Percepção das pessoas sobre felicidade e realização mudou com a pandemia
Especialistas comentam a importância do autoconhecimento, de atribuir sentido à vida e controlar o que pode ser controlado para reduzir a ansiedade e conseguir ser feliz em meio às dificuldades
A pandemia de Covid-19 transformou os conceitos de realização e de felicidade de muitas pessoas. Para alguns, a vida social e familiar começou a ser mais importante do que a vida profissional. Para outros, que veem na atividade profissional algo que gostam e que se realizam, o foco permaneceu o mesmo. O psicólogo Alexander Bez destaca que o que mudou de fato foi a percepção dessas pessoas. “O que aconteceu na pandemia foi uma mudança de percepção sobre as nossas vidas. Muitas pessoas relataram como passaram a se enxergar de uma outra forma com a pandemia, seja pela situação em si como pelas mudanças que foram necessárias a partir dela, como o distanciamento social e o teletrabalho”, comenta.
Isto também tem feito com que se busquem modos de conseguir alcançar a felicidade, mesmo em meio a todo o caos. Foi dentro desse cenário que na semana passada um seminário virtual reuniu pesquisadores para discutir a felicidade nas perspectivas da neurociência, da psicologia, da economia e da filosofia.
Organizado pela Central Press, o seminário “Felicidade na prática: Dicas para ser feliz aqui e agora” reuniu o especialista em psicologia positiva e idealizador do Congresso de Felicidade, Gustavo Arns, o doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo, Daniel Medeiros, e o economista e membro da Academia Paranaense de Letras, José Pio Martins.
De acordo com Gustavo Arns, uma das ilusões é acreditar que uma vida feliz é totalmente livre da tristeza. “O que não seria possível, em primeiro lugar, e também não seria saudável. A tristeza nos leva a reflexões profundas sobre nós mesmos, a felicidade não nos leva a aprender com nossos erros, entender o que não queremos mais para a nossa vida”, explica.
Segundo ele, a felicidade é uma compreensão de que é preciso realizar uma construção saudável de mais bem-estar, vida saudável e mais qualidade de vida ao longo da nossa existência. O especialista citou a compreensão de felicidade do filósofo alemão Arthur Schopenhauer. “A definição dele de felicidade é combinação de bem-estar físico, bem-estar emocional, bem-estar intelectual e bem-estar espiritual”, disse.
Para ajudar o bem-estar intelectual, Gustavo Arns destacou que é preciso cuidar com a exposição negativa de informações nas redes sociais e alimentar com conteúdos positivos, para que possa haver um equilibro. “Como podemos nos alimentar intelectualmente de conteúdos positivos que nos auxiliem a equilibrar a negatividade que estamos expostos?”, questionou.
Entre as sugestões, estão atividades que satisfazem o indivíduo. “O seu hobby, as suas atividades favoritas, uma leitura, um instrumento musical, apreciação artística, momentos com sua família, tudo isso são construções de possíveis elementos para darmos conta da construção do bem-estar intelectual”, explica.
Ele ainda destaca que apesar da pandemia trazer impactos profundos na saúde mental das pessoas, é preciso saber como lidar com as dificuldades, que podem aparecer em qualquer momento. “O fato é que com ou sem pandemia nós vamos lidando com as adversidades, com os desafios da vida. Então, quando fazemos uma reflexão sobre como podemos construir internamente esses aspectos do bem-estar, nós estamos encontrando um estado interno mais positivo. A psicologia chama de um estado interno m

