Mulheres constroem um bar para conquistar renda própria
Tijolo por tijolo. Foi assim que o casal Simone Ferreira e Aline Andrade levantou o lugar onde agora está instaladaa lanchonete Rota 153. Construída no bairro Alto da Glória em Irati, às margens da BR-153, o barzinho concretizou o sonho das duas de possuir seu negócio próprio.
Simone, natural de Pato Branco,conta como surgiu a ideia de fazer o bar. “Morávamos em Pato Branco, eu e minha companheira Aline, e os pais dela moravam aqui em Irati. Em Pato Branco trabalhávamos em uma empresa. Certo dia, resolvemos fazer um acerto com a empresa e tentar algo aqui. Quando viemos para cá, nosso plano a princípio era fazer uma casa, e iríamos trabalhar em outro lugar”, relata. Mas a vontade de ter um negócio próprio falou mais alto e elas decidiram residir com familiares e construir a lanchonete.
“Aqui em Irati o trabalho não é fácil, é bem precário o trabalho. Às vezes você fica trancada em uma empresa enão consegue subir de cargo, por mais que você tenha força de vontade. E aqui não. É nosso. Não vamos pagar aluguel, nós vamos trabalhar, tudo que vier é nosso. Vai depender só de nós, não depende de mais ninguém”, comenta.
A construção
Para poder construir a lanchonete, o casal decidiu botar, literalmente, a mão na massa. Isso aconteceu devido à questão financeira. “No momento de construir, um pedreiro é muito caro, a mão de obra é caríssima. O dinheiro era curto. O pai da Aline é mestre de obras, só que ele trabalha fora, não teria como parar o trabalho dele para nos ajudar. Resolvemos nós mesmas fazer. O pai dela nos ensinava durante a semana. Ensinou a fazer medição, assentar tijolos, ensinou tudo. Durante a semana íamos fazendo e todo final de tarde ele vinha conferir se estava tudo certo e dar as dicas para o outro dia. Devagar fomos fazendo tudo. No começo achamos que não iríamos dar conta. É bem difícil, não tínhamos máquinas, betorneirae essas coisas. Foi tudo na enxada