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Irati: Os desafios e transformações de uma cidade em desenvolvimento

Referência para os municípios da região, Irati completa 116 anos e cada dia mais passa a enfrentar desafios e mudanças, como demonstram os dados do Censo 2022.

14/07/2023

Irati: Os desafios e transformações de uma cidade em desenvolvimento

Completando 116 anos neste dia 15 de julho, Irati tem testemunhado o crescimento e o desenvolvimento com o passar do tempo. Desde a chegada da estrada de ferro em 1890, e a subsequente vinda de imigrantes de diversas etnias, a cidade floresceu e está cada vez mais se consolidando como um polo regional de destaque.

Com uma população de quase 60 mil habitantes, Irati abriga diversas instituições reconhecidas e é referência para pessoas de outras cidades que buscam oportunidade de desenvolvimento e crescimento profissional no município.

Crescimento populacional

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que desde o censo de 1970 – o mais antigo disponível –, a população do município tem crescido consideravelmente. Ao analisar os números, é possível observar a evolução demográfica e as transformações que ocorreram nos últimos 50 anos.

Em 1970, a cidade contava com pouco mais de 36 mil habitantes. Em 1990 houve um salto significativo, alcançando mais de 47 mil habitantes. A tendência de crescimento continuou nas décadas seguintes e, segundo dados do censo 2022, o município atualmente tem 59.250 habitantes.

De acordo com o representante do IBGE de Irati que coordena a área do censo demográfico, Christian Prestes, o crescimento da cidade foi na contramão de muitos municípios do estado que, inclusive, perderam habitantes. “Em relação a contagem de fato, que é o último dado concreto que a gente tem, que é de 2010, foi um crescimento de mais de 3.000 habitantes, que aumentaram no município nesse período, sendo que muitos lugares esse número diminuiu”, revela.

Transformações sociais, urbanas e rurais

O crescimento populacional em Irati trouxe também a necessidade de transformações sociais e urbanas significativas. A expansão das áreas residenciais resultou no surgimento de novos conjuntos habitacionais, loteamentos e vilas, acompanhados pela ampliação da infraestrutura urbana, com a construção de escolas, unidades de saúde e centros comerciais.

Segundo o representante do IBGE, os dados mostram que apesar do aumento do número de habitantes, a tendência do município é ter residências com menos pessoas morando nelas. “No censo de 2010, a média de moradores por domicílio no total, contando rural e urbano, era de 3,2. E esse número para 2022 ficou em 2,7. Então, em 0,5, essa média caiu. A gente viu que saíram novos bairros e, de fato, eu fiz o trabalho de mapeamento da cidade, de preparação para o censo, e tinham muitas casas que não tinham sido registradas em 2010, que entraram agora. Mas as famílias estão diminuindo de tamanho, e isso está sendo um fenômeno que está acontecendo bastante. Os casais estão tendo menos filhos, você não vê mais aquelas famílias grandes que costumava ver”, detalha Christian Prestes.

Segundo o chefe substituto do IBGE de Irati, Carlos Eduardo Jarema Bozza, a cidade já possui aproximadamente 24 mil domicílios. “Destes, três mil estão desocupados, ou seja, vagos ou para uso ocasional, onde possivelmente o pessoal tem duas residências”, descreve.

Menos moradores na zona rural

Christian destaca também a tendência de êxodo rural em Irati, ou seja, a população que vive no interior do município tem diminuído. “Uma coisa que a percebemos – e que todo mundo percebe – é que aumentou muito o número de casas na área urbana de Irati, a população urbana de Irati cresceu consideravelmente, mas a da população rural diminuiu consideravelmente”, conta o representante do IBGE de Irati que coordena a área do censo demográfico.

Em 1970, a maioria da população (20.668 pessoas) morava na zona rural e 15.803 pessoas na área urbana. Já em 1980 isso mudou e Irati passou a ter quase 21 mil pessoas morando na área urbana contra pouco mais de 19 mil na zona rural. E de acordo com os últimos dados disponíveis, que são de 2010, quase 45 mil pessoas viviam na área urbana de Irati e pouco mais de 11 mil estavam vivendo no interior do município, uma tendência que deve continuar quando forem divulgados os resultados do censo mais atual.

O Secretário Municipal de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar, Raimundo Gnatkowski comenta que cada vez mais são necessários investimentos em políticas públicas voltadas à agricultura familiar, para evitar que problemas sociais como desemprego se agravem em Irati e região. “Nós precisamos fazer uma política para segurar as pessoas na área agrícola, com diversificação. O que nós temos nos preocupado aqui dentro da Secretaria da Agricultura, enxergando já esse êxodo rural, e vendo isso como um grande problema. Quando saem pessoas da área rural, diminui a população lá, mas ela incha a parte urbana, é claro. Automaticamente isso traz um problema de emprego”, descreve o secretário.

