Por que o custo de vida continua subindo tanto?

Por Redação 4 min de leitura

A inflação para este ano, que era estimada em 5,8% foi revisada pelo Banco Central no final de setembro para 8,5%, que os consumidores percebem no dia a dia pelas constantes altas nos preços dos alimentos, dos combustíveis, da energia elétrica.

Nos últimos tempos, praticamente todas as pessoas que vão ao supermercado já se assustaram com o valor a ser pago. Ao comprar gás de cozinha, a situação se repete, e nos postos de combustíveis também. Mas, por que o custo de vida tem subido tanto? A explicação, de acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), precisa considerar vários fatores que colaboram para a aceleração da taxa de inflação no país.

No mês de setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), apontou que a inflação foi de 1,20%, a maior para o mês de setembro desde 1994. Também em setembro, o Banco Central admitiu oficialmente que a inflação do ano de 2021 ficará acima da meta e elevou a estimativa que era de no máximo 5,8% para 8,5%.

“O que a gente tem visto é que embora a inflação esteja refletindo uma alta generalizada de crises na economia brasileira, de fato ela está sendo mais forte em alguns segmentos. E temos em primeiro o dos alimentos”, afirma a economista Maria Andréia Parente Lameiras, que é pesquisadora do IPEA. No último mês, a elevação de preços no setor de alimentos foi puxada especialmente pelo aumento das frutas (5,4%), das aves e ovos (4,0%) e dos leites e derivados (1,6%). A carne bovina já estava mais cara anteriormente, o que levou muitas famílias a substituírem-na por outras proteínas mais baratas, como aves e ovos, aumentando a demanda de consumo desses produtos e seus preços também.

 A pesquisadora do IPEA lembra que esta alta de preços nos alimentos não é recente, vem, especificamente, deste o ano passado, com a pandemia e a desvalorização cambial do real frente ao dólar. Além destes fatores, o problema climático foi outro aspecto que afetou a produção de alimentos no país – diretamente no campo e também devido ao aumento do preço da energia elétrica, que impactou no preço da produção.

“Tem um aumento muito forte da energia elétrica por conta do problema climático, não choveu e foi preciso usar as termoelétricas, então primeiro foi feito o uso das bandeiras tarifárias. Depois, ainda assim isso não era suficiente e houve reajuste da bandeira tarifária vermelha nível 2, que já era maior. Ainda assim não foi suficiente e o governo teve que criar uma bandeira adicional, que é de escassez hídrica e isso majorou ainda mais as contas de energia elétrica,”, relata Maria Andréia.

Simultaneamente, ao longo do ano, o preço dos combustíveis também manteve rotina de alta, influenciada pelo mercado internacional e pelo câmbio.  A Petrobras reajusta os preços de acordo com a variação do câmbio e seguindo a cotação internacional do preço do barril do petróleo, porque os combustíveis derivados de petróleo são commodities e têm seus preços atrelados aos mercados internacionais, cujas cotações variam diariamente.

De janeiro a setembro deste ano, os preços de revenda registraram aumentos de 28% no diesel, 32% na gasolina e 27% no gás de cozinha (GLP), segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

“Ano passado a pandemia fez com que o mercado do petróle