27/01/2025
Para realizar um sonho, suprir necessidades de subsistência ou para ter uma alternativa de renda extra, o empreendedorismo hoje é a realidade de diversos brasileiros. Três a cada dez jovens do país até os 27 anos têm o desejo profissional de empreender, segundo pesquisa da Universidade Federal de São Paulo em parceria do Instituto IDEIA. Já entre os mais experientes, percalços na carreira podem motivar o empreendedorismo, como ocorreu com as moradoras de Irati Silvia Sedoski e Josiane Lucavei.
A demissão em massa na empresa em que trabalhava levou Silvia Sedoski a buscar novos caminhos em 2004 e começar a produzir doces artesanais sob encomenda. Apesar de vir de uma família com longa atuação no segmento de alimentos e eventos, ela conta que o início não foi fácil, mas que não desistiu. Acrescenta que os desafios continuam presentes no cotidiano de seu negócio até hoje, como acontece com a grande maioria dos empreendedores dos mais diversos segmentos.
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Na avaliação de Silvia, a maior dificuldade que enfrenta em seu ramo de atuação é a sazonalidade, pois a produção de doces é focada em períodos festivos. Datas como Natal, Páscoa e Dia das Mães movimentam a produção e costumam fazer as vendas dispararem. Entretanto, em outros meses, a imprevisibilidade faz parte da rotina. “Esses meses festivos são excelentes por conta da demanda, mas os outros me geram instabilidade por não saber ao certo quantos doces irei vender no mês”, relata a confeiteira.
Assim como Silvia, Josiane Lucavei também decidiu empreender após perder o emprego. Ela decidiu investir na área da estética e começou seu negócio há oito anos. “Eu sempre tive sonho de trabalhar com a linha da beleza, e como na época que fiquei desempregada estava bem no auge a linha das sobrancelhas, resolvi fazer os cursos. entrei nessa área e graças a Deus deu certo”, relata Josiane. Especialista em micropigmentação de lábios e sobrancelhas, atualmente ela e dá cursos sobre o tema e está satisfeita com a profissão que escolheu.
Hoje, no país, os pequenos negócios como os administrados por Silvia e Josiane são responsáveis por quase 30% do Produto interno bruto (PIB), correspondem a 95% das aberturas de empresas e geram 60% de empregos, de acordo com levantamento de dados do Sebrae.
Ter ideias boas e explorá-las, seguir um mesmo pensamento e focar no crescimento, de acordo com a presidente da Associação Comercial e Empresarial de Irati (Aciai), Samara Coelho, são alguns dos passos que um empreendedor precisa seguir para tirar do papel o sonho ou a necessidade de ter um negócio próprio.
Ela vê bastante potencialidade empreendedora na cidade, porém acredita que ainda falta incentivo para que novos empresários comecem a surgir. “Irati tem um potencial realmente grande, temos empresários, sejam mais jovens ou não, com ideias incríveis, temos que colocar os projetos, na prática, e, além disso, a ideia é fazer o empreendedor crescer com a cidade. Focar em crescer juntos”, argumenta a presidente da Aciai.
Samara defende que a Associação Comercial é uma ponte entre os empresários e a inovação do mercado, tanto na parte tecnológica quanto nos produtos e serviços. A entidade pode auxiliar no direcionamento dos novos negócios, para que o empresário tenha mais segurança para realizar investimentos assertivos.
Atualmente a Aciai conta com mais de 520 empresas associadas, que juntas contabilizam 6.800 colaboradores. São empresas de diversos segmentos de negócios, como comércio varejista, supermercados, lojas de materiais de construção, clínicas médicas, odontológicas, prestadores de serviços e profissionais liberais como dentistas, engenheiros e advogados dentre outros.
Além da Aciai, outras entidades que podem oferecer suporte aos empreendedores, tanto iniciantes como aqueles que pretendem melhorar e expandir seus negócios, são o Sebrae e o Senac. Ambos oferecem cursos, capacitações e treinamentos em diversas áreas. O Sebrae abriu um escritório em Irati no ano de 2024 e o Senac está há mais de cinco décadas prestando serviços para a população da região. A unidade completou 53 anos em 2024.
