, faz com que “até a comida fique mais gostosa”. Lis reforça a importância de usar a imaginação na decoração: “A dica que sempre dou é de que, às vezes, com algum arranjo de árvore, algum livro vermelho ou verde que lembre o Natal, pode se fazer centros de mesas lindos, utilizar tudo o que tem dentro da casa e até investir em algum item, que não seja só alusivo ao Natal, para usar essa peça o ano todo”.

A tradição de imortalizar momentos

Se a decoração da mesa enriquece o encontro, a fotografia garante que a memória dure para sempre. Para o fotógrafo Fernando Kovalski, a sessão natalina de estúdio se tornou o carro-chefe de seu negócio e uma verdadeira tradição para as famílias.

“Trabalho com fotografia há 14 anos, e o Natal é, de longe, a sessão mais esperada do ano que as famílias têm como tradição, procuram todo o ano fazer”, relata Fernando. Ele aponta que as crianças gostam bastante por ser uma experiência lúdica e interativa, o que gera o maior retorno para o estúdio de todas as temáticas anuais.

O planejamento começa cedo, em agosto, e a venda da campanha deste ano, que tem como tema uma loja de brinquedos feita em MDF, esgotou as vagas em apenas cinco dias. “Neste ano, foi atípico porque em cinco dias, esgotamos as datas, foram mais de 100 sessões de Natal. A procura foi maior ainda do que nos outros anos”, comenta, demonstrando a força do apelo natalino. O estúdio oferece cenários para todos, das famílias com crianças até grupos de adultos, garantindo que a magia da época seja capturada de forma única.

O comércio de rua e a força do amigo secreto

Enquanto os serviços comemoram a agenda cheia, o comércio tradicional também se prepara para o pico de vendas. Segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Paraná é um dos estados com a maior projeção de avanço nas vendas de Natal no país. Esse cenário positivo é impulsionado, principalmente, pelo pagamento do 13º salário e pela força do Amigo Secreto, uma tradição que movimenta bilhões na economia nacional.

Segundo levantamento feito pela Associação Comercial e Empresarial de Irati (Aciai), os produtos mais procurados neste fim de ano devem ser confecções, calçados e acessórios, seguidos por eletrônicos, eletrodomésticos, cosméticos e brinquedos. Em relação às vendas, 36,4% dos comerciantes esperam aumento no faturamento, enquanto 27,3% acreditam que o desempenho será inferior ao do ano passado. Entre aqueles que projetam crescimento, a expectativa média fica entre 5% e 10%.

As lojas de varejo investem em estoque, vitrines e campanhas promocionais. O setor de brinquedos, em particular, antecipa a movimentação de consumidores em busca dos presentes dos sonhos das crianças.

Para Tamiris Bianco Mattos Horst, proprietária da Big Presentes, a expectativa para as vendas de fim de ano é bastante positiva. “A busca deve se concentrar nos presentes de maior valor, aqueles que a criança espera o ano todo”. A equipe também está atenta às novidades e tendências do mercado infantil. “Os queridinhos do ano continuam fortes — como o Stitch e a capivara”, conta.

A empresária lembra que, para o setor, o Natal é uma das datas mais importantes do calendário. “Depois do Dia das Crianças, o Natal é muito aguardado”. No comando da loja há seis meses — embora o estabelecimento já tenha 10 anos de atuação em Irati — Tamiris reforça que a equipe vive um momento especial: “Estamos muito ansiosos para trazer muitas novidades para a criançada nessa data tão especial”, diz.

O resultado é um cenário econômico onde o Natal, mais do que uma data, se consolida como um motor que impulsiona a economia, cria laços e transforma a dinâmica comercial da região.

Fernanda Hraber