Universitários demonstram que idade não é limitação para estudar

Por Redação 4 min de leitura

Voltar para a faculdade após os 50 anos? Sim, é possível e viável, relatam os estudantes de Direito Júnior Krubnik e de Letras Saulo Semann.

Júnior Krubnik possui um emprego estável, com o qual está satisfeito, tem três filhos adultos – um advogado, um médico veterinário e um administrador – e já é avô aos 53 anos de idade. No início de 2022 ele surpreendeu a família e os amigos ao decidir trocar o tempo livre e os momentos de lazer pela sala de aula.

 “O que mais tem de importante na vida é o tempo. E ele está correndo. Se você não aproveitar esse tempo, a vida passou, você morreu e fez o que? E o tempo ocioso, você não poderia ter ocupado? Será que a tua mente não precisaria de algo a mais?”, questiona Krubnik, que é acadêmico do primeiro ano de Direito da Faculdade São Vicente.

Ele conta que retomou os estudos para se manter atualizado.  Decidiu estudar Direito, “não tanto pelo fato de fazer uma faculdade, de se tornar um advogado, mas pelo fato de enriquecer a mente, de estar injetando informações nela, te enriquecendo culturalmente para que você não fique parado no tempo”. 

Já Saulo Semann, 54 anos, apesar de ter estudado Direito fora do Brasil, nunca teve aqui uma graduação. Por isso resolveu estudar Letras – Português na Unicentro, onde cursa o primeiro ano.  O que o fez voltar a uma instituição de ensino foi essa vontade de ter o ensino formal, bem como de trabalhar com o que gosta: a literatura. “O conhecimento é o grande bem que carregamos e ninguém pode suprimi-lo. Então pensei: puxa vida, eu quero ter essa formação formal e quero chegar a poder dar aulas em uma universidade aqui no Brasil. O objetivo não é só fazer esse curso de Letras, que me fascina, mas ter tempo de fazer o doutorado para dar aula na universidade”, planeja Semann, que já esteve afastado da sala de aula por mais de trinta anos.

Na Faculdade São Vicente, onde Krubnik estuda, além dele, em sua turma há outras seis pessoas mais velhas. Todas trocaram os momentos de descanso pelos livros e debates acadêmicos, como Semann também fez ao ingressar na Unicentro. E a diversidade de idades no contexto educacional, de acordo com os docentes, é positiva tanto para os indivíduos, como para o coletivo.

A professora Regina Aparecida Milléo de Paula, do departamento de Letras da Unicentro de Irati, explica que ter uma sala com alunos de várias idades e diferentes experiências de vida agrega valor ao processo de ensino-aprendizagem. “O comprometimento dessa pessoa é outro, porque ela vê nessa oportunidade algo de um valor muito maior do que os demais. A discussão enriquece, só se tem a ganhar. Quando você tem um aluno que tem maturidade, experiência de vida, tem discursos diferentes transitando na sala de aula”, comenta Regina.

Apesar das diferenças entre as idades, vivências e caminhos percorridos, a professora frisa que todos têm as mesmas possibilidades em uma sala de aula. Todos são alunos buscando o conhecimento. “A dificuldade desse aluno mais velho é ficar se lembrando, o tempo todo, de que ele é mais velho. No campo que é a educação não tem idade”, afirma.

A professora da Unicentro defende que é preciso olhar para os indivíduos, sobretudo para os alunos, sem rotulá-los. “A partir do momento em que você adjetiva um sujeito – ele é mais velho, ele é mais novo, ele é feminino, ele é masculino, ele é autista, ele é cego – você reduz esse sujeito ao adjetivo. Então eu n&ati