Criminosos especializados miram máquinas e insumos agrícolas no Paraná

Por Redação 4 min de leitura

Nos últimos dois anos e meio, mais de 20 mil ocorrências foram registradas em propriedades rurais; FAEP tem cobrado providências

Já passava das 21 horas quando o agricultor João Carlos Carrion encerrava o expediente na fazenda em que é funcionário, em Astorga, Norte do Paraná. Ele desceu do trator e fechava as barras do pulverizador, no instante em que foi surpreendido por dois bandidos armados – um com uma carabina, outro com um revólver. Carrion foi encapuzado, amarrado e colocado no banco de trás do automóvel dos assaltantes. Enquanto um dos ladrões rodava de carro com o agricultor, o outro levava o maquinário. Ele foi libertado em um canavial já na alta madrugada, no município vizinho de Ângulo, a 30 quilômetros de Astorga. O crime ocorreu em 24 de abril deste ano. O trator John Deere 6100 (avaliado em R$ 120 mil) e o pulverizador Columbia (estimado em R$ 30 mil) jamais foram encontrados. 
Longe de ser uma exceção, o caso ilustra uma realidade grave: a vulnerabilidade das zonas rurais, que tem tornado o homem do campo e sua família alvos de quadrilhas. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), ao longo dos últimos dois anos e meio, o Paraná registrou 2.354 roubos a propriedades rurais (quando bandidos armados rendem as vítimas) e 19.261 furtos (em que ladrões levam os bens quando a vítima não está no local ou não percebem a ação).  Além disso, 1.026 veículos foram furtados e 750 foram roubados no meio rural. Juntos, são quase 23,4 mil ocorrências em meio rural, no período: média de 779 por mês. Por um lado, o número de casos vem caindo, mas ainda estão em um patamar preocupante: são 25 furtos ou roubos em meio rural por dia. Os dados dizem respeito apenas aos crimes em que as vítimas registraram boletim de ocorrência. 
“É um tipo de ocorrência que nos preocupa. O produtor rural trabalha de sol e a sol, paga seus impostos e, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, manteve a produção e sustentou a economia. Fazemos nossa parte da porteira para dentro. Precisamos que o poder público faça a parte dele e garanta nosso direito à segurança. Precisamos ter segurança para continuar produzindo”, disse o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette. 
Há anos acompanhando a situação de perto, o Sistema FAEP/SENAR-PR tem adotado uma série de providências, seja cobrando autoridades ou orientando produtores rurais. No ano passado, por exemplo, a Federação enviou um ofício à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), solicitando a criação de uma força-tarefa para investigar e desbaratar quadrilhas que têm como alvo propriedades rurais. Em 2017, a FAEP e o governo do Estado Paraná publicaram uma cartilha com orientações que os produtores podem tomar para minimizar a ação dos bandidos.

Além disso, a entidade também vem estimulando que os agropecuaristas fortaleçam a segurança local, participando dos Conselhos Comunitários de Segurança. 
Dono da fazenda assaltada em abril – e cuja ocorrência foi relatada no início desta reportagem –, o produtor rural Ademir Primon conta que formalizou boletim de ocorrência assim que seu funcionário foi localizado. O próprio produtor chegou a fazer buscas, seguindo o rastro deixado pelo trator na estrada rural, mas não conseguiu encontrar os maquinários. Apesar do empenho, ele se sente frustrado com a falta de satisfação por parte do poder público. 
“Nunca nem ligaram para perguntar ou para