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Estiagem gera preocupação com abastecimento de água para o verão

Apesar da estiagem no Paraná, o abastecimento de água na região Centro Sul está normal. No entanto, o baixo nível dos aquíferos acende o alerta para a economia de água, para evitar a implantação de rodízio no verão

09/11/2020

Estiagem gera preocupação com abastecimento de água para o verão

A estiagem no Paraná acendeu o alerta para o baixo nível dos aquíferos. Caso a pouca chuva permaneça e não se tenha economia de água, o verão dos paranaenses poderá ter diminuição no abastecimento.

Segundo o coordenador de Produção de Água da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Fabiano Icker Oroski, o abastecimento na região permanece normal, mas a continuação de um cenário com pouco volume de chuva é uma preocupação. “A cidade de Irati é abastecida pelo Rio Imbituvão e mais três poços artesianos, sendo 60% da captação no rio e demais 40% de captação subterrânea. Caso a estiagem se prolongue, poderá haver uma redução ainda maior na vazão do rio e também rebaixamento do nível dos aquíferos que abastecem os poços.  Se isso ocorrer, pode haver necessidade de implantação de rodízio para equilibrar a demanda de água”, explica Fabiano Oroski.

O volume de chuva nos últimos meses tem sido pouco. Na estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), instalada em Irati, o mês de setembro registrou apenas 56,5 mm de chuva acumulada, sendo que no mesmo período do ano passado, o volume de chuva ficou em 166,7 mm. Em outubro, o volume de chuvas melhorou, passando para 111,2 mm.

Já dados da estação meteorológica do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), instalada em Fernandes Pinheiro, mostram que os dois meses últimos meses registram chuvas abaixo da média. Em setembro, foram 49,2 mm registrados, sendo que a média histórica é de 134,8 mm. Em outubro, o volume de chuvas também aumentou, chovendo 138,2mm, mas ficou ainda abaixo da média (170,9 mm).

O coordenador de Produção de Água da Sanepar explica que esse aumento de chuvas em outubro não ajudou a dar um aumento significativo na vazão dos rios. “As recentes chuvas serviram para manter a vazão do Rio Imbituvão, mas não houve aumento significativo da vazão, continua com a vazão abaixo do normal”, explica.

O meteorologista da Simepar, Reinaldo Kneib, comenta que essa irregularidade nas chuvas deve continuar. “A previsão para o final da primavera e início do verão ainda é a manutenção da irregularidade das chuvas como já registrados nos últimos meses na região de Irati”, conta.

De acordo com o meteorologista, nesta época, normalmente as chuvas teriam que ser mais frequentes. “O normal era que as chuvas se tornassem mais frequentes a partir da segunda quinzena de setembro e principalmente em outubro”, disse.

Uma das explicações para este período seco é o bloqueio atmosférico que ocorre nos oceanos. “As ondas de calor e os períodos secos foram provocadas pela atuação de bloqueios atmosféricos que se desenvolveram sobre os Oceanos Pacífico Sudeste e Atlântico Sudoeste entre aproximadamente as latitudes de 50 e 60 °S. Esses sistemas meteorológicos alteram a circulação geral da atmosfera (ventos) e impedem o deslocamento de sistemas precipitantes como as frentes frias sobre a Região Sul do Brasil”, disse.

Com isso, a direção dos ventos alterou, trazendo um ar mais quente. “Os ventos médios no inverno e início da primavera sopraram de norte/noroeste, da região Amazônica para o Sul Brasil e transportaram ar quente para o Paraná. O comportamento normal da direção média do vento para a época do ano era para ser de sul para norte na região Sul do Brasil, isto é, predomínio de massas de ar frio, vindas da região Antártica, Sul da América do Sul. Além disso, as massas de ar que predominavam na região tinham características de ser seco, contribuindo para o brilho do sol desde a primeira hora do dia”, explica.

Os próximos meses, a previsão é de que não haja muitas mudanças. O verão na região deverá continuar seco, com poucas chuvas. “O verão ainda deve ser marcado pela irregularidade no padrão da chuva na região de Irati devido a atuação do fenômeno climático La Niña. O fenômeno favorece para que tenhamos períodos prolongados (dias consecutivos) sem chuva no estado do Paraná”, disse o meteorologista.

Economia

Segundo a Sanepar, com a continuação da estiagem, os consumidores terão que economizar água para que o rodízio não seja implementado no verão. “A Sanepar está orientando para que cada consumidor faça uma economia de 20% na média do consumo de sua residência. Essa redução não afetará o uso da água para atividades essenciais, mas será de grande importância para reduzir a captação de água nos mananciais, prorrogando assim o abastecimento regular, caso a estiagem se prolongue, ou até mesmo se torne mais intensa”, explica Fabiano Oroski.

O coordenador de Produção de Água da Sanepar destaca algumas ações que podem ser feitas. “Vale reduzir o tempo de banho, fechar a torneira na escovação dos dentes e usar um copo para o enxágue, esperar acumular a louça para lavar, adotar o uso do redutor de água nos chuveiros, não lavar carros e calçadas enquanto estamos no período de estiagem. Com medidas simples, que não afetam os hábitos e a qualidade de vida das pessoas, é possível reduzir o consumo e minimizar o risco de problemas futuros”, disse.

A longo prazo, outras ações também podem prevenir situações como as atuais. “São ações com resultado a longo prazo, mas que devem ser iniciadas imediatamente. Se cada cidadão plantar, no mínimo, 10 árvores por ano, fazer o consumo consciente de água e de produtos que precisam dessa matéria-prima para sua fabricação, vamos reverter essa situação de crise hídrica, e garantir o futuro com água em abundância e de qualidade. As florestas são as principais produtoras de água, sem elas não será possível reverter esse quadro de estiagens, que a cada ano se torna mais intensa, reduzindo a disponibilidade hídrica em todo o nosso país”, destacou Fabiano Oroski.

No que eu posso economizar?

- Tente diminuir 20% do seu consumo de água;

- Reduza o tempo de banho;

- Evite deixar torneira aberta ao escovar os dentes ou lavar a louça;

- Evite lavar as calçadas com água corrente; reaproveite a água da máquina de lavar ou até mesmo a água da chuva;

Crise hídrica leva Paraná a pedir apoio da União

Nesta semana, na quarta-feira (4), o governador Carlos Massa Ratinho Junior se reuniu com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, em Brasília, e pediu apoio da União no enfrentamento da crise hídrica que assola o Paraná desde o começo do ano. O Estado passa por uma das maiores estiagens da sua história e está sob regime de emergência nessa área há mais de 180 dias – o decreto que prorroga essa condição por mais 180 dias foi editado na semana passada.

“Estamos muito preocupados com essa situação. É uma dificuldade adicional em meio à pandemia. Estamos tentando novas parcerias com a União para acelerar investimentos que serão essenciais nos próximos meses”, afirmou o governador.

Texto: Karin Franco

Fotos: Arquivo/Hoje Centro Sul e Enzio Ivatiuk

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