A contribuição da imigração eslava para a cultura e o desenvolvimento da região de Irati

Por Redação 3 min de leitura

Conheça mais sobre os motivos da imigração eslava na região, como ucranianos e poloneses foram submetidos a proibições ao longo dos anos e como descendentes destes povos conseguiram seguir com a sua cultura até os dias atuais

Diversas culturas ajudaram a construir e desenvolver o município de Irati ao longo dos seus 111 anos, que foram completados neste domingo, 15 de julho.

Desses diversos povos que estão aqui, os imigrantes de origem eslava estão entre os predominantes, tendo contribuído para o desenvolvimento não só de Irati, como da região.A forte imigração ucraniana e polonesa faz com que Irati e região tenham características peculiares e tragam um pouco da cultura eslava para o Sul do Brasil.

Imigração

Segundo o professor do Núcleo de Estudos Eslavos da Unicentro, Campus Irati, e mestre em História, Rhuan Targino Zaleski Trindade, a imigração de ucranianos e poloneses no Paraná ocorreu a partir do fim do século XIX, mas é no início do século XX que a região de Irati começa a ser marcada pelos imigrantes.

Muitos fatores foram essenciais para a imigração eslava no estado. A crise econômica e os diversos conflitos políticos dos povos fizeram com que o país se tornasse a esperança de um recomeço. “São dois povos que foram marcados por dominação, marcado às vezes por falta de independência política, por processos de desnacionalização, principalmente os ucranianos e poloneses com impérios vizinhos que os dominaram. No caso polonês, são três impérios. No caso ucraniano, é mais o Império Russo”, conta o professor.

No Brasil, além de encontrarem um lugar propício para continuar suas atividades agrícolas – já que eram em sua maioria camponeses -, os imigrantes também encontram um lugar propício para praticar a sua cultura – língua, hábitos, culinária, dança –, que por muitas vezes chegou a ser proibida. “Vão encontrar no Brasil uma maneira de florescer. Por isso, acho que ela consegue se preservar por tanto tempo”, relata.

Adaptação e troca de experiências

Se de um lado havia a necessidade dos imigrantes de encontrar um lugar onde pudessem trabalhar e continuar com a sua cultura, de outro lado, a imigração foi um modo encontrado pelo governo da época para conseguir ocupar uma parte do país ainda considerada “não civilizada”, mesmo que o local já fosse habitado por índios e caboclos.

Para Rhuan, a imigração conseguiu de certa forma corresponder ao que foi projetado. Por outro lado, havia o planejamento para que esses imigrantes pudessem trazer as técnicas agrícolas desenvolvidas por séculos na Europa. “Mas diante do contexto que encontram – são pessoas acostumadas às regiões de planícies com 500 anos de agricultura – e vem para cá e encontram regiões onduladas com matas nativas, onde mal pisou o ser humano. Eles vão ter que cortar essa mata e tudo mais. E eles aprendem com os caboclos como fazer isso e aplicam práticas brasileiras também na agricultura. Depois de 10, 15 anos, uma geração, é que vão começar a se plantar produtos europeus e começar usar o arado. Mas num primeiro momento eles agem como os caboclos ensinam a eles. É uma configuração muito particular, é o elemento estrangeiro, mas que adapta