Lula Thomaz e Jackson Ramos debatem projetos para Teixeira Soares; Ivanor Muller não veio

Lula Thomaz e Jackson Ramos debatem projetos para Teixeira Soares; Ivanor Muller não veio

Três candidatos disputam o cargo de prefeito de Teixeira Soares nas eleições deste ano, mas apenas dois candidatos Lula Thomaz (PSD) e Jackson Ramos (PSOL) compareceram para participar do debate organizado pela Rádio Najuá e Jornal Hoje Centro Sul, na última sexta-feira (16). O outro candidato, Ivanor Muller (PP), enviou um comunicado à organização do debate dizendo que não participaria devido a problemas de saúde de seu pai.  O comunicado foi entregue pouco tempo antes do horário de início do evento.

O debate seguiu normalmente com os candidatos Lula e Jackson, que fizeram questionamentos entre si e expuseram suas propostas aos eleitores de Teixeira Soares.  De acordo com a  Lei nº 9.504/97, art. 30 I e art. 46 II, é permitida "a realização de debate sem a presença de candidato de algum partido político ou de coligação, desde que o veículo de comunicação responsável comprove tê-lo convidado com a antecedência mínima de 72 horas da realização do debate".

Primeiro Bloco

O debate teve início com o candidato Jackson perguntando ao oponente como o partido deste (PSD) contribuiu para a melhoria de vida da classe trabalhadora brasileira. Lula respondeu falando sobre Teixeira Soares e o trabalho de sua gestão para garantir a instalação de uma fábrica de calçados. “Nós, quando assumimos, tínhamos no nosso Plano de Governo o objetivo de melhorar a vida das pessoas e isso nós fizemos agora com essa importante parceria, dando [trabalho] aos pais de família de Teixeira Soares, porque o contrato com a Kadesh já está assinado. Onde o município vai construir os barracões e dar toda a infraestrutura necessária e a Kadesh vai gerar inúmeros empregos no nosso município”, afirmou Lula. Em sua réplica Jackson disse: “Nós, do PSOL, temos orgulho em dizer que somos o partido com 16 anos de história sem envolvimento nos escândalos de corrupção”. Também falou que o partido concorre com chapa pura para “trazer para Teixeira Soares essa política honesta e com coragem”. Acrescentou que a chapa é formada por trabalhadores do campo.

Em sua tréplica, Lula lamentou a corrupção na política e disse que não pode responder pelo que ocorre em esferas estaduais ou nacionais. Ele enfatizou: “Teixeira Soares, posso garantir à nossa população da cidade e do interior,  que é um Município isento da corrupção. A prova disso é o progresso, que vem sendo dado sequência em nosso Município”.

A primeira pergunta do candidato à reeleição ao opositor do PSOL foi sobre pavimentação rural. Jackon frisou a importância das estradas rurais e respondeu: “A gente propõe, em nosso Plano de Governo, a contratação de uma pessoa qualificada, um engenheiro, para estar desenvolvendo projetos de estradas rurais. Nossas estradas rurais, hoje, são muito mal elaboradas, com uma ou duas chuvas acabam se dissipando”, afirmou. Ele disse ainda que produtores deixam de morar no campo devido às estradas. “Vamos dar prioridade para as estradas rurais, ninguém mais vai precisar vender suas criações, precisar largar suas culturas, por causa de uma estrada de má qualidade, isso nunca mais em Teixeira Soares”, afirmou.

Em sua réplica Lula disse: “Acho que essa realidade não condiz com Teixeira Soares. Teixeira Soares, em seus 103 anos de existência, nunca viu tantas obras no interior acontecendo como agora. A prova está aí, a pavimentação asfáltica até o Rio da Areia de Cima, garantida pelo governador Ratinho Junior”. E complementou citando obras de pavimentação com pedras poliédricas em localidades como Ribeirão. “Bem como o investimento constante em maquinários, caminhões, explosões em preço justo de cascalheira. Muitas coisas aconteceram, portanto, eu acho que essa realidade não acontece”, destacou Lula. Em sua tréplica Jackson falou que há reclamações sobre estradas e questionou se o cascalhamento realmente chega para todos.  

Na sequencia o questionamento do candidato do PSOL ao oponente foi sobre a crise econômica e a geração de empregos. Lula respondeu falando da instalação da Kadesh, que é a 3° maior empresa calçadista do Brasil e, segundo ele, poderá gerar até 300 empregos no Município. “Teixeira Soares tem hoje empresas operando e digo aos amigos empresários: Vamos empreender. A hora é agora, a hora é de crescer na crise mesmo”, afirmou. O candidato à reeleição também falou: “Eu levanto a bandeira do emprego, sou um empregador nato, tenho mais de 350 funcionários na minha empresa. Sem dúvida nenhuma sou o maior empregador de Teixeira Soares, num nível geral de empregos”.

