Falta de chuva prejudica produção agrícola e vários setores deverão ser afetados
A agricultura do estado do Paraná vem sendo atingida pela estiagem desde 2019. Na região, as perdas foram maiores na safra 2021/2022, pois a falta de chuva foi na fase de desenvolvimento do feijão, soja, milho e tabaco
“A agricultura é uma atividade de alto risco, a céu aberto é muito difícil controlar o desenvolvimento, por conta das mudanças climáticas”. A afirmação é do presidente do Sindicato Rural de Irati, Mesaque Kecot Veres, que tem acompanhado de perto os problemas enfrentados pelos agricultores da região na safra 2021/2022, quando a estiagem prejudicou todas as culturas, principalmente o tabaco, feijão, milho e soja. Além disso, uma chuva de granizo atingiu muitas propriedades no final do mês de dezembro e provocou perda total em diversas lavouras.
Desde o plantio até na hora da colheita, condições climáticas inadequadas como o granizo, a falta ou o excesso de chuva, e a intensidade do vento influenciam diretamente a produção agrícola.
O agricultor Alberto Carlos Neuman cultiva milho, feijão e soja, na localidade Pirapó, interior de Irati, e conta que a falta de chuvas, especialmente em novembro e dezembro de 2021, prejudicou fortemente o feijão e ocasionou grande perda. “Eu tinha plantado 14 alqueires de feijão, a seca provocou perda de 80%, em média iria colher 100 sacos de feijão por alqueire, e não chegamos a colher 20 sacos”, disse Alberto.
De acordo com engenheiro agrônomo Roberto Celito Henich, que atua Núcleo Regional de Irati da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), nos meses de novembro e dezembro o volume de chuvas ficou abaixo da média histórica. “O período pós-plantio e desenvolvimento das culturas nos meses de novembro e dezembro foi quando ocorreram precipitações abaixo da média histórica. Sendo que em novembro foi registrado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apenas 40,5 mm para uma média de 125/150 mm. E no mês dezembro foi de 29,7 mm para uma média de 150/175 mm”, explicou o engenheiro agrônomo.
Isso prejudicou diversas culturas, não apenas o feijão, mas também a soja e o milho. O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná fechou janeiro com projeção de redução em 39% na produção de soja no Estado para a safra 2021/22, em relação ao potencial. A primeira Previsão Subjetiva de Safra (PSS) deste ano, apresentada pelos técnicos do Deral na quinta-feira da semana passada, dia 27 de janeiro, aponta também que no caso do milho da primeira safra, as perdas estão em 36%, enquanto o feijão terá 31% a menos na produção em relação à projeção.
Por se tratarem de commodities, esses produtos dependem de várias conjunturas, inclusive oscilações decorrentes de produção internacional, mas as perdas monetárias para os produtores paranaenses devem se posicionar entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões. No Estado, o maior impacto para a redução de produção e perda de renda é essencialmente o climático, com a estiagem forte iniciada em 2019, aliada ao calor intenso tanto no ambiente quanto no solo.
“Ser agricultor é correr um risco grande de investimento, porque você não sabe como vai ser lá na frente, se vai colher ou não, está nas mãos de Deus. Tem que ter coragem de investir em uma lavoura, porque não é igual outras coisas que você tem uma garantia. Se der dois anos seguidos de perdas, como esse ano, vai ser bem complicado”, relatou Alberto Neuman.
Chuvas no mês de janeiro
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