Evolução da agricultura tem a infraestrutura, a tecnologia e o associativismo como aliados

Por Redação 4 min de leitura

Sem perder a essência da agricultura familiar, produção de alimentos em Irati começa com a chegada dos imigrantes europeus e passa por processos de modernização ao longo dos anos. Atualmente, Secretaria de Agricultura de Irati incentiva produtores a criarem uma cooperativa para melhorar o preço da compra de insumos e venda da produção

Irati ainda tem como uma de suas principais atividades econômicas o setor agrícola, com a produção de soja, feijão, milho, fumo, leite, cebola, trigo, carne, madeira e outros bens que abastecem o mercado regional e que também vão para exportação. Para chegar até o cenário atual, muita coisa mudou ao longo dos 115 anos de Irati. A agricultura do jeito que conhecemos começou em Irati com a chegada dos primeiros imigrantes europeus, por volta de 1908, e passou a se desenvolver com a chegada da estrada de ferro, das melhorias da malha rodoviária e também dos processos produtivos.

Com a chegada dos primeiros europeus, o Paraná pretendia criar um modelo agrícola que abastecesse o mercado interno, o que não foi possível inicialmente devido às dificuldades da época, explica o doutor em História e professor do Departamento de História da Unicentro, João Carlos Corso. “Irati, lá no final do século IXX, início do século XX, começa a formar as ideias das colônias de imigração. O próprio Estado organizou esse processo, primeiramente mais próximo de Curitiba e, em um segundo momento, ele expande isso para mais regiões como Antônio Olinto, São Mateus do Sul e Irati. Essas regiões não tinham uma economia contínua antes da chegada dos imigrantes. Antes disso, o interior do Paraná foi mais utilizado pelo tropeirismo, para a criação de gado, com o comércio de carne, charque e de mulas, desde o século XVIII, quando foi encontrado ouro lá em Minas Gerais”, descreve.

Quando começaram a plantar, os imigrantes passaram a encontrar dificuldades até mesmo para se manter, devido às limitações da época, o que motivou uma produção de subsistência.

 Algum tempo depois, a estrada de ferro Rio Grande do Sul – São Paulo passou por Irati e alterou esse cenário aos poucos. “Com a chegada do trem, começa a facilitar isso. O fato de ter a estação central em Irati, depois a estação do Gutierrez e depois próximo a Fernandes Pinheiro, vai tendo lugares para levar [a produção agrícola] para fora da região de Irati. Começa a ter a possibilidade de se ter um alimento que vai ser vendido não só para o mercado interno do município”, explica Corso.

Mesmo depois de se passarem vários anos e a estrutura de transportes melhorar, nem todos os produtos conseguiam ser destinados a outros locais naquela época, e muita coisa precisava ser vendida dentro do próprio município. O professor relembra que por ser uma cidade com poucos habitantes, as dificuldades de se comercializar a produção eram grandes. “Meu avô morava na região do Cadeadinho e uma vez ele trouxe uma carroça cheia de batatas para vender em Irati. Ele rodou todos os comércios e ninguém queria comprar, porque não tinha para quem vender, já que a cidade era muito pequena. Aí um comerciante falou que daria um cacho de banana em troca das batatas. Depois de um tempo, ele voltou para ver se o homem tinha vendido – e ele não tinha conseguido vender”, cont