Em sua réplica Jakson falou sobre a importância de estimular a geração de empregos na agricultura e afirmou: “Temos conhecimento que a empresa Kadesh não vem a Teixeira Soares”. Lula respondeu: “Isso é você quem está dizendo, candidato. Está assinado já o contrato com a empresa, ela vem. E nós estamos aí com a Feira do Produtor, vindo ao encontro do que você fala, a agricultura familiar”.  Segundo Lula, estão sendo investidos mais de meio milhão de reais na Feira do Produtor, “para trazer justamente o homem e a mulher do campo para a cidade para poder vender os seus produtos”.

Para finalizar o bloco, o candidato à reeleição perguntou ao oponente sobre a conservação de estradas rurais, para evitar alagamentos.  Jakson responde: “Com a garantia da contratação de um engenheiro, teremos uma estrada de qualidade. Ele vai promover um projeto onde as estradas não vão se evadir para as encostas com a primeira chuva, se preciso for, faremos pontes onde for preciso, levantaremos a estrada e não vão ter problemas mais de alagamento ou encalhadores”. Jackson ainda afirma que 70% da renda do município provem da agricultura e que as estradas de qualidade são necessárias, assim como o investimento em agroindústrias.

Em sua réplica, Lula diz: “Quando o senhor fala de engenheiro agrônomo contratado, nós temos o nosso secretário de Agricultura que é engenheiro agrônomo. Já existe lá, as estradas já são preparadas para isso”. Acrescenta: “Quando o senhor fala de mais estradas, nós temos um Técnico de Agricultura que coordena o trabalho das estradas”. E finaliza: “Por isso está dando certo, candidato. É esse o caminho mesmo, profissionalizar nossas ações para que a gente possa seguir com estradas de boas qualidades”. Em sua tréplica, Jackson disse: “Temos que ver a quem está chegando o progresso, se não é apenas para alguns escolhidos, se é para todos os munícipes como realmente foi dito”.

Segundo Bloco

No segundo bloco os candidatos responderam questionamentos dos jornalistas e radialistas. Lula foi o primeiro a responder, sobre saúde e a possibilidade da realização de partos no Município. Ele citou que a saúde tem sido regionalizada pelo Governo do Estado e que a referência de Teixeira Soares será o atendimento aos idosos. Para tanto, segundo o candidato, serão feitos investimentos da ordem de R$ 2 milhões no hospital da cidade. Quanto aos partos, ele disse que para a estruturação do centro cirúrgico, depende de recursos de outras esferas governamentais e não apenas do Município. “Nós temos também, com certeza, vontade de fazer funcionar um centro cirúrgico, mas eu não posso prometer isso aqui, porque se trata de coisas sérias, saúde pública é coisa séria”, disse. Ainda falou que o Município dispõe de médicos obstetra e ginecologista para cuidar das gestantes e que os partos são na Santa Casa de Irati, que é referência neste segmento. “Ninguém está desassistido”, disse.

Jackson foi questionado pelos profissionais dos veículos de comunicação organizadores do debate sobre seu projeto para a melhoria do acesso à internet rural. Segundo ele, esta necessidade ficou evidente com a pandemia e as aulas online.  “A gente vai buscar parcerias para instalar torres de transmissão, distribuição de internet nas áreas rurais e também na cidade. Por que não disponibilizar, na cidade, uma internet de livre acesso para que os nossos alunos possam sim estudar, ter acesso aos seus conteúdos? E não só aos alunos do município, também aqueles alunos que estudam fora”, disse Jackson.

Lula foi questionado sobre sua proposta para fomentar o turismo.  “Temos a gruta sendo revitalizada – o Recando Ecológico Celso Colesel. A partir daí, nós vamos criar a Rota do Turismo, integrando nesta rota famílias da agricultura familiar. Levar as pessoas para conhecer o plantio da uva, o plantio da ameixa, a rota do leite, a rota do vinho e promover desenvolvimento através do turismo”, disse. Ele defende que a cidade é “muito linda, com muita área verde para ser visitada”, e que o setor é importante para a geração de renda. “Nós vamos criar essa Rota do Turismo, agregar valor à pequena propriedade através do turismo. Gera-se muito dinheiro através do turismo e de turismo eu entendo, eu trabalho no ramo de turismo. Teixeira Soares vai ser um celeiro de turismo, porque nós temos um potencial enorme”, finalizou Lula.

Jackson foi questionado sobre educação e a proposta para suprir a defasagem de aprendizado devido à interrupção das aulas em virtude da pandemia. “A gente vai investir fortemente nas escolas, sempre valorizando o professor, que é o profissional responsável por transmitir o conhecimento para os nossos alunos”, disse. Também citou a proposta de fazer seminários para que os alunos compartilhem conhecimentos. Ainda afirmou que fará a doação de uniformes aos alunos.  Logo em seguida, Lula destacou que Teixeira Soares já distribui uniforme e tênis aos alunos.

Terceiro Bloco

Jackson deu início ao terceiro bloco perguntando a Lula como ele avalia a prática de concessão de benefícios a amigos do prefeito.  Lula afirmou: “Entendo que esta não é a realidade de Teixeira Soares, nós cortamos todos os privilégios, pegamos uma folha de pagamento em 54% e hoje está em 48%, portanto nós enxugamos e sabemos como fazer. Cortamos privilégios, fizemos mudanças em todo o sistema operacional da Prefeitura, transformamos a Prefeitura Municipal de Teixeira Soares em uma grande empresa pública, esta é a nossa realidade”. E complementou: “Saneamos as contas públicas a partir deste corte, e respeitando os servidores, nós pudemos investir em saúde, em habitação, em geração de empregos, em renda, em estradas, em lazer, em cultura, em esporte”.

