Atendimento em casos de violência à mulher é criticado por vítimas
Falta de estrutura especializada é uma das causas por problemas no atendimento oferecido
Era feriado do Dia do Trabalhador, quando Luísa* saiu de uma festa e procurou um táxi. Ela encontrou no veículo,entregou o endereço e o carro saiu para fazer a corrida.
Luísa começou a perceber que a rota para o endereço indicado estava diferente e que a corrida estava demorando mais do que o usual. “Não era pela rota onde eu estava acostumada a vir. Até a hora que ele começou a passar a mão na minha perna”, conta.
Foi então que o taxista começou a perguntar por que ela não havia passado o endereço de sua casa. “Eu nunca tinha visto esse taxista, nem feito corrida com ele. Eu falei, em uma tentativa de amenizar a situação, que iria para a casa do meu namorado, para colocar que tem alguém me esperando. Eu lembro que ele começou a usar palavras abusivas comigo e eu falei para ele só me levar até o meu destino e travei”, relata.
Em certo momento, o taxista acelerou. “Eu comecei a ficar desesperada e ele tentando erguer minha saia. Foi quando eu vi alguns amigos da janela do táxi e eu gritei”,conta.
Os amigos não entenderam e apenas acenaram. “Pensei: ‘Vou tirar proveito disso’. Eu falei: ‘Olha, meus amigos sabem que eu estou com você, anotaram a placa do carro. Ou você me deixa ou eles vão me achar’. Ele ficou com um pouco de medo e falou: ‘Não, agora a gente vai’”, disse.
Ela conta que o taxista avançou em uma preferencial, quase batendo em um carro, e foi obrigado a fazer freada brusca. “Foi essa hora que eu destranquei o carro. Não sei como porque foi muito desesperador. Só destranquei e me joguei do carro e sai correndo. Ele fez a volta e veio atrás de mim, e aqueles mesmos amigos que eu tinha falado, que deram tchau, estavam me esperando para ver o que ia acontecer e me ajudaram”, conta.
Atendimento
Com a queda, Luísaacabou se machucando. Mas o choque pelo episódio foi o mais marcante. “Eu estava em estado de choque e não conseguia parar em pé”, disse. Por isso, amigos não permitiram que ela fosse diretamente para a delegacia fazer o boletim de ocorrência.
Ela foi apenas no dia seguinte, juntamente com sua avó. No entanto, durante o atendimento, feito por homens, ela passou por uma nova violência. “Eu até escutei: ‘Mas você estava de saia?’. Foi quando minha avó se sentiu muito incomodada com o que estava acontecendo e ligou para o advogado vir. Quando ele chegou, a conversa foi diferente e eles resolveram ir atrás”, disse.
Com a passagem de 24 horas do ocorrido, a prisão em flagrante não foi possível. O inquérito foi aberto e uma audiência foi marcada.
Impunidade
A sensação de impunidade continuou entre os amigos de Luísa, que acabaram brigando com o taxista em outra festa ocorrida no fim de semana. “Todos se revoltaram e virou uma confusão de gente e piazada batendo nele e algumas pessoas tentando separar, porque se deixassem tinham linchado ele”, disse. “Nessa confusão de gente, ele tentou me bater e foi quando chegou um amigo meu, e começou a bater nele e saiu correndo. Eu fiquei tão revoltada que em um momento de explosão eu pensei: ‘Não, ele não vai carregar mais ninguém’. Comecei a quebrar o táxi”, disse.
A situação fez o grupo ir novamente para a delegacia de Irati. Para ela, o segundo atendimento foi pior e ela conta que sentiu descriminação. “O policial fal

