Rio Claro do Sul: O começo de Mallet
Conheça histórias da comunidade de Rio Claro do Sul, local do primeiro povoado de Mallet
Por volta de 1884, famílias saíram de Campo Largo da Piedade, próximo à Curitiba, em direção a terras no interior do Paraná. Próximo a Palmeira, essas famílias encontraram outros lavradores de Itaiacoca, área rural de Ponta Grossa, que se juntaram à caravana. Assim, 15 famílias seguiram em uma expedição de dois meses até chegar a terras que hoje são conhecidas como Rio Claro do Sul, interior de Mallet. Durante seis anos, as famílias praticaram a agropecuária e em 1890, chegaram os primeiros imigrantes poloneses.
Mais de 2 mil imigrantes poloneses se instalaram na localidade no final do século XIX. A imigração movimentou a comunidade e, em 1892, o local se tornou Distrito Judiciário de Rio Claro, pertencente a São João do Triunfo. Teve comércio, delegacia, banco cooperativo e clubes. No início do século XX, a localidade se desenvolvia e começava a dar ares de poder se tornar município.
Mas em 1903, os trilhos da estrada de ferro foram construídos a 20 km ao sudoeste da Vila de Rio Claro do Sul, fazendo com que muitas famílias se mudassem próximo à recém-construída “Estação Ferroviária Marechal Mallet”. Isso fez com que a localidade, chamada de “São Pedro de Mallet”, virasse município em 21 de setembro de 1912. Somente em 1929 o município passa a se chamar oficialmente Mallet. Mesmo assim, Rio Claro do Sul guarda lembranças desse início.
Igreja
Logo após a chegada dos poloneses, houve a construção de uma capela na localidade de Colônia Duas, situada a 5km do local onde é Rio Claro do Sul. Pouco tempo depois, houve um recuo e se construiu uma pequena capela no alto de Rio Claro do Sul. “Os registros mostram que era uma capela pequena para fazer suas devoções e depois, em 1896, começam a erguer uma grande igreja que hoje nós conhecemos como Nossa Senhora do Rosário”, explica o morador Dirceu Kieltyka.
A igreja era de madeira e possuía uma torre mais alta do que a existente atualmente. “Pela igreja ser construída em madeira, puxando um estilo europeu, dizem que ela lembrava muito o santuário de Częstochowa, na Polônia”, conta.
O primeiro pároco foi o padre Ludovico Przytarski, que também ajudou a escolher a padroeira da comunidade. “Dizem os mais antigos que, provavelmente o padre Przytarski, foi para São Paulo comprar alguma imagem. Quando estava saindo, falou que a imagem que encontrasse primeiro, quando chegasse à loja, ele ia comprar para trazer e ser a padroeira. E justo ele se deparou com a imagem de Nossa Senhora do Rosário”, relatou.
Entre 1950 e 1953 foi construída uma igreja de alvenaria no lugar da igreja de madeira que permanece até hoje. Em 1990, a igreja se tornou um Santuário a Nossa Senhora do Rosário, após uma votação em uma assembleia na Diocese de União da Vitória, onde ganhou por unanimidade.
O local ainda preserva detalhes da antiga igreja, como os altares que são originais, além de objetos como castiçais e as roupas dos primeiros párocos da comunidade. Atualmente, o pároco da igreja é o padre iratiense Anderson Spegiorin.
Como a comunidade tem grande número de descentes poloneses, a igreja possui duas relíquias do hoje santo, Papa João Paulo II, que nasceu na Polônia. Uma primeira é um terço que está nas mãos do menino Jesus, doado por um bispo polonês.

