Editorial – Crimes e falta de estrutura
As violências física, psicológica e sexual contra a mulher infelizmente ainda são realidade no país. A força bruta ou o poder de mando ainda fazem com que maus-tratos não sejam apenas barbáries que se adequavam a um passado distante, mas fazem que parte de um presente supostamente evoluído, em que as diferenças de gênero não são tão evidentes.
Para confirmar isso, basta checar os números, as estatísticas. Basta acompanhar o trabalho desenvolvido em Irati pelo Núcleo Maria da Penha da Unicentro. Ou participar de eventos promovidos por integrantes da área de assistência social de qualquer município. Eles relatam o dia-a-dia em locais como os centros de referência em assistência social, onde as verdades aparecem. E só aparecem porque é lá que as vítimas encontram coragem para falar sobre a violência. Que tem espaço e acolhimento de profissionais da saúde, como psicólogos, por exemplo.
Entretanto, mesmo assim a falta estrutura dos municípios brasileiros para atender as mulheres vítimas de violência é gritante. Fato que se repete na região Centro Sul. Em Irati, município pólo, falta uma Delegacia da Mulher, falta uma defensoria pública, falta um Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher, falta um posto do Instituto Médico Legal (IML), onde possam ser realizados exames de corpo de delito, faltam muitas outras estruturas de apoio. Com isso, fica difícil a produção de provas contra os agressores, mesmo que a vítima esteja disposta a denunciar.
Nesta semana, a discussão do tema foi proposta pela rede de enfrentamento da violência à mulher. Entretanto, muitas autoridades não participaram do debate. Parece um problema menor, sobretudo pelo difícil caminho a ser seguido para que haja denúncia, proteção à vítima e responsabilização do agressor. O que parece é se tratar de um crime menor, o que não é verdade.
Estupros, agressões, violência psicológica são crimes graves, que abalam mulheres de todas as idades e classes sócias. Crimes contra a dignidade e que abalam a estrutura familiar, provocando prejuízos ao desenvolvimento social. É preciso dar um basta a isto!

