Por que estamos tão intolerantes?
Especialistas falam sobre intolerância, polarização e fake news nos dias atuais e como lidar com toda esta situação
Nos últimos anos, não há quem não tenha presenciado, vivido ou conhecido um momento de intolerância. Seja com opiniões nas famílias, discussões nas redes sociais e até mesmo no debate político, a sensação é de que algumas pessoas estão perdendo a habilidade de dialogar.
O psicólogo Alexandre Bez explica que isso se intensificou com a pandemia. “A pandemia acentuou esse sentimento, piorando para quem já sofria com isso e também desenvolvendo a intolerância para aqueles que não haviam manifestado antes”, relata.
Ele pontua que a intolerância pode ser um sintoma de algo maior. “A intolerância pode ser um sintoma de pessoas que não agem com compreensão, além também de indicar questões reprimidas do inconsciente! Fatores de criação, culturais e mesmo de amizades, podem contribuir para uma pessoa desenvolver um comportamento intolerante”, disse.
A consequência pode ser desastrosa. “Falta de controle emocional, a incapacidade em lidar com o outro e, também, como não respeitar a diversidade de uma maneira geral são as características mais comuns da intolerância”, disse.
Para a psicóloga clínica e comportamental, Osmarina Vyel, o tempo atual funciona como se o ser humano possuísse dois lados, mas apenas um é incentivado, fazendo com que a intolerância nasça. “Temos a luz e a escuridão dentro de cada indivíduo, neste momento o que mais está sendo estimulado é a parte escura, ou seja, a parte ainda primitiva, por isso que há tanto sofrimento, pois pouco se estimula a parte da lucidez, a parte nobre que nos faz seres mais conscientes de nossos atos”, conta.
Fake News
Atualmente, uma das situações que vemos a intolerância crescer é em relação às fake news. O termo em inglês já está popularizado na cultura brasileira, mas o fato é que ainda há muitas pessoas que acreditam e defendem desinformações vindas das notícias falsas. Quando confrontadas com a verdade, as pessoas que acreditam nas informações falsas tendem a ter um comportamento negacionista e intolerante.
O psicólogo Alexandre destaca que muitos continuam compartilhando desinformações porque aquela desinformação se encaixa naquilo que aquele indivíduo acredita. “As pessoas que defendem as mentiras disparadas pelas fake news, são impulsionadas por ideologias, muitas vezes relacionadas à política. A questão ideológica e a falta de preparo emocional colaboram para que as pessoas façam parte dessa onda de disseminação de fake news”, relata.
O professor de Comunicação Social da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Dr. Marco Bonito, explica que o compartilhamento de fake news, mesmo depois de confrontado, é uma questão cultural. “De maneira geral, as pessoas tendem a crer naquilo que lhes faz mais sentido, de acordo com os seus valores morais e éticos. Desacreditar dá muito mais trabalho do que simplesmente aceitar a crença já estabelecida. Para quem desacredita é preciso checar os fatos e confrontá-los com a realidade, poucas pessoas tem pré-disposição para isso”, conta.
Esse ato de compartilhar e reproduzir informações que confirmam crenças ou hipóteses iniciais é chamado por especialistas de viés de confirmação. “Quando as pessoas ac