Qual a ligação entre o Carnaval e a Igreja Católica?
Geralmente o evento é associado a festas e excessos que podem ser considerados pelos cristãos como pecado, contudo, o próprio Carnaval tem suas origens ligadas à religião; atualmente, crenças de vários tipos já têm realizado suas próprias festas no período que antecede a Quaresma
A festa de Carnaval que acontece tradicionalmente todos os anos em diversas cidades do Brasil, com diferentes tamanhos e formatos, nos dá a impressão de que o evento é genuinamente brasileiro e que foi criado por nós. No entanto, o Carnaval tem suas origens na Europa, ainda na Idade Média, e por mais estranho que isso possa parecer, tem ligação direta com a Igreja Católica. Naquele período, celebrações já existentes e consideradas pagãs foram sendo adaptadas para os costumes já consolidados pelo Cristianismo. No Brasil, a festa começou a ser realizada pelos colonizadores europeus e foi se misturando com diferentes manifestações culturais, chegando aos moldes que conhecemos hoje.
E como as religiões avaliam o Carnaval atualmente? Muitas pessoas associam a festa a um período de pecados e exageros, o que não condiz muito com os valores que o Cristianismo acredita. Pensando nisso, muitas religiões têm mais uma vez adaptado essas celebrações para que fieis possam aproveitar dentro das regências que cada uma delas segue.
Carnaval e Cristianismo
De acordo com o doutor em História e professor do Departamento de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), João Carlos Corso, durante a Idade Média a Igreja tinha um forte domínio na Europa e não via com bons olhos as festas e celebrações já existentes por considerá-las pagãs. Com o passar do tempo, essas celebrações foram sendo absorvidas e transformadas em eventos cristãos.
“Festas que já existiam no cenário europeu, como da própria cultura das populações europeias, dos celtas, dos vikings, dos francos, dos germânicos e romanos, o Cristianismo vai aos poucos cristianizando todas as festas. Em que sentido? Transformando, por exemplo, a Festa da Colheita em festas de um santo. É mais ou menos o que a gente vê na Festa de São João, por exemplo, festividade que aqui no Brasil chegou como Festa Junina”, explica Corso.
Como na época a vida era mais regrada e as pessoas evitavam festas pagãs, o Carnaval surgiu e se tornou como uma espécie de ‘fuga’ para que os fiéis pudessem celebrar e se preparar para o período da Quaresma.
“Vários estudiosos da História mostram essa relação com o Cristianismo e enfatizam muito essa discussão a esse momento ser uma espécie de enterro da vida pagã, porque aí vem o tempo de ser mais religioso, um tempo de penitência. São 40 dias de penitência, que é uma preparação para a Páscoa. Temos que entender que a Páscoa é o ápice da vida cristã, não o Natal. A principal celebração cristã é a morte e ressurreição de Jesus. E nesses 40 dias de preparação, há uma série de regras, rezas, atos religiosos, rituais e algumas restrições, como é a ideia da discussão em relação à carne. Então, o Carnaval, de certa forma, até a própria palavra tem essa relação, porque depois não vou poder fazer uso mais da carne”, detalha Corso.

