De hospital municipal a referência estadual: Santa Casa de Irati completa 90 anos de história

Fundada para que a comunidade pudesse trazer seus doentes, dadas as dificuldades para que os médicos atendessem nas residências, ao longo dos anos a Santa Casa evoluiu muito. Hoje o hospital é referência em maternidade, gestação de risco e UTI Neonatal. Na entidade já são realizadas cirurgias por videolaparoscopia e, segundo o provedor Ladislao Obrzut Neto, a modernização contínua é uma das metas
A Santa Casa de Irati celebra nove décadas de existência, marcadas por avanços e expansão. De uma pequena unidade municipal, o hospital se transformou em referência para o estado do Paraná, destacando-se na área de média complexidade.
O provedor da entidade, o médico Ladislao Obrzut Neto, conta que o hospital nasceu da necessidade de um local fixo para o atendimento médico e foi evoluindo ao longo dos anos. “A complexidade foi aumentando de acordo com o que nós fomos crescendo”, afirma. A Santa Casa é hoje referência em maternidade, gestação de risco e UTI Neonatal, segundo ele. Além disso, o provedor afirma que o hospital é o único no Paraná a atender gestantes com transtornos mentais. “Nós somos referência hoje também para o atendimento de gestante que tem transtorno mental e dependência química e vem pessoas do Paraná inteiro”, explica Ladislao.
A gestão profissionalizada é outro ponto de destaque. Com uma equipe de aproximadamente 350 funcionários e 50 médicos, a Santa Casa conta com um corpo multidisciplinar para oferecer atendimentos diversos, como fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia e assistência social.
“Para administrar a Santa Casa, eu como provedor, tive que fazer um curso de gestão hospitalar. Então, eu sou especialista em gestão”, conta Ladislao, ressaltando que essa era uma prática ausente no passado. “No passado era pela boa vontade. Ah, fulano trabalhava em tal lugar, pode ser administrador”, relembra.

Início
A história da Santa Casa de Irati começou com um problema simples: a dificuldade de locomoção de médicos para atender os doentes em casa, sobretudo os moradores de comunidades distantes.
“Em 1935, quando se pensou em fazer a Santa Casa, era para resolver o problema do médico”, relata Ladislao. O hospital foi fundado para que a comunidade pudesse trazer seus doentes e estes tivessem condições de atendimento.
Desde então, a instituição cresceu e se solidificou, atendendo hoje quase 90% dos pacientes pelo SUS, segundo o provedor. “É meio difícil manter, mas a gente consegue, devagarinho vai indo”, afirma Ladislao.
Estrutura
Com área construída de 7.583 metros quadrados, a Santa Casa de Irati é um Hospital Filantrópico que atende os municípios da 4ª Regional de Saúde do Estado do Paraná (Irati, Fernandes Pinheiro, Imbituva, Guamiranga, Teixeira Soares, Rebouças, Mallet, Rio Azul e Inácio Martins), além de pacientes encaminhados pelo sistema da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.
A entidade segue as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), que define a estrutura, as portas de entrada para o atendimento na saúde pública. “Hoje a Santa Casa já não é a porta aberta”, explica Ladislao. Isso significa que o atendimento pelo SUS na Santa Casa é feito aos pacientes encaminhados pelo Pronto Atendimento, pelo Consórcio de Saúde e pelo SAMU.
Modernização e especialização
A modernização tecnológica constitui-se como um pilar fundamental na história de evolução da entidade. Ladislao enfatiza o contraste do passado com o presente: “De um raio-x antigo, que nós tínhamos lá em 1983, hoje nós temos dois raios-x, tomografia, mamografia, ecografia”, detalha. O avanço não se limitou aos equipamentos, mas também às técnicas cirúrgicas. “Antigamente era cirurgia só aberta, hoje no centro cirúrgico já se faz por videolaparoscopia. Então, os avanços foram na técnica, na qualidade e na prestação de serviço.”
O provedor reforça o compromisso com o futuro, com a meta de adquirir aparelhos de última geração e adotar a cirurgia robótica. “O plano é esse, devagarinho se atualizando nas técnicas e na modernidade do atendimento”, afirma, pontuando que a medicina se instrumentalizou e a Santa Casa seguiu esse mesmo caminho.
Proximidade com a comunidade
Ao longo dos anos, o hospital sentiu um afastamento da comunidade. Para reverter essa situação, a Santa Casa iniciou um projeto de aproximação, que envolve diferentes ações de marketing. Uma delas foi o evento realizado no último dia 16, na área central da cidade para lembrar os 90 anos da Santa Casa. Foi realizada a distribuição flyers, medição de pressão arterial e glicose, além de orientações à população.
Outra iniciativa é a divulgação de depoimentos de lideranças, enfatizando a importância da Santa Casa. O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi, e o secretário de Saúde, Beto Preto foram alguns dos que gravaram depoimentos, além de deputados estaduais e federais. “Estamos fazendo a comunidade lembrar que a Santa Casa existe”, afirma o Ladislao.
Além do contato com a sociedade, a instituição busca uma abordagem humanizada e uma das novidades é o projeto de espiritualidade no atendimento. A iniciativa, que está em fase inicial, visa promover o bem-estar emocional de pacientes e colaboradores.
“São as quatro religiões que aparecem na nossa região com mais prevalência: Catolicismo em primeiro, evangélico em segundo, espírita em terceiro e em quarto candomblé. Essas quatro religiões para a gente promover com que tanto o colaborador como o paciente esteja mais apto a receber uma tranquilidade emocional por causa da sua religião, se estabilizando para poder se recuperar melhor, evoluir de uma forma melhor através da sua própria religião, quer dizer, favorece ao crescimento interno de cada um”, finaliza.
