Professores de São Mateus do Sul e de Rio Azul se reinventam nas aulas on-line para melhorar o aprendizado

Por Redação 4 min de leitura

Para motivar os alunos a acompanharem as aulas remotas, em São Mateus do Sul uma professora deu aula por vídeo-chamada dentro de um bote no rio, e em Rio Azul, dois professores criaram os personagens “Os cumpadi”

As aulas presenciais da rede pública de ensino do Paraná estão suspensas desde o dia 20 de março de 2020, ou seja, há mais de um ano professores, alunos e pais estão tendo que se adaptar às aulas remotas devido à pandemia. Professores relatam que o interesse dos alunos vem diminuindo nesta modalidade de ensino e por isso alguns buscam inovar. Mas, à distância, será que é possível fazer isso?

A professora Claudia Niziol Oliveira, de São Mateus do Sul, é um exemplo que aulas mais dinâmicas podem ser ministradas. Ela decidiu dar aula para o curso Técnico em Meio Ambiente de dentro de um bote, no rio Taquaral, porque os alunos estavam desmotivados. Segundo ela, vários estudantes não participavam mais, outros reclamavam da falta de aprendizado. “São muitas as reclamações, por isso pensei em fazer aulas diferentes, algo que atraísse eles”, conta.

Outro exemplo de criatividade para chamar a atenção dos alunos vem de Rio Azul, onde os professores Adão José Amorim e Marcos Duda criaram os personagens “Os Cumpadi” para interagir com os estudantes. Eles atuam na Escola Rural Municipal Santo Antônio, localizada na comunidade Barra da Cachoeira, interior de Rio Azul e contam que a proposta surgiu da necessidade de cativar os alunos e aproximá-los da escola mesmo durante a pandemia.

Os “Cumpadi” são os próprios professores que agem como se fossem alunos da escola, fazem as atividades e incentivam a estudar. Como os personagens surgiram em época de festa Junina, eles são caipiras que agem com humor e diversão.  Cada aluno fez sua festa Junina em casa com os pais e aconteceu a “Quadrilha Virtual”, em que os professores montaram vídeos com intuito de aproximar todos. Segundo os professores, a continuidade dos personagens se deu porque, na época, a interação dos alunos que enviaram fotos e vídeos foi tão intensa que um vídeo só não daria conta de todo o material.

E o contato continua. Segundo eles, cerca de 80% dos pais enviam fotos e vídeos dos filhos participando das aulas. Alguns não enviam por conta de falta de recursos tecnológicos. Por residirem no interior, alguns ainda não possuem internet ou celular.

Por que aula no rio?

O conteúdo que estava sendo ensinado era sobre Gestão e Recursos Naturais, e os alunos de Claudia não conheciam o rio Taquaral, que abastece o município de São Mateus do Sul. Ela decidiu fazer uma surpresa, utilizando o bote da família e com ajuda do esposo, fez uma aula por vídeo chamada mostrando o percurso do rio. Os alunos puderam ver a mata ciliar, a cor da água, o fato de ter casas ao redor do rio, que de alguma forma acaba poluindo com lixo, outras residências com esgoto a céu aberto, que vai para o rio. Segundo a professora, a partir dessas observações foi possível trabalhar muitos temas durante a aula.

A recepção dos alunos surpreendeu a docente, a quantidade de alunos assistindo e interagindo mudou deforma radical. “Agora, a cada aula eles me perguntam onde que eu vou. Notei que mudou bastante a participação deles, estão bem felizes e realizados nessas disciplinas. Acredito que a gente precisa inovar, só em forma de palestras vai desanimando mesmo, tem alunos que não querem abrir nem a câmera mais, não participam mais. Com as atividades diferentes que eu fiz notei a mudança deles e fiquei muito feliz e realizada com isso”, disse a professora, que também é  coord