Taxa de cesáreas na região Centro Sul é três vezes maior que recomendada pela OMS

Por Redação 3 min de leitura

A taxa de realização de partos por cesáreas nos municípios da região Centro Sul é três vezes maior que a taxa recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De todos os partos realizados na região, 53,42% são através de cesáreas e 46,57% por meio de partos normais. A taxa recomendada pela OMS é de 10% a 15% de partos por cesárea.

Os dados são do sistema DataSus, do Ministério da Saúde, através do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e são referentes ao ano de 2017, os mais atualizados. O levantamento leva em consideração a cidade na qual a mãe é residente.

Mais de 60% dos partos realizados em Rio Azul, Irati e Mallet são através de cesáreas. A taxa maior é em Rio Azul, onde 66,66% dos partos são cesáreas. Em seguida, estão Irati (61,88%) e Mallet (60,35%).

Já em Inácio Martins, a taxa de cesáreas cai pela metade, 34,30%, a menor da região. No município, 65,69% dos bebês nascem através do parto normal. Ainda entre os municípios com menores taxas, Guamiranga tem apenas 36,84% dos partos através de cesáreas e em Fernandes Pinheiro, a taxa é de 40,19% de cesáreas.

A taxa de cesárias na região é próxima da taxa brasileira. No país, 55% dos partos são feitos através de cesáreas.

Causas

Parte dessas cesáreas que acontecem no país são as chamadas cesáreas eletivas, quando a gestante decide passar por uma cesárea, mesmo sem indicações. Segundo os médicos, diversos fatores culturais, sociais e econômicos podem explicar a opção por este tipo de parto, resultando nos altos índices.

 “Tem uma parte cultural que influencia por quem tem dinheiro e escolhe fazer a cesárea. Eu trabalho no SUS e vejo muito que a paciente chega falando que vai pagar e é triste, porque ela não quer nem escutar o que é melhor para o bebê ou para ela. Tem aquela ideia de achar que se você está pagando é o melhor”, disse a médica ginecologista e obstetra, Paula Sedoski.

Outro fator apontado é o perfil da gestante, que muitas vezes trabalha e precisa se ausentar do emprego. Com a cesárea, gestante, médico e empresa conseguem se planejar. “Ela vai poder escolher o dia, a hora, vai poder se programar quando tirar férias, já programa toda a licença maternidade”, cita a obstetra.

A médica ainda explica que a experiência de outras mulheres na família também pode influenciar. “Se teve uma história na família de que o bebê não nasceu bem de parto normal, alguma história desfavorável, a paciente já vem tendendo a isso. Mas porque ela não teve uma orientação correta. Ela vem com os próprios conceitos sobre aquilo”, disse.

Para a obstetra Fernanda Torras, outros fatores também influenciam como o desejo de escolher a data do nascimento do filho, medo de alterar a função sexual e crença de que na cesariana há menor possibilidade de sofrimento fetal durante o parto.

As médicas também destacam que um pré-natal sem muita informação pode ser uma das causas da opção pela cesariana. “Percebo na prática que muitas pacientes têm medo do parto normal principalmente por acharem que não terão força suficiente ou não agu