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Conheça histórias de mulheres que lideram iniciativas transformadores e inspiram o protagonismo feminino

11/03/2024

Conheça histórias de mulheres que lideram iniciativas transformadores e inspiram o protagonismo feminino

Em meio à celebração do Dia Internacional da Mulher, Irati testemunha a atuação de mulheres que, à frente de projetos inspiradores, moldam não apenas suas próprias vidas, mas também transformam a comunidade. Essas histórias destacam a resiliência e a contribuição significativa das mulheres para uma sociedade mais justa e próspera

O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, torna-se um palco para celebrar as vozes inspiradoras de mulheres que lideram e transformam. Mais do que um dia de comemoração, a data é um convite à reflexão sobre a importância de reconhecer e amplificar as conquistas femininas em todos os setores da sociedade.

Em Irati, histórias de mulheres que estão à frente de iniciativas que mudam a vida delas e de outras através de suas experiências, sonhos e desafios, mostram a força que elas trazem para a construção de um mundo mais justo, igualitário e próspero.

A luta pela causa feminina

A luta pela igualdade de gênero e contra a violência que vitimiza muitas mulheres é uma convicção que Sybil Dietrich traz consigo desde a infância. Foi testemunhando as injustiças sociais que ela decidiu dedicar sua carreira a defender os direitos das mulheres e dos grupos mais vulneráveis da sociedade. “Desde criança eu sempre senti um incômodo pelas injustiças sociais e a questão feminina na própria família, nas relações amorosas ou familiares. E aí fui crescendo e me formei em psicologia. É uma área que eu me identifiquei, fiz minhas pesquisas na área. E ser mulher não é só você se incomodar com a relação que você percebe na vida dos outros, na história, mas na nossa própria história, o quanto a gente é afetada por essa desigualdade de gênero, por esses preconceitos. Acredito que não tem uma mulher que não tenha sofrido algum tipo de violência, violação ou preconceito mesmo em relação aos seus potenciais, pelo simples fato de ser mulher”, avalia Sybil, que é secretária municipal da Mulher, do Idoso e da Criança de Irati.

A percepção da discriminação de gênero no mercado de trabalho surgiu durante a faculdade, quando ela fazia estágio no setor de Recursos Humanos de uma empresa e observou que, na escolha entre dois candidatos igualmente qualificados, a preferência era frequentemente  o homem. “O que me marcou não foi a escolha deles ter sido por um homem, mas foi a fala deles. O currículo dela era muito melhor do que o dele, nas dinâmicas de grupo, nas entrevistas, ela tinha saído um pouquinho acima dele, mas o que pesou na escolha e foi a frase que eu ouvi naquela reunião foi: ‘Mas ela é mulher, vai chegar o momento que ela vai querer acompanhar o marido dela, então a gente vai perder essa profissional’. Então, o que pesou e o que ficou ali foi o fato de ela ter sido mulher, e aquilo me marcou muito”, relata Sybil.

Desde então, ela se dedica à luta pelos direitos das mulheres e dos grupos mais vulneráveis da sociedade através das secretarias que administra – ela também é secretária municipal de Assistência Social. Sua atuação no setor público sempre demonstra comprometimento com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “Todas essas ações, todos esses acontecimentos ao longo da minha vida, fizeram com que eu pensasse formas de a gente transformar isso concretamente através de políticas públicas, através de uma secretaria. E é isso que eu venho tentando exercer como retorno da minha formação para a sociedade”, destaca.

Importância da mulher na liderança

Sybil defende também que a ascensão feminina a cargos de liderança, principalmente na esfera política. “É fundamental as mulheres estarem ocupando diversos espaços. Hoje eu vejo que está se tornando essencial as mulheres ocuparem a política, sempre foi algo muito masculino”, comenta. Ela frisa que mais de 50% dos eleitores são mulheres e não tem 20% de mulheres na política. “E isso faz com que a gente continue uma sociedade desigual, porque a política é feita de representatividade”, avalia.

Mulher independente

Elita Maria Rossa Sartoretto é uma mulher que dedicou sua vida para conquistar independência financeira, trilhando esse caminho por meio de uma jornada de aprendizados incansáveis.