Por outro lado, ele explica que há muitos filhos de produtores rurais voltando para trabalhar na agricultura após concluírem os estudos. “Nós estamos observando um pouco de retorno agora das pessoas que saíram da propriedade rural, estão retornando para dentro do agronegócio, muitas vezes levando essa tecnologia que eles vieram e aprenderam em universidades e cursos técnicos. E isso está sendo bom”, avalia Raimundo.

Desafios e perspectivas para o futuro

Apesar das melhorias e do crescimento observados em Irati, a cidade também enfrenta desafios comuns às cidades em desenvolvimento. Por ser referência para os municípios que compõe a Associação dos Municípios Centro do Sul do Paraná (Amcespar), Irati recebe pessoas de mais de mais de dez cidades da região que vêm realizar consultas, trabalhar e/ou estudar, o que exige um constante investimento para comportar essa demanda.

Por conta disso, muitas pessoas que moram em outras cidades enxergam o município de Irati como um caminho para o crescimento profissional e pessoal através de oportunidades de trabalho e estudos. (Confira mais detalhes na página 06 e 09)

A importância das pesquisas 

De acordo com o chefe substituto do IBGE de Irati, Carlos Eduardo Jarema Bozza, os serviços de pesquisa realizados pelo instituto são muito importantes aos setores públicos e privados. Isso porque os resultados obtidos permitem o uso dos dados para nortear investimentos nas mais diversas áreas, como saúde, infraestrutura e geração de empregos.

E desde 2010 a coleta de dados para as pesquisas do IBGE foram ficando mais tecnológicas. “Em 2010 começaram a ser usados celulares já com toque de tela, mas extremamente lentos. Foi uma novidade, mas não auxiliava muito. Com o decorrer dos anos, já foi começado a utilização de uma tecnologia melhor. Hoje os celulares têm o rastreio, então você consegue saber por onde exatamente o recenseador passou desde o momento que saiu da agência ou da casa dele até o setor que ele iniciou o trabalho, exatamente o caminho que ele percorreu”, descreve Carlos.

Em décadas anteriores, as pesquisas eram feitas com papel e caneta, agora utilizam tecnologia de ponta para garantir maior precisão dos dados, explica o coordenador de área do censo demográfico em Irati. “A gente fez um trabalho de supervisão utilizando muitas imagens de satélite, além da supervisão de campo que fazíamos em gabinete, mesmo nas áreas rurais, para garantir que estavam sendo visitados todos os lugares”, detalha Christian Prestes.

Curiosidades sobre Irati

Geografia

De acordo com a Prefeitura Municipal de Irati, oficialmente a cidade tem 19 bairros formais. No entanto, o engenheiro civil Dagoberto Waydzik cita em sua obra “Historicidade: Histórias & Relatos – Bairros de Irati”, que há mais locais popularmente identificados pelas pessoas como “bairros”, apesar de serem loteamentos, conjuntos habitacionais e outras denominações legais.  “Irati pela legislação tem 19 bairros formais, mas tem mais de 40 comunidades que podem ser faladas como bairros”, afirma Dagoberto.  O autor em seu livro cita a Vila São João como exemplo, pois engloba o Jardim Aeroporto, Vila Matilde, Joaquim Zarpelon, Pró-morar 1, Pró-morar 2, Fernando Gomes e Novo Irati.

Além disso, Irati é dividido em três distritos judiciários: Gonçalves Junior, Guamirim e Itapará.

Clima

Historicamente, a temperatura mínima registrada em Irati foi de -7,2 °C em 18 de julho de 1975; e a maior temperatura atingiu 34,6 °C em 11 de março de 2005.

O município apresenta uma variação média, em que o mês mais chuvoso é janeiro e o mês menos chuvoso é agosto, sendo que o maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 175mm em 8 de junho de 2014.

Pré-história

A Formação Irati é muito famosa no mundo paleontológico pela presença de mesossauros. Em 1908, o geólogo Israel Charles White, chefe da Comissão de Estudos das Minas de Carvão de Pedra do Brasil, encontrou restos fósseis de um pequeno réptil em rochas permianas, por ele denominado, "Schisto preto de Iraty", próximo à estação ferroviária. Estes fósseis foram descritos e catalogados por Mac Gregor, que os denominou de Mesosaurus brasiliensis e, reconhecendo sua semelhança com um fóssil encontrado na África do Sul, propôs a equivalência geológica da Formação Irati com a Formação Whitehill, da Bacia do Karoo, naquele país. Esta descoberta tornou a Formação Irati e a Bacia do Paraná mundialmente famosas por ser uma das fortes evidências da então nascente teoria da deriva continental.

Texto/Fotos: Divulgação e Lenon Diego Gauron/Hoje Centro Sul

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