19/12/2024
A magia do Natal sob o olhar das crianças e a nostalgia de quem carrega memórias de uma vida inteira e já celebrou a data por muitas vezes
Entre o brilho nos olhos de quem está descobrindo o mundo e a sabedoria daqueles que carregam uma vida de histórias, o Natal revela diferentes sensações. Se para as crianças a data é sinônimo de presentes e sonhos, para os idosos é um convite à lembrança das festas passadas e às conquistas de uma jornada bem vivida. Alunos da escola municipal Mercedes Braga e da Escola Sementinha, e um acolhido do Asilo Santa Rita, de Irati, contam como veem o Natal em diferentes perspectivas
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O Natal traz diferentes significados conforme cada etapa da vida. Para as crianças, é um momento de magia, esperança e expectativa, enquanto para aqueles que já viveram muitos natais, é tempo de recordações, tradições e reflexões. Alunos de escolas de Irati e o senhor Ariel Kintópe, de 73 anos, acolhido do Asilo Santa Rita, contam como veem e comemoram o Natal.
O Natal pela perspectiva infantil
Para as crianças, o Natal é sinônimo de alegria, reunião em família e, claro, presentes. Heloísa Vitória Ribeiro de Souza, de 10 anos, aluna da Escola Municipal Mercedes Braga, de Irati resume o que a data representa para ela: “O Natal para mim significa o nascimento de Jesus, pois ele salvou o mundo. Eu também gosto da família reunida e dos presentes”. E é ela quem monta a árvore de Natal: “Na casa da minha avó, eu que monto a árvore de Natal. Eu começo com as bolinhas até formar a árvore e começo a decorar até ficar bem bonita”, conta.
Heloísa diz que seu passatempo favorito no Natal é jogar ‘Stop’ com a família e expressa o seu desejo para esse Natal. “Se eu pudesse pedir qualquer coisa de Natal, seriam miniaturas ou livros de matemática, porque eu gosto da matéria. E coisas não-materiais, eu pediria toda a família reunida neste Natal”. Ela brinca que a única coisa que a deixa triste é quando seus avós brigam.
Para Ketelin Chaiane Martins Mota, de 8 anos, aluna da mesma escola que Heloísa, o Natal é uma época especial, que a faz feliz. “Para mim, o Natal significa o nascimento de Jesus e a chegada do Papai Noel. Eu fico muito feliz por poder brincar com meus primos, mas às vezes a gente briga. Mas eu fico mais feliz por causa da comida do Natal, meus tios assam bastante carne”, lembra.
Apesar de amar os doces e as brincadeiras com os primos, ela admite que não gosta de uma parte: “A bagunça sempre sobra para mim”, conta. Já sobre a decoração de Natal, o que ela mais gosta é pendurar os pisca-piscas pela casa.
Para Bryan Vieira Gerônimo, de 11 anos, que também estuda na Escola Mercedes Braga, o Natal significa a vinda do Papai Noel. Ele diz que o que mais gosta da data são os presentes e compartilha sua lembrança favorita: “Eu tinha o sonho de ter uma bicicleta, pedi ao Papai Noel e ele entregou na minha casa. Brinquei muito com ela”, conta. Para ele, o Natal é também uma época de viagens e momentos de diversão com sua irmã. Ele conta com um sorriso no rosto que gosta também de decorar a árvore de Natal com bolinhas e presentinhos.
Bernardo Bueno de Souza, de 9 anos, aluno da Escola Sementinha, de Irati, descreve o que a data significa para ele. “O Natal para mim é o nascimento de Jesus, a gente se reunir em família, é o amor, é a esperança, paz e muita coisa boa”. Para ele, uma das melhores lembranças também foi ganhar uma bicicleta do Papai Noel.
Bernardo explica que para ele o espírito natalino se reflete não apenas nas luzes e decorações, mas também nas tradições familiares que criam memórias especiais. “Na minha casa eu e minha mãe sempre colocamos na porta um enfeite, a árvore, a gente fez na escola algumas decorações e eu já coloquei na nossa árvore. Normalmente a gente se reúne na casa da minha tia e todas as comemorações fazemos lá. É o ponto de encontro, reúne todo mundo da família, é muito legal, eu jogo futebol com meus primos”, conta.
Já Samuel Pereira Santos, aluno da mesma escola que Bernardo, também de 9 anos, descreve o Natal como “o nascimento de Jesus, esperança, paz, amor, é muita coisa boa, as crianças felizes com presentes e muito amor”. Ele complementa: “O Natal para mim é a família reunida”, descreve.