Ela faz parte do Projeto Guabiroba, uma das apostas de sucesso de desenvolvimento no agronegócio do município de Irati. A proposta é fazer o processamento da polpa da fruta para a produção diversos produtos, como sucos, geleias, sorvetes e farinha; também para a área cosmética, na produção de cremes e sabonetes. “Eu faço parte do projeto há quase três anos. Já estou desde o início e o projeto está aqui na minha casa. Todo o desenvolvimento final está aqui, inclusive os picolés confeccionados. Eu sou responsável também por organizar e buscar parceria agora para colocar o produto final, tudo já legalizado, tudo bem etiquetado, bonitinho”, relata.

Desde a infância, Elita adotou a aprendizagem como lema de vida. Incentivada por sua mãe, que sempre a inspirou, começou a fazer cursos em busca de novos conhecimentos. “Desde os dez anos eu gosto de fazer cursos. Minha mãe sempre me incentivou a aprender a fazer as coisas, ser independente. E isso foi entrando na cabeça e fui pegando gosto. E desde então eu não paro de aprender. Se eu não estiver fazendo um curso presencial, eu estou fazendo online e procurando aprender para sempre ter a minha renda de uma forma ou de outra”, descreve.

Os aprendizados já adquiridos vão desde artesanato até culinária e paisagismo. Todas atividades que podem resultar em renda extra. Para isso, Elita pesa cuidadosamente a viabilidade de cada empreendimento, considerando o retorno do investimento de seu tempo e esforço.

Outras tarefas que ocupam o dia de Elita é o manejo das vacas e também sua estufa de orquídeas. “Tenho aqui vacas leiteiras, então faço para o consumo um queijo, uma manteiga, um requeijão e acabo vendendo para o pessoal também. Eu tenho uma estufa grandinha. Eu repasso orquídeas, no caso, faço mudas e comercializo orquídeas. Isso para mim também é um refúgio, uma válvula de escape, um negócio que faz bem para alma, que eu me identifico bastante”, conta. Ela acrescenta que ainda faz artesanato quando sobra tempo no seu dia.

Autonomia para as agricultoras

Tânia Aksenen Muzeka é presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Irati (Coami). Residente da localidade da Linha B de Gonçalves Junior, ela dedicou sua vida ao trabalho na agricultura, onde identificou e enfrentou os preconceitos que as mulheres encontram nesse setor.

“Desde pequena, trabalho na agricultura, comecei com meu pai e depois com meu esposo. Sempre tive o desejo em lutar pela causa das mulheres. Muitas mulheres ainda sofrem com a discriminação de muitos homens em muitas áreas apenas por serem mulheres. E na agricultura não é diferente, mas se Deus quiser, vamos mudar essa situação da desigualdade entre homens e mulheres”, comenta.

Foi através da criação de uma cooperativa que ela viu a oportunidade da valorização dos agricultores, inclusive das mulheres que trabalham sozinhas nesse setor. “Por iniciativa da prefeitura, junto com a Secretaria da Agricultura e os agricultores, começamos, em março do ano passado, e em junho conseguimos organizar todos os documentos”, lembra a presidente da cooperativa.

Além de Tânia, a cooperativa conta ainda com Gilberto Zampier como diretor financeiro e Antônio Barteko como técnico administrativo e atua em segmentos como cereais, erva-mate, mel, fruticultura e pecuária de leite e de corte.

Com a cooperativa, os agricultores conseguem prosperar e obter maiores lucros, o que pode ser uma boa alternativa de renda para mulheres que buscam sua independência. “Como em todas as áreas, na agricultura não é diferente, as mulheres, junto dos seus maridos ou algumas sozinhas são as que movem uma boa agricultura. E uma cooperativa visa o bem maior aos seus cooperados, então para os agricultores estarem associados é bem lucrativo”, afirma.

Ela acredita que o trabalho da mulher muitas vezes é desvalorizado e faz alusão ao acúmulo de tarefas que muitas precisam dar conta no dia a dia. “Eu sou agricultora, esposa, filha, mãe, e às vezes sou enfermeira, professora, massagista, psicóloga e advogada. Enfim, sou mulher”, enfatiza.

Associação de mulheres do bairro Engenheiro Gutierrez

Há mais de 10 anos, a Associação de Mulheres Artesãs de Sabão Ecológico de Engenheiro Gutierrez (Amaseg) de Irati produz sabão reaproveitando óleo de cozinha usado. No entanto, esse trabalho vai além de produzir sabão, pois também desempenha um papel vital para as mulheres do bairro.

“Somos, no momento, em seis mulheres que se reúnem toda semana para produzir o sabão em barra e líquido e fazer as vendas. O começo foi no Clube de Mães daqui de Gutierrez, aí queríamos nos diferenciar dos artesanatos e falamos em fazer o sabão. Antigamente era feito de cinza e então surgiu a ideia do reaproveitamento de óleo. Depois de muitas receitas, fomos adequando até chegar à receita certa”, conta a presidente a Amaseg, Rosangela de Souza Gonçalves, que também trabalha no setor de limpeza da Unicentro de Irati.

Ela destaca o apoio contínuo da comunidade na doação de óleo e na compra dos produtos, o que garante uma renda a mais para as mulheres que fazem parte da associação. Além disso, o projeto colabora com as pessoas carentes do bairro, que são auxiliadas através de diversas ações sociais. “A população sempre nos ajuda com o óleo usado, trazendo e fazendo a doação. E também comprando o produto. A nossa associação vem para contribuir com a renda das senhoras e com trabalho de ação social”, relata, citando iniciativas como a festa das crianças e o café para ajudar pessoas carentes.

No período que antecede a Páscoa, as mulheres da associação também fabricam ovos de chocolate, que são doados para escolas. O grupo também promove pasteladas para obter renda para viabilizar ações sociais.

O sonho dos membros da Amaseg é ter uma sede própria para continuar produzido o sabão e também conseguir fazer com que o sabão fabricado em Gutierrez chegue às prateleiras dos supermercados. Rosangela conta que para que o produto possa ser vendido no comércio, elas aguardam a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Enquanto esperam, fazem as vendas de porta em porta, na Feira do Produtor Iratiense, lojas de artesanato e na rodoviária de Irati.

Já a tão sonhada sede própria da associação deverá ser instalada nas proximidades do refeitório do Complexo Gari, no Condomínio Industrial de Irati. De acordo com a secretária de Arquitetura, Engenharia e Urbanismo, Jéssica Custódio, o projeto já está aprovado e aguarda a viabilidade perante ao Governo do Estado. "Estamos no aguardo de eles nos enviarem o edital de licitação", explica a secretária.

Com uma rotina que começa às 5h da manhã e que envolve seu emprego formal, cuidar da família e da casa, Rosangela fala com orgulho da associação que contribui com as mulheres e com a proteção da natureza. “A Amaseg é uma boa parte da minha vida e da minha história. Espero ter muitas coisas para contar e contribuir também com a questão do meio ambiente, deixando um pouco de exemplo bom para geração futuro”, diz.

Secretaria da Mulher

Criada em agosto do ano passado, a secretaria da Mulher, do Idoso e da Criança (Semuci) já está com algumas ações consolidadas. “Já conseguimos colocar em prática alguns programas, serviços e projetos. Um deles é o Centro Integrado de Atendimento à Mulher de Irati, que inauguramos em novembro. Um espaço em que a gente tem lá a equipe da Casa de Apoio à Mulher Vítima de Violência trabalhando. E temos o Centro de Referência de Atendimento à Mulher Vítima de Violência, que também foi instituído em novembro do ano passado. Então, temos dois serviços, que são da política da mulher”, explica a secretária Sybil Dietrich.

Diferentemente da Secretaria de Assistência Social, que acolhe pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, a Secretaria da Mulher, do Idoso e da Criança atua na proteção de pessoas de todas as classes sociais que enfrentam algum tipo de violência ou discriminação.

Em 2024, a Semuci priorizará iniciativas que buscam fortalecer a participação ativa das mulheres na sociedade. “Os projetos que temos construído agora, para a gente colocar em prática em 2024, não visam só essa quebra do ciclo da violência, e sim, a sensibilização da sociedade nesse sentido do fim da violência, mas do protagonismo feminino, da oportunidade das mulheres em pensar na valorização, na oportunidade trabalho, na educação”, descreve.

Nesta sexta-feira (8) a Secretaria Municipal da Mulher, da Criança e da Pessoa Idosa promove uma Audiência Pública na Câmara Municipal de Irati às 13h. Na ocasião, será apresentado o Plano Municipal Decenal de Políticas Públicas para as Mulheres.  

Texto: Lenon Diego Gauron

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