Em sua réplica, Jackson enfatizou que “não existe empresário que faz doação para a campanha, existe empresário que faz investimento e posteriormente ele vai querer retirar o seu financiamento”.  Este comentário de Jackson não leva em conta as mudanças que ocorreram na legislação eleitoral. Atualmente estão proibidas as doações de empresas para campanhas políticas. Os recursos para as campanhas são provenientes do fundo partidário e de doações de pessoas físicas, com limitação de valores.

Na sequência, Lula questionou Jakson sobre as propostas para proteger a população contra a COVID-19. Jackson não respondeu sobre o tema questionado. Disse que o Município fracassou, que falhou na geração de empregos e manutenção de empresas. Acrescentou que seu objetivo é dar prioridade para a geração de empregos. Criticou ainda o fato de não ter médicos todos os dias nas unidades de saúde do interior. 

Em sua réplica, Lula agradeceu aos profissionais de saúde que atuaram para o combate à COVID-19 e disse: “Teixeira Soares não teve nenhum caso de COVID dentro das nossas empresas, nenhum caso dentro do nosso comércio. Infelizmente choramos um óbito, porém, fomos muito rápidos no combate a COVID-19, criamos incentivos aos profissionais de saúde, investimentos em equipamento e segurança”. Ele ainda citou a compra e distribuição de máscaras e álcool em gel para a população e outras ações preventivas ao contágio das pessoas pelo coronavírus. 

Em sua última pergunta para o Lula, Jackson questionou o fato do partido PSL, que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, fazer parte da coligação do candidato à reeleição. Segundo Jackson, são “aliados que que massacram o povo retirando seus direitos”.  Lula respondeu: “Nós não temos uma coligação composta somente por direita ou por esquerda. Temos direita, esquerda e centro. Essa é a política que dá certo, não ficar olhando somente para um lado partidário. O presidente desenvolve as ações dele, eu não represento o presidente, eu sou PSD, o partido do governador Ratinho Junior”. 

Em sua réplica, Jackson disse que seu partido, o PSOL, defende o direito do povo e a liberdade de expressão. Ainda criticou a coligação de Lula (PSD, Podemos, PSC, PSB, PSL e PV):  “É por coligação sem critérios, como a sua, candidato, que a política se transforma em um ‘toma lá dá cá’,  um verdadeiro balcão de negócios, onde aquele que apoia, aquele que é apoiador do seu governo, tem sim seus privilégios e aquele que se opõem têm sim a perseguição”.

Lula respondeu dizendo que está aberto ao debate e à troca de ideias com todas as pessoas e deu o número do seu telefone celular. “Meu telefone é 99987-3701, se alguém quiser falar comigo o tempo todo, as portas do gabinete estão abertas à nossa população, os nossos secretários estão abertos à população”, disse.

Para finalizar o debate, Lula questionou o oponente sobre habitação. Jackson afirmou:   “Ontem mesmo fui até um eleitor de Teixeira Soares e ele manifestou a sua indignação, o seu desabafo. Ele falou que têm pessoas nas casinhas populares (que são para atender a população mais carente), que alugou a sua casa e teve a aquisição de uma casa de moradia popular, que seria para a população carente, não para aqueles que já tem moradia própria”. O candidato ainda falou que pretende buscar recursos federais e estaduais para a construção de novas moradias, sobretudo para atender pessoas que moram em áreas de risco. “Vamos priorizar aqueles que realmente necessitem de uma moradia, aqueles que realmente precisam e não têm condições de pagar aluguel”, disse.

Em sua réplica Lula afirmou: “Nós obtivemos as casas através do Governo do Estado e o critério de seleção foi muito bem elaborado, foi feito com o supervisionamento da Regional de Irati e do Governo do Estado, não foi dado casa para quem não precisava”. Segundo ele, há um déficit habitacional grande e, se reeleito, seu governo buscará parcerias público-privadas para investimentos em habitação. Lula ainda disse: “Também, vamos trabalhar na tão sonhada titulação dos assentamentos, vamos buscar junto ao Governo Federal apoio, junto à Câmara dos Deputados, para titular os assentamentos e regularizarmos a situação desse povo trabalhador que vive em nosso Município”.

Em sua tréplica, Jackson afirmou que nunca os assentamentos são parte dos planos de governo dos candidatos.  “Eu vivo em um assentamento, eu sei como é a realidade de lá. [...] Até hoje fomos esquecidos pelo poder público, se queremos alguma coisa, temos que correr atrás por força própria, porque nenhum candidato ajudou o pessoal dos assentamentos”, finalizou.

Quarto Bloco

No quarto bloco, os dois candidatos fizeram suas considerações finais e pediram voto aos eleitores.

Texto: Letícia Torres e Daniela de Mello

Fotos: Ciro Ivatiuk/Hoje Centro Sul