26/10/2021
O velho fantasma da inflação voltou a assombrar a população brasileira nos últimos tempos. Com o dólar em alta, aumentam os preços das commodities – que incluem os alimentos que são base da ração para a pecuária como o milho e os combustíveis como o diesel e a gasolina.
A moeda brasileira está cada vez mais desvalorizada porque os investidores internacionais não veem o país com bons olhos, sobretudo devido a decisões governamentais duvidosas. A última delas foi o anúncio desastroso de extrapolar o teto de gastos públicos (que já é muito alto) para criar uma super Bolsa Família (agora com outro nome) em 2022, às vésperas das eleições. Segundo o ministro da economia seriam R$ 30 bilhões a mais do que o teto para bancar o Auxílio Brasil, um benefício de R$ 400 em 2020.
Sem interesse dos investidores no país, a geração de novos empreendimentos e empregos mingua, a balança comercial se desequilibra e, na prática, o que acontece é o que todos veem ao irem ao supermercado ou ao posto de combustíveis, tudo vai ficando mais caro. E a rapidez com que os preços têm se elevado assusta o industrial que depende da compra de insumos para fabricar seus produtos, assusta o comerciante que compra da indústria e assusta o consumidor final. É um efeito em cascata, agravado ainda mais pelo problema climático, que tornou a energia elétrica mais cara e aumentou os custos para a produção no país.
A inflação subiu muito. No final de setembro o Banco Central admitiu oficialmente que a inflação do ano de 2021 ficará acima da meta e elevou a estimativa que era de no máximo 5,8% para 8,5%.
E as famílias mais pobres, segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) são as que mais sofrem com tudo isso, não tem mais o supérfluo para cortar a muito tempo e tiveram que diminuir o consumo de alimentos e de produtos de higiene.
As crises econômica e social atingiram patamares que não eram comuns há muitos e muitos anos. É inegável que a pandemia colaborou para a instabilidade no país e para este momento crítico que vivemos. Mas, mais importante do que encontrar culpados, é preciso encontrar estratégias de enfrentamento aos graves problemas socioeconômicos do Brasil.
Reclamar, fazer politicagem ou seguir fanáticos – de esquerda ou de direita – não irá amenizar a crise. É preciso seriedade e atitudes coerentes que tragam de volta a esperança dos cidadãos brasileiros em si mesmos e no potencial do país, pois só assim o desenvolvimento pode voltar a ser sonhado e, mais do que isso, alcançado, longe do fantasma da inflação.