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COVID-19: Sem vacina e respeito às restrições durante a reabertura ainda é um desafio

19/10/2020

COVID-19: Sem vacina e respeito às restrições durante a reabertura ainda é um desafio

Nos últimos meses, a rotina antes de sair do portão de casa é a mesma para todos: checa a carteira, as chaves e aproveita para ver se está com o tubo de álcool em gel em mãos. Mas antes de sair, você se lembra que esqueceu de vestir a máscara e tem de voltar. A reabertura trouxe uma nova rotina que mudou o nosso cotidiano, trazendo mais restrições e mais cuidados para serem tomados. Para alguns, a adaptação foi mais tranquila, mas para outros, tem sido difícil viver em um mundo com tantas restrições.

Segundo as autoridades, essas restrições ainda são necessárias para manter a tendência de diminuição de casos que ocorre na região. O chefe da 4ª Regional de Saúde, Walter Trevisan, explica que na região, os casos positivos de Coronavírus começaram a diminuir. “Estávamos coletando o teste RT-PCR, uma média de 200 coletas por dia, no momento mais crítico, com uma positividade muito alta, com 75 a 80 casos que aconteciam de positividade. Agora nós acabamos tendo uma diminuição de coletas por dia. Nós estamos coletando uma média de 80. Uma diminuição de em torno de 60%, que vimos que reduziu. E proporcionalmente, os casos estão se mantendo na faixa de 30 a 35 casos semanalmente”, explica.

Essa diminuição fez com que Irati publicasse na última semana o decreto nº 283/2020, que permitiu a realização de cerimônias, como festa de casamento e batizado, com até 100 pessoas e a realização de reuniões privadas com até 30 pessoas, e também a portaria nº 255/2020, autorizando o funcionamento de berçários. Apesar das permissões, as restrições como distanciamento de mesas, uso de máscara e higienização continuam.

Para o chefe da 4ª Regional, os hábitos adquiridos até o momento precisam continuar. “O que queremos recomendar à população nesse momento é que mantenham a higiene das mãos, o uso do álcool, procurar arejar os ambientes de alguma forma, através de alguma ventilação. O distanciamento social permanece como sendo importante e o uso da máscara”, explica.

Para o médico Daniel Thiengo, especialista em Medicina Intensiva, apesar da reabertura, as orientações ainda continuam as mesmas. “A principal medida de prevenção que temos contra o Coronavírus ainda é o isolamento social, até que as vacinas estejam disponíveis para a população. As recomendações se mantêm. Evitar sair de casa, só sair quando tiver extrema necessidade disso. Se for necessário sair, sempre usar a máscara. Respeitar o espaço de cada pessoa. Evitar aglomerações. Evitar filas”, disse.

Desrespeito às restrições

Antes mesmo da reabertura em alguns municípios, o desrespeito às restrições já acontecia. Na região Centro Sul, muitos casos positivos de Coronavírus aconteceram porque houve reuniões familiares. Nos últimos feriadões, como o Dia da Independência e Dia de Nossa Senhora Aparecida, as pessoas se aglomeravam em praias e bares, mesmo com a orientação de distanciamento social.

Para a consultora e especialista em Gerenciamento da Raiva, Patrícia Santos, esse desrespeito pode ter origem em muitos fatores. “Algumas pessoas tendem a enxergar as restrições como uma ameaça, seja à sua liberdade, aos seus desejos ou aos seus direitos. E existem pessoas que têm baixa tolerância à frustração. São pessoas geralmente mais irritadas e que negam a realidade. O grande problema é que elas não conseguem enxergar que a ameaça é a doença, a pandemia e não os órgãos que estão impondo as restrições, colocando o foco no lugar errado. E, dentro desse contexto, de negação, acabam não ligando muito para as regras, saindo sem máscara, fazendo aglomerações”, explicou.

Segundo a psicóloga Milena Fernandes é normal sentirmos estresse durante esse período de distanciamento social, já que o relacionamento é algo da natureza humana. “Contudo, a única maneira de frearmos a pandemia é diminuindo os contágios, e o isolamento é fundamental para que o vírus não se propague. Portanto, quando desrespeitamos as restrições, estamos prolongando essa fase. Neste momento, precisamos deixar de lado a recompensa imediata de estar com amigos em um bar, por exemplo. Essa postura nos será custosa! Temos que pensar que nossas ações hoje, definirão os próximos dias e meses”, avalia.

Para ela, a tecnologia pode ser uma solução momentânea para as pessoas que sentem falta dos relacionamentos. “Teremos que nos reinventar como pessoas e na maneira de nos relacionarmos. Neste caso, a tecnologia pode ser uma ótima aliada! Encontros com amigos, cafés com familiares, aniversários, mas todos virtuais, são formas que as pessoas têm encontrado de se sentirem próximas daqueles que fazem falta e sentem saudades”, disse.

Lidando com as emoções

O período da pandemia de Coronavírus trouxe sentimentos intensos durante o isolamento, especialmente por causa das incertezas que o período impõe. Mas enquanto uma vacina ainda não é distribuída, as pessoas precisam saber lidar com esses sentimentos.

De acordo com Patrícia Santos, emoções como a raiva podem ser controladas com algumas mudanças no dia a dia. “É preciso se atentar ao sono e não somente às horas dormidas, mas também à qualidade do mesmo. A raiva é acionada através de pré-condições, dentre elas, a fome, a ansiedade, o estresse, o cansaço, a dor, abuso de drogas e álcool. Nessa pandemia, vimos também aumentar o nível de consumo de álcool, no Brasil, mesmo com todos os bares fechados. Quanto mais a pessoa bebe, mais irritada ela fica depois, é o efeito rebote da bebida, tem também a insônia e todo um pacote de fatores que vai fazendo a pessoa ficar estressada, ativa a amígdala, que ativa a suprarrenal e vem o cortisol, adrenalina, etc. A pessoa fica refém desses hormônios que são os hormônios do estresse entrando em luta ou fuga”, disse.

