20/04/2021
Um período sombrio e controverso da história brasileira, a ditadura militar, voltou a ser lembrado nos últimos tempos. De forma incoerente, veem-se pessoas nas ruas protestando, pedindo para voltarem a ter suas liberdades constitucionalmente garantidas cassadas, incluindo o direto de protestar, ora, ora.
A elas falta a compreensão da importância das instituições independentes do sistema democrático se autoanalisando constantemente, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário separados e atuantes. Cada um com papel definido e prerrogativa de debater com os demais para assegurar os direitos mais básicos dos indivíduos, como o de ir e vir ou o cumprimento das leis trabalhistas que a CLT preconiza.
Também lhes falta conhecimento histórico, pois a ideia de que não havia corrupção à época da ditadura é tão correta quanto as discussões de álgebra ou filosofia que possam ser travadas com crianças de três anos de idade, ou seja, elas são impossíveis, pois as crianças não sabem sobre esses temas, assim como a população não sabia sobre o que acontecia de errado durante o regime militar porque tudo que era contrário ao governo não poderia ser dito por ninguém, a imprensa ou não tinha acesso aos fatos ou era censurada, quando tinha. Como as pessoas não sabiam de nada de ruim sobre o governo, tinham a falsa sensação de que estava tudo bem.
Muito dinheiro foi emprestado do exterior para que obras grandiosas fossem realizadas. Coincidentemente as mesmas empreiteiras hoje envolvidas em gigantescos escândalos de corrupção foram criadas nesse período. À época essas construtoras eram diferentes ou à época a censura, a propaganda ufanista e a violência do regime escondiam os erros?
Outro fator incongruente na defesa da volta de ditadura é quem seria o ditador e por quanto tempo. A democracia permite mudanças radicais quando a população não está satisfeita com determinado governante. A cada quatro anos isso é possível, através do voto.
Foi assim que o PT teve um de seus representantes eleito depois de várias vezes concorrendo à presidência da Republica e perdendo. Também foi assim que o PSL, um partido pequeno, fez campanha eloquente contra o PT e conseguiu eleger um presidente.
E deverá ser assim a escolha do próximo comandante mor do País, através da decisão da maioria dos cidadãos brasileiros, que podem estar felizes ou insatisfeitos com este ou aquele candidato, que podem opinar, podem protestar, podem votar e decidir quem fica e quem sai. A democracia nos garante isso, a possibilidade de participar do processo político, de ter acesso às informações sobre qualquer governo, de escolher o melhor.
Texto: Letícia Torres