Índios kaingangs retomam a rotina de vida e de venda de artesanato em Irati
Líder indígena relata como foi o período de isolamento na pandemia, quando todos permaneceram na aldeia em Manoel Ribas e enfrentaram dificuldades por não poderem vender seus produtos artesanais.
Devido à pandemia, a Casa de Passagem Indígena de Irati ficou fechada entre os meses de maio de 2020 e julho de 2021. Neste período, os índios da tribo Kaingang que residem em uma aldeia no município de Manoel Ribas e costumam vir a Irati para comercializar seus produtos artesanais não foram mais vistos.
“Nesse período em que ficamos somente na aldeia, a Funai [Fundação Nacional do Índio] ajudou com cestas básicas, não era muita coisa, mas deu para nos mantermos. Não tinha como comprar roupa e as coisas que a gente precisa no dia a dia, aguentamos assim até poucos dias atrás e agora que começaram a liberar o pessoal, depois de todos se vacinarem”, conta Antoninho Crispim, líder dos indígenas Kaingang de Irati.
A pedagoga que coordena a Casa de Passagem, Alessandra Colesel, explica que as definições tanto de fechar, como de reabrir o espaço foram tomadas em conjunto entre o poder público e os índios. “A vacinação dos indígenas ocorreu nos meses de janeiro e fevereiro de 2021, optamos por reabrir a casa somente agora que a pandemia não está em alta, porém estamos sempre reavaliando e dialogando com as lideranças da Casa e da aldeia quanto às medidas de prevenção e cuidados necessários para circulação deles na cidade”, disse Alessandra.
“Nós estamos em Irati há bastante tempo, no teatro não era fácil ficar para poder vender nossos artesanatos, a casa de passagem ajuda muito”, afirma Antoninho Crispim. Ele relembra as dificuldades da falta de energia, água, banheiro e enfatiza que Irati recebe, ajuda e respeita os indígenas que passam pela cidade.
Ele relata que os índios já tiveram seus pertences (colchões, comidas, panelas) furtados ao se dirigirem para a aldeia, na época em que ainda ocupavam o teatro.
“No dia seguinte – parece que Deus ajuda quando a gente está trabalhando –, encostou um carro perto do teatro e um casal veio falar comigo, era a secretária de Assistência Social, a Sybil, ela perguntou o que eu estava precisando e eu disse que ela chegou numa hora boa porque precisava meio de tudo. Ela conseguiu as coisas básicas para mim e começou a conversar perguntando se uma casa de passagem seria bom para nós”, relata o indígena. Antoninho disse à secretária que seria muito interessante, pois no teatro não tinham condições básicas para viverem dignamente.
Quando a Prefeitura de Irati inaugurou a Casa de Passagem Indígena, dia 05 de dezembro de 2019, outro desafio relatado por Antoninho foi convencer todos a saírem do teatro. “Teve algumas pessoas que queriam continuar no teatro e montar uma aldeia”, relembra, comentando o trabalho que teve para convencê-los. “Consegui convencer todos e estamos aqui nessa casa que tem tudo o que precisamos. Irati é uma das poucas cidades que nós atende bem, dá valor para nós, mesmo quando não tinha a casa, eu falo para a Assistência Social que não tenho como agradecer, mas eles falam que não preciso porque é dever deles de ajudar nós, não é qualquer cidade que faz isso que Irati faz pelos índios”, frisou Antoninho.
Após a definição e aprovação do local da casa pelos indígenas, a gestão da Secretaria de Assistência Social foi até a aldeia para organizar as regras de convivência e acesso. A pasta destaca a importância de um acolhimento seguro que vi