Para ele, essa data especial guarda recordações que o enchem de felicidade. “Eu tenho duas lembranças boas. A primeira é que eu estava na casa da minha avó, minha família é bem unida, chegou o Papai Noel com presentes, todo mundo ficou muito alegre, pulando, as crianças todas animadas. A outra lembrança foi quando eu fiquei muito feliz por ganhar um celular, um fone de ouvido e um trator”, conta com um sorriso no rosto. Ele complementa que a decoração em sua casa é simples, mas bem caprichada.
A árvore de Natal e a magia das coisas simples
Para as gêmeas Sabrina e Amanda Battistelli Martins, de 9 anos, também alunas da Escola Sementinha, a montagem da árvore ganha destaque. Com um sorriso contagiante, elas contam com orgulho que criam seus próprios enfeites de papel, tornando a decoração um momento familiar de criatividade e memórias. “A gente gosta de montar a árvore com enfeites de papel. A gente desenha na folha de papel, recorta, pinta, faz o lacinho para pendurar e quando terminamos todos, penduramos na árvore. E tem de vários natais que já fizemos”, conta Amanda.
Sua irmã Sabrina conta que para elas “o Natal é o nascimento de Jesus, gratidão, alegria, amor”, destaca. “E o que eu mais gosto do Natal é a família reunida”, complementa.
Amanda concorda, e acrescenta que a comida natalina ocupa um lugar especial nas celebrações. “Eu gosto muito do Natal por causa dos amigos reunidos, da família e também por causa das comidas do Natal que é a melhor parte”, brinca. As gêmeas dizem estar ansiosas para brincar com a cachorrinha Cacau, que faz parte da família de uma das primas que elas vão encontrar no Natal.
Já para Artur de Santana Estevão, de 10 anos, aluno da mesma escola que as gêmeas, tudo é novidade. Ele chegou recentemente a Irati vindo de Santos (SP) e diz estar ansioso por este Natal, pois seus avós virão o visitar. “Para mim o Natal é o nascimento de Jesus, paz, amor, novas oportunidades, esperança e muito mais. Eu também gosto muito dessa data por causa de todos reunidos”, destaca.
Para ele, o Natal é marcado por momentos simples, mas cheios de magia. Ele recorda com carinho uma experiência especial que viveu: “Eu lembro de uma vez que eu acordei, eu estava esperando ganhar um bonequinho de presente, eu acordei de madrugada, vi que o presente estava lá, eu peguei e fui dormir de volta com o bonequinho”, lembra.
Artur conta que a decoração de sua casa também é simples e bonita, que ele ajuda a família a decorar. Um dos seus momentos preferidos da data é quando a família se reúne e ele pode jogar futebol.
Recordações e reflexões de uma vida toda
Ariel Kintópe, de 73 anos, é acolhido no Asilo Santa Rita de Irati desde 2021. Ele traz uma perspectiva nostálgica e reflexiva sobre o Natal. Ariel cresceu no bairro Vila São João, onde viveu por mais de 40 anos e relembra com carinho os natais da infância. “O Natal sempre foi especial. Meu pai trabalhava na lavoura, então a gente preparava um porco, um bezerrinho para o Natal, já deixava preparado especialmente para a data, a minha mãe fazia bolacha caseira, eu lembro muito bem desde que eu tinha uns 5 anos mais ou menos”, recorda.
Ele relembra com saudade as tradições natalinas de sua juventude e destaca momentos que uniam a comunidade em celebrações de fé. “Naquela época tinha a capelinha, a gente levava nas casas, nós íamos rezando o terço com velas nas mãos, tinham as outras celebrações, hoje parece que não se vê mais isso, mas era muito bonito”, conta.
Ariel compartilha como o Natal mudou ao longo dos anos para ele. Entre memórias, perdas e resignações, ele conta como encontra forças na fé, sem se prender a momentos tristes do passado. “Hoje o Natal para mim, eu vou te falar a pura verdade: a gente tem que se conformar com o que passou, mas para mim não é igual era antes. Primeiro por causa da idade, segundo porque tive baste desilusões na minha vida depois de adulto, com algumas perdas importantes. Mas eu não me entrego, deixo minha vida nas mãos de Deus, então agora tudo que vier está ótimo. Eu acho que não adianta nada ficar remoendo o passado, é sofrer duas vezes. Temos que viver o presente”, enfatiza.
Ariel conta como é passar o natal acolhido no asilo em Irati. Este ano, ele escolheu passar a data com seus amigos no local. “Eu tive três natais que eu não passei aqui no asilo, passei na casa dos parentes, mas agora nesse Natal eu não vou sair. Até falei para os meus amigos que nesse Natal quero passar aqui com eles. Sempre temos comemorações aqui, teve uma vez que veio comida lá da churrascaria, veio garçom servir para nós, foi bem chique”, brinca. Ele acrescenta que no local não sente falta de nada e que o atendimento feito pelos profissionais é exemplar.