As incertezas do futuro e a dificuldade de convivência com familiares também podem ser desafiadoras, mas os sentimentos podem ser manejados com algumas mudanças. Para Milena, as pessoas podem adotar algumas estratégias. “Criar e aproximar-se de redes de apoio (amigos, família, comunidade, profissionais, etc) para falar de seus medos e incômodos; lembrar-se de estratégias que te ajudaram em outros momentos de crises ou sofrimentos e filtrar o acesso a notícias para que uma possível sobrecarga não gere impactos psicológicos. A terapia psicológica mostra-se como um espaço possível para ampliar a sua percepção e compreensão de si nesse processo, com intuito de percorrer esse momento de maneira menos solitária e mais confortável”, explica.

Patrícia ainda destaca que outras mudanças também podem ser incorporadas. “Exercícios físicos regulares, rotina, conversar, entender o outro, a busca pelo prazer de viver pode ajudar nesse momento e fazer toda diferença dentro de casa”, disse.

Milena lembra que a condição estressante que veio com a pandemia e que se mantém diante das incertezas sobre como conviver com o Coronavírus afeta todos.  “É necessário entender que não estamos sozinhos em nossas angústias e partilhar isso pode ser uma maneira efetiva de assimilá-las construtivamente”, diz.

Enquanto a vacina não vem

Segundo os especialistas, é preciso aceitar esse momento de incertezas. “Precisamos aprender a suportar essa indefinição. Inclusive de não saber como será esse nosso “novo-mundo”, como será o retorno ao trabalho, às convivências, às escolas, entre outros espaços sociais tão importantes. O que pode ajudar é nos mantermos informados sobre as ações que devemos adotar como precaução, para que possamos nos sentir um pouco mais seguros. É um momento de cautela e esse estado de alerta pode causar momentos de ansiedade. Portanto, cuidar de sua saúde física e mental é essencial”, explica Milena.

Para o chefe da 4ª Regional de Saúde, o momento é de aprender e respeitar. “Eu acredito que estamos aprendendo a conviver nesse mundo novo, respeitando. Eu posso não concordar com nada disso, mas eu tenho que respeitar o próximo, respeitar as pessoas que estão tomando as medidas de precaução. Não dá para se revoltar nesse momento de uma situação que estamos vivendo”, conta.

E a vacina?

Uma das grandes indagações mundiais é quando teremos uma vacina contra o Coronavírus. A expectativa é que até o primeiro semestre de 2021 se tenha alguma vacina pronta. No entanto, a distribuição para a população poderá ser somente mais tarde. Para os especialistas é arriscado dizer uma data. “Nós não temos uma perspectiva de a vacina estar liberada para o grande público. Isso ainda deve demorar alguns meses para acontecer. Por isso as medidas de isolamento social são importantíssimas”, conta o médico e gestor da Terapia Intensiva do Hopital Icaraí, Daniel Thiengo.

A infectologista do Grupo Pardini, Melissa Valentini, explica que mesmo depois da criação da vacina, ainda há mais passos que precisam ser planejados. “Depois disso, precisa-se avaliar como serão produzidas, qual a capacidade de produção, como serão distribuídas e qual seria o público prioritário para ser vacinado”, explica.

Atualmente, nove vacinas estão em fases finais de testes (fase 3), duas delas sendo testadas no Brasil. “Nesse momento está sendo avaliado a produção de anticorpos e a reação das células de defesa a vacina e a segurança das mesmas. Nesse contexto, elas aparentemente estão se saindo bem. Entretanto, ainda é cedo para sabermos quanto tempo essa resposta dura e se realmente essa reação irá prevenir a doença grave. Normalmente o desenvolvimento de uma vacina demora muitos anos, mas no caso da COVID-19 esse processo está sendo agilizado pela gravidade da pandemia”, conta.

O chefe da 4ª Regional de Saúde, Walter Trevisan, explica que o Paraná já se programou para adquirir doses das vacinas e que a distribuição na região deverá ser feita primeiramente para grupos de risco, como profissionais da saúde. Porém, ainda não há previsão de quando começará. “O estado já sinalizou a compra. Já sinalizou a parceria com os laboratórios, e tão logo comece a trabalhar, com certeza a 4ª Regional de Saúde receberá no momento certo as doses. Não temos nenhuma sinalização ainda da Secretaria Estadual de Saúde (SESA). Mas sabemos que há um grupo de pessoas trabalhando, não só da SESA, mas dentro da TecPar [Instituto de Tecnologia do Paraná], enfim, outros órgãos do Estado. Mas existem protocolos que são obrigatórios a serem seguidos para evitar justamente algum efeito colateral que possa ter efeito à população”, disse.

Irati tem caso de Covid-19 em recém-nascido

Na quinta-feira (15), Irati confirmou o caso de Covid-19 mais jovem na cidade. Trata-se de um recém-nascido, que iniciou com sintomas após sete dias de vida. Felizmente, a criança apresenta apenas sintomas leves da doença.

Com essa notícia, a Secretaria de Saúde de Irati vem relembrar os cuidados de prevenção. Caso algum residente da mesma casa apresente sintomas gripais, evitar o contato direto com a criança e com a mãe, visto que ambos são grupos de risco nesse momento. Se tiver que se aproximar, que seja usando máscara adequadamente e sempre lavando as mãos antes. Evitar receber visitas e manter a casa ventilada.

Karin Franco

Fotos: Thainá Ferreira/Hoje Centro Sul e Divulgação

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