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De pai para filho: Quando a profissão do pai inspira o filho a seguir pelo mesmo caminho

13/08/2022

De pai para filho: Quando a profissão do pai inspira o filho a seguir pelo mesmo caminho

O que o mecânico de bicicletas Aliton Carlos Pereira e o médico anestesiologista Yuki Schneider Aoki têm em comum? Ambos escolheram as mesmas profissões de seus pais, atuam em Irati e continuam trocando experiências com eles no dia-a-dia de trabalho

Ainda enquanto crianças, os filhos costumam se espelhar nos pais como exemplos a seguir. Repetem gestos, palavras e buscam inspiração naqueles que estão presentes em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento. A figura paterna geralmente transmite confiança e exerce influências que podem se estender para a vida adulta, inclusive na escolha da carreira profissional.

É o caso de Aliton Carlos Pereira, atualmente com 26 anos. Ele decidiu seguir a profissão do pai Antonio Carlos Pereira, mecânico de bicicletas, aos 14. Por coincidência, seu pai começou no ramo com a mesma idade, quando adquiriu a Bicicletaria Tuta há 42 anos.

Depois que aprendeu com o pai a profissão, Aliton comenta que não parou mais de atuar na área.  “Nesse ano vai completar 12 anos que eu estou trabalhando aqui junto com o meu pai na loja, e tudo começou quando ele decidiu abrir a loja número dois aqui no [bairro] Rio Bonito, quando eu iniciei as atividades com ele. Ele já tinha a loja dele no Centro e eu já o ajudava nos consertos e em tudo mais. Aí quando ele abriu aqui eu tomei a frente e estamos até hoje”, relembra.

Ele conta que tomou gosto pela profissão enquanto ajudava seu pai nos consertos, e que o aprendizado é constante. “Aprendi tudo na prática. Meu pai foi me ensinando cada dia uma coisa nova e eu fui aprendendo tudo com o tempo. Tomamos gosto pela profissão porque cada dia aprendemos uma coisa nova, até nos dias de hoje, porque com a evolução das ‘bikes’, cada dia aparece alguma coisa nova para a gente fazer”, destaca.

Antonio conta que passou a incentivar o filho a aprender a consertar bicicletas quando percebeu que ele gostava de fazer aquele trabalho. Ele lembra que foi o próprio filho que tomou a iniciativa de querer aprender cada vez mais e que decidiu que iria atender na nova loja do pai no bairro Rio Bonito.

“Ele já começou com a iniciativa de ir mexendo sozinho nas bicicletas, aí eu o incentivei a ‘tocar’ a loja sozinho. Agora eu fico em uma loja e ele na outra, mas não somos concorrentes. Ele faz a parte dele sozinho e eu faço aqui. Desde pequeno trouxe ele para cá e já fui ensinando tudo sobre bicicleta. Ele tinha vontade de aprender e agora ele não sabe fazer outra coisa senão consertar bicicleta. O ramo dele vai ser esse e, a hora que eu me for, ele vai ficar tocando as bicicletarias. Eu entrei aqui em 1980, como empregado, e agora em outubro vai fazer 42 anos. Meu filho veio trabalhar comigo, me lembro até hoje, ele era um piá pequeno ainda, e começou a aprender comigo”, relembra Antonio.

Outro iratiense que decidiu seguir os passos do pai é o médico Yuki Schneider Aoki. Atualmente ele trabalha como anestesiologista na unidade do Hospital Erasto Gaertner de Irati. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, cursou Residência em Anestesiologia no Hospital de Clínicas da UFPR e retornou para Irati em seguida. Yuki também se inspirou em seu pai, o Dr. Ricardo Massakazu Aoki, médico especialista em Urologia e Medicina do Trabalho, que atua no município há quase 40 anos.

“Não consigo lembrar exatamente quando decidi seguir a mesma carreira de meu pai, mas tenho a impressão de que a vontade de me tornar médico vem desde que comecei a pensar mais seriamente sobre isso, passados aqueles sonhos de infância de ser astronauta ou super-herói”, relembra Yuki.

Ele comenta que seu pai deu toda a liberdade para que ele escolhesse a profissão que quisesse exercer, sem pressão para seguir o mesmo caminho. No entanto, como a profissão faz parte da família, o convívio e admiração levaram Yuki para a área da saúde, dando continuidade na escolha que seus pais fizeram. “Apesar de ele sempre falar que eu tinha toda a liberdade para escolher a carreira que quisesse, para que não me sentisse na obrigação de seguir seus passos, o convívio com ele e minha mãe, que também é médica, teve muita influência na minha escolha. Sempre admirei muito a dedicação deles e sentia muito orgulho quando algum paciente vinha agradecê-los por um tratamento bem sucedido”, descreve.

Influências, gostos e aptidões

Seguir a profissão do pai pode ser visto como motivo de orgulho na família, além de ser uma forma de homenagear aquele que, no processo de criação, transmite valores como ética e respeito aos filhos. Para a psicóloga Juliana Godoi Cosmos a influência do pai pode trazer benefícios para o desenvolvimento dos filhos enquanto jovens. É papel dos pais também ficarem atentos às demonstrações dos filhos sobre talentos que podem ser desenvolvidos com a maturidade.