O gerente executivo do Senac Irati, Denilson João Alessi, conta que pessoas que já tem seu próprio negócio ou querem aprender uma nova profissão, podem procuram os cursos de aperfeiçoamento oferecidos nas áreas de saúde, beleza, alimentação, dentre outras. Tanto empreendedores, como trabalhadores que prestam serviços para empresas tem de estarem sempre antenados com as atualizações de suas profissões. “No curso de aperfeiçoamento, o padeiro, por exemplo, vem em busca de uma técnica de confeitar. Surge uma técnica diferente na confeitaria. Ele fez o curso de confeiteiro e quer aperfeiçoar cada vez mais na profissão”, argumenta.
Renda extra que vira negócio
A chef Juliana Guse iniciou sua carreira vendendo um bolo para a vizinha. Ela contou que começou na área da confeitaria faz uns seis anos e atualmente realiza cursos e comercializa bolos personalizados para eventos em Irati e região. “Eu comecei realmente com uma renda extra. Então, foi no início de 2019, era a época de carnaval, e eu decidi fazer um bolo. Na verdade, foram dois bolos para venda. Vendi um desses bolos, pensando nessa renda extra, e uma vizinha muito querida comprou o meu bolo e acabou contando para toda a vizinhança. E aí, aconteceu que começaram a me procurar para fazer bolos”, relembra.
Anteriormente, ela já havia cursado a faculdade de Gastronomia, por gostar da área de alimentação, mas trabalhava com o marido por conta de na época estar desempregada, não imaginava como a confeitaria ganharia espaço em sua vida.
Conquistando clientes
Anderson Mancasz iniciou seu empreendimento recentemente, no ano de 2023. Ele abriu uma barbearia e mês após mês vem aprendendo muito, principalmente em como fidelizar clientes, que foi uma das suas principais dificuldades no ramo.
Para ele, é importante saber se o cliente se encontra satisfeito. “Cada cliente é único e temos que saber que nem sempre iremos agradar a todos”, argumenta o barbeiro. O seu único desejo no momento é continuar investindo no ambiente, proporcionando conforto aos seus clientes.
Números do empreendedorismo no Brasil
Um estudo feito pela Monitor Global de Empreendedorismo em 2023, Entrepreneurship Monitor — GEM, ressalta 47,7 milhões de pessoas entre 18 a 34 anos do Brasil têm potencial de empreender.
O índice de escolaridade desse público é de 74,9% de pessoas com ensino médio ou faculdade completa. A pesquisa internacional com apoio do Sebrae mostra que quanto maior a escolaridade, maior o interesse em empreender.
No ano de 2023, a taxa de empreendedores foi a melhor dos últimos quatro anos, com um aumento de 11,9%. Já em 2024, o Brasil registrou um recorde de empreendimentos, com abertura de 3,3 milhões de novas empresas. Esse aumento é influenciado por diversos fatores, como o ambiente de negócios, inflação, juros, crescimento do PIB e taxa de emprego.
Taxa de sobrevivência das empresas
A taxa de mortalidade entre os pequenos negócios é grande. De acordo com o Sebrae, um estudo realizado entre 2018 e 2021 demonstra que 29% fecham após cinco anos de funcionamento.
Em Irati, a Aciai busca auxiliar os empresários em períodos de dificuldades, dando o apoio necessário para que o seu negócio não feche. “Tem vezes que a pessoa só precisa de uma demanda, uma ajuda um direcionamento para auxiliar nos serviços que ela tem ali”, ressalta a presidente da Aciai, Samara Coelho.
Nenhum empreendimento é fácil. Josiane e Juliana contam que passaram por desafios na hora de enfrentar o mercado. A chef Juliana ressalta que a principal dificuldade foi a fidelização de clientes. “Você vai aprendendo no decorrer do tempo, a questão é você estar ali sendo reconhecido e tendo credibilidade”, diz a confeiteira. A trajetória da profissional da área de estética Josiane é semelhante. Ela destaca que enfrentou vários desafios para chegar onde está hoje. “Atendi quatro anos em casa. Depois, quando eu já tinha uma clientela boa, daí eu vim procurar um espaço mais aberto para atender” ressalta Josiane.
Como se inscrever na Aciai?
Para fazer parte da Associação Comercial e Empresarial de Irati (Aciai) é preciso ter um CNPJ. Ao se associar, pagará uma taxa equivalente à categoria da empresa e tanto o empresário quanto seus funcionários têm descontos em vários produtos e serviços, como exames de saúde, escola e diversos outros benefícios.
Ana Mattos