Com votos de esperança e alegria, ele destaca o desejo de que a data seja especial não apenas para ele, mas também para seus amigos acolhidos. “Eu gostaria de deixar uma mensagem de Natal, que é o desejo de muitos anos de vida para todos, muitas felicidades. O que eu desejo para mim, eu desejo para todo mundo. Por isso eu quero um Natal bom para mim, para meus amigos e amigas que tenho aqui. Que seja um Natal feliz”, conclui.
Festa de Natal e dos 104 anos da Dona Maria José
Além das festas natalinas, o Asilo Santa Rita comemora uma data muito especial nesta quarta-feira, dia 18 de dezembro: os 104 anos de vida de Maria José Triunfo, uma das residentes mais queridas da instituição. Conhecida por sua história inspiradora e por sua conexão com a comunidade local, Dona Maria José é símbolo de longevidade, força e afeto.
De acordo com o psicólogo da instituição, Fábio Ricardo Ledesma, Maria José viveu sua vida no bairro Pedreira, em Irati, e era conhecida como "Dona Mariazinha da Pedreira" e por seu amor aos animais. “Ela tinha, acho que 15, 16 cachorros na época. Então, muita gente a ajudava com a cuidar dos bichinhos. Tanto que, uma vez ela veio e não ficou na instituição por causa disso. Ela só ficou quando uma pessoa se comprometeu a assumir os cuidados com os animais dela, aí ela acabou aceitando a ficar aqui. Ela veio com 99 anos, vai fazer 5 anos que ela está aqui”, recorda o psicólogo.
Ele destaca que, em uma ocasião marcante, a instituição comemorou essa data tão significativa ao lado de outra acolhida especial. “A gente tinha a dona Maria Joaquina também, que infelizmente, já nos deixou. As duas comemoraram os 100 anos praticamente juntas. Agora, nesta semana, a gente vai comemorar 104 da Maria José, vamos fazer o almoço com todos os funcionários, fazemos uma confraternização, que será também o almoço especial de Natal”, conta.
Programa de apadrinhamento torna o Natal dos idosos mais especial
O psicólogo Fábio Ricardo Ledesma do Asilo Santa Rita explica detalhes do programa de apadrinhamento afetivo, que proporciona momentos de alegria aos acolhidos durante o ano todo, mas especialmente no Natal. “Quem tem interesse em ter esse convívio com o nosso acolhido basta vir aqui, a gente apresenta os que não têm padrinho nem madrinha, e a pessoa pode preencher o termo de compromisso e aqui a ficha de cadastro para se tornar um padrinho ou madrinha”, explica.
Ele explica que os padrinhos têm diferentes formas de se envolver com os idosos, variando nas opções de apoio e acompanhamento. “Existe diferentes graus de comprometimento. A maioria deles é um convívio. Eles vêm, eles visitam, alguns preferem levar para suas casas, levar para fazer um passeio. A única coisa que a gente pede é que agendem com antecedência, porque a maioria dos nossos acolhidos aqui, tomam remédio”, explica.
Ele destaca a importante contribuição dos padrinhos para tornar o Natal especial no Asilo Santa Rita. “E no Natal, os presentes são doados pelos padrinhos. Até agora, a gente tem aqui 64 acolhidos e 14 ainda não tem padrinho nem madrinha. Quem tiver interesse basta nos procurar ou ligar aqui na instituição, dizer que tem interesse em participar do programa ou de vir conhecer”, explica.
O Asilo Santa Rita está localizado na Avenida Noé Rebesco, 1775. O telefone para quem quiser saber mais sobre o programa de apadrinhamento é o (42) 3422-2608.
Para quem não tem disponibilidade em se tornar padrinho ou madrinha, também pode doar presentes de Natal para os acolhidos do asilo. Esses presentes serão direcionados aos 14 idosos que ainda não têm padrinhos.
Aniversário no dia 25 de dezembro
Para a professora Nadi do Rocio Stadykoski, da Escola Sementinha, o Natal traz um significado único: ela nasceu no dia 25 de dezembro. Seus alunos, que não deixaram esse detalhe passar em branco, veem essa coincidência como motivo de comemoração, e a própria professora descreve o fato como uma bênção. “Celebrar meu aniversário em uma data tão especial me faz sentir abençoada.”
Texto e fotos Lenon Diego Gauron