“Os pais são influencias naturais dos filhos. Se bem trabalhada, esta influência pode trazer ganhos tanto ao desenvolvimento da criança/adolescente quanto na relação de ambos. As escolhas são construções realizadas diariamente, sendo assim, nas brincadeiras infantis, já começam a serem demonstrados gostos e aptidões que poderão destacar-se futuramente na escolha profissional”, explica a psicóloga.

No ponto de vista dela, a influência dos pais pode ser fundamental para as escolhas dos filhos, sobretudo quando há a valorização dos dons e desejos de aprendizado que a criança ou adolescente tem. “Valorizar a escolha dos filhos, oportunizar a estes conhecer profissões, ter contato com profissionais de diferentes áreas, participar de feiras de profissão e cursos, ajudará os adolescentes a se conhecerem melhor, a reconhecerem seus gostos, desejos, aptidões, explorarem possibilidades, a fim de possibilitar uma maior realização profissional, ampliar sua visão de mundo, oportunizando que a decisão dos adolescentes tenha um embasamento e possa ser a melhor para aquele momento”, explica Juliana. 

Quando a influência é negativa?

Entretanto, ela alerta que os pais não devem projetar desejos ou sonhos reprimidos em seus filhos. Deve-se deixar a escolha final por parte deles para uma maior chance de alcançar o sucesso na profissão em que escolherem. “Não existe problema no fato dos filhos escolherem a mesma profissão dos pais, caso seja essa a identificação destes, porém há a necessidade de tomar cuidado na transferência de desejos dos pais, desejos profissionais não realizados, idealizações financeiras, definição de carreiras consideradas de sucesso”, avalia a psicóloga.

Troca de experiências

Aliton destaca que mesmo trabalhando em uma loja em um local diferente, mantém contato e proximidade com seu pai, tanto na família como também nos negócios. “A gente trabalha em conjunto. Às vezes ele precisa de alguma coisa minha, eu preciso de alguma coisa dele e assim a gente vai se ajudando. Ele que me ensinou o que eu sei fazer hoje”, detalha.

Antonio reafirma que a relação entre pai e filho é um constante processo de aprendizagem e troca. “Tem coisas que eu tenho que aprender com ele, que é mais novo, e tem coisas que eu faço e ele aprende. Já com as bicicletas mais modernas, quem mexe mais é ele, eu estou mais na ‘antiguidade’ ainda. E mudou muito. Antigamente as bicicletas eram mais básicas, hoje já mudou tudo. Já tem bicicleta com freio hidráulico, bicicleta com mais capacidade, mais qualidade. Aí temos que investir em ferramentas, que são caras, alicates especiais, chaves são todas em um padrão diferente que se exige do que era antes. Às vezes pego um serviço que não consigo fazer sozinho, aí ele vem me ajudar. E às vezes quando ele precisa, eu fico lá também”, comenta Antonio.

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Além da inspiração para seguir a carreira dos pais, manter a proximidade com a família também pode servir de incentivo para prosseguir com o bom trabalho conta o médico Yuki. “Tendo voltado à minha cidade natal, sempre senti que tinha um nome a zelar, mas de forma alguma isso me gerou algum tipo de estresse, pelo contrário, só me motiva a continuar seguindo seu exemplo”, acrescenta Dr. Yuki.

Atuar na mesma profissão do pai pode ser motivo de orgulho para os filhos. Yuki conta que foi emocionante passar pelos mesmos corredores que seu pai, agora médico de sucesso, passou enquanto era estudante. Ele recorda que sentia orgulho e inspiração quando professores o reconheciam, sentimento que se estende até os dias de hoje. Além disso, a troca de aprendizados entre pai e filho ainda é constante.

“Tem muitas coisas boas. Começou já na época da faculdade, meu pai também é formado pela UFPR, e me emocionava quando, caminhando pelos corredores do Hospital de Clínicas, eu passava pelo quadro de formatura da turma de 1979 e via lá a foto dele. Ou então quando tinha aula com algum professor que ao ver meu nome me perguntava se eu era parente do Ricardo, depois vinham me contar alguma história antiga dele. Hoje em dia tenho o privilégio de trabalhar junto com ele, frequentemente faço a anestesia para os pacientes que ele opera. Quando tenho alguma dúvida sobre urologia, sempre levo o caso para discutir com ele, e ele faz o mesmo quando a dúvida é sobre anestesia”, detalha Yuki.

“Não consigo lembrar exatamente quando decidi seguir a mesma carreira de meu pai, mas tenho a impressão de que a vontade de me tornar médico vem desde que comecei a pensar mais seriamente sobre isso, passados aqueles sonhos de infância de ser astronauta ou super-herói”, conta o médico Yuki Aoki

“Tomamos gosto pela profissão porque cada dia aprendemos uma coisa nova, até nos dias de hoje, porque com a evolução das ‘bikes’, cada dia aparece alguma coisa nova”, diz o mecânico Aliton Pereira

Texto: Lenon Diego Gauron

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