Jogos eletrônicos violentos influenciam comportamentos agressivos nos jovens?

Por Redação 3 min de leitura

Os atiradores responsáveis pelo atentado que matou dez pessoas em uma escola em Suzano, no mês de março,frequentavam fóruns na internet e compartilhavam o gosto por jogos eletrônicos violentos. Desde então, a influência deste tipo de videogame passou a ser discutida na sociedade. E a discussão chegou ao Congresso Nacional, onde o deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP) criou um projeto de lei que criminaliza os jogos com conteúdo que incitema violência. O projeto foi anexado a outro projeto de lei que tipifica o crime de difusão de violência, que ainda está em análise.Mas, será que criminalizar jogos eletrônicos pode evitar que episódios como o de Suzano se repitam?

Para o professor de filosofia do Instituto Federal do Paraná (IFPR), campus de Irati, Juliano Peroza, é delicado estabelecer uma relação de causa e efeito. “Culpar os jogos é uma maneira fácil de querer resolver questões complexas e a sociedade, quando não compreende, acaba demonizando, acha um Judas para linchar, para ter esse comportamento de explicar rapidamente a origem dos problemas”, explica.

Já para o desenvolvedor de web, Adriano Luís Lopes da Silva, que já trabalhou na área de desenvolvimento de games, os jogos violentos podem ser vistos como um gatilho para pessoas que possuem desvio psicológico ou que estão fragilizadas por uma questão social, induzindo a reproduzir ações virtuais. “Pode se tornar um potencializador para uma pessoa que possui um desvio psicológico, quando há uma pré-disposição. Uma questão social também pode ser um fator. Pode potencializar o desejo de matar de uma pessoa, por exemplo, torná-la mais violenta, tentando reproduzir o que viu dentro do jogo”, disse.

Já o psicólogo Bruno Marques diz não enxergar uma relação direta entre os fatos. “Não acredito que tenha uma relação direta. Você não vê por aí alguém falar que jogos de corrida incitam rachas ou que jogos eletrônicos de futebol incitam pessoas a jogarem futebol”, comentou.

Relação

O professor Juliano destaca que o comportamento agressivo poderia ser desencadeado de várias formas. “Não somente um jogo, qualquer palavra ofensiva poderia desencadear um comportamento violento, independente do quê. O estímulo incita uma resposta, por isso não culpo os jogos em si, da mesma forma que não podemos culpar os fumicultores [produtores de tabaco] de cigarro pelo câncer que ele [tabaco] provoca. A responsabilidade é de quem consome, da educação”, disse.

A falta de conexão entre os jogos e a violência no mundo real é apontada pelo desenvolvedor de web. Para ele, o principal fator é o preparo psicológico. “Eu acredito que não devemos tratar os jogos como uma causa para violência, até porque hoje em dia temos milhares de jogadores online todos os dias, e temos tragédias acontecendo em regiões extremamente bem localizadas. O último jogo de sucesso, o PUBG [Playerunknown’sBattlegrounds], teve 3 milhões de usuários online ao mesmo tempo jogando. Essas pessoas estão preparadas para o que elas estão enfrentando ali naquele jogo, tem ciência de que não é real”, diz Adriano.

O psicólogo Bruno compartilha da mesma opinião, apontando não existir relação direta entre os fatos: “Taxar jogos de violência pelos atentados &ea