Editorial – Desajustes climáticos afetam as plantações
Quem andava pelas ruas de Irati no mês de julho viu que a população usou todo o tipo de roupas. Desde as mais quentes, com blusões de lã e casacos pesados, até os mais leves, como camisetas e bermudas.
O vestuário acompanhou as diversas mudanças: o início de julho veio com muito frio, tendo temperaturas negativas e geadas, mas é o calor e temperaturas mais quentes que devem finalizar julho. Mas a desordem na temperatura não está só revirando o guarda-roupa da população. O ritmo do desenvolvimento das plantas também está mudando.
Isso é possível ver na fruticultura, onde o calor fora de época tem feito com que os pomares floresçam antes da poda. O resultado final é que a produtividade pode cair. Em consequência, agricultores que não possuem seguro correm o risco de ter perdas financeiras.
O ramo da fruticultura hoje é uma das apostas dos municípios para tentar diversificar e trazer mais renda aos produtores, especialmente os pequenos, que ficam muitas vezes investindo em uma única cultura.
Contudo, medos e receios podem atrapalhar esse objetivo, já que há o risco de perda com algumas culturas. Por causa desse risco, a contratação de um seguro é uma das indicações, mas é exatamente o medo de perder a propriedade e não conseguir pagar a dívida que faz com que agricultores tenham medo de adquirir uma linha de crédito do Pronaf, por exemplo, que daria seguro pelo ProAgro.
As instituições do meio rural já informam sobre as possibilidades para o agricultor. A informação é repassada e chega a quem está no campo. No entanto, é preciso, na verdade, conscientização do agricultor. Para muitos, o que é necessário é muito mais uma consultoria direcionada que lhe mostre os caminhos, do que só a informação. Entretanto, essa consultoria é um desafio já que não há muitos profissionais que possam dar uma atenção maior do que já dão.
Apesar deste cenário, há uma esperança no fim do túnel: os jovens que estão no campo. Os diversos trabalhos para que haja a sucessão familiar no campo têm rendido alguns retornos, mesmo que muitos ainda estão indo para a cidade. Porém os que ficam no campo, estão mais informados, com uma escolaridade maior, e com conhecimento técnico aprimorado. O resultado é que são mais confiantes em suas decisões, decidem através do conhecimento adquirido e realizam projetos que podem desenvolver as propriedades. Em consequência, são eles que podem ser a chave para melhorar as propriedades e prepará-las para que as mudanças climáticas não afetem tanto as plantações.

