Com dedicação, sapateiros de Irati preservam o ofício que é transmitido ao longo das gerações

Por Redação 4 min de leitura

Em Irati, Estanislau Zakowicz e Joel Amorim da Costa são mestres na arte de consertar e fabricar calçados. Com décadas de experiência, ambos compartilham boas histórias sobre a profissão, aprendizados e paixão pelo trabalho manual que atravessa gerações

Há mais de cinco décadas, Estanislau Zakowicz mantém viva a tradição da sapataria artesanal em Irati. Cercado por ferramentas antigas e equipamentos que carregam as marcas do tempo, o sapateiro, agora com 75 anos e mais de meio século de profissão, ainda demonstra o mesmo entusiasmo que o motivou a começar na carreira, aos 17 anos, em Rebouças.

Há pelo menos 30 anos, ele atua no mesmo endereço, na Rua Nossa Senhora de Fátima, na Sapataria Irati. No local, entre ferramentas de reparo que se tornaram suas companheiras fiéis e memórias de calçados feitos sob medida para clientes de toda a região, Estanislau compartilha detalhes de sua trajetória, reforçando o valor do ofício passado de geração em geração.

O aprendizado

Com um brilho nos olhos ao recordar o início de sua carreira, Estanislau Zakowicz relembra a paixão que o motivou a se tornar sapateiro. “Eu sempre tive vontade de aprender, de mexer com isso. Entrei nesse ramo com 17 anos, mais ou menos. Entrei numa sapataria lá em Rebouças, e em vez de ganhar para trabalhar, eu tinha que pagar para ficar numa pensão. O sapateiro não cobrava nada para ensinar, mas eu trabalhava de graça e pagava a pensão”, conta com alegria.

Após meio ano, ele já dominava o básico do ofício e, a cada dia, aprimorava suas habilidades. “Fiquei seis meses com os que trabalhavam lá, fui aprendendo com o pessoal que trabalhava na sapataria, eu ajudava eles. Com seis meses aprendi a profissão, fui aperfeiçoando no dia a dia. A parte de costura, de fazer os cortes para o sapato, esse eu aprendi sozinho”, relata.

Estanislau destaca as mudanças que os padrões de calçados sofreram ao longo dos anos, à medida que a preferência dos clientes evoluiu. “Eu fui aperfeiçoando cada vez mais”, comenta. “Antigamente, fazíamos meia-sola de couro. Quando eu fabricava botinas, eram pesadas, duras. Agora, as pessoas querem calçados leves, maleáveis, então isso mudou bastante.”

Histórias que se entrelaçam

Além de sapateiro, Estanislau também já atuou em outros ramos, sem deixar de lado a profissão que carrega até hoje. “Com 21 anos, eu entrei numa fábrica de carroceria e aprendi a fazer desenho de carroceria, pintura, madeiramento”, conta. Ele diz que a profissão de ferreiro praticamente já não existe mais, pois atualmente as peças vêm prontas e as pinturas são automatizadas. “Antes era desde o parafuso, tudo era feito manual”, recorda.

No entanto, foi justamente esse talento de Estanislau em fazer pinturas que ligou sua história a de Joel Amorim da Costa – que, depois, também se tornou sapateiro e atualmente mantém a Sapataria do Amorim, na Rua 19 de Dezembro.

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Natural de Campo Mourão, Amorim mudou-se para Irati em 1974 e começou a trabalhar com Estanislau. “Foi por acaso que eu comecei essa profissão de sapateiro, porque eu gostava de desenhar. Quando eu era novo ainda, eu tinha uns 12, 13 anos, eu gostava muito de fazer desenhos. O Estanislau fazia esses para-barros de caminhão – antigamente a gente via, agora já não tem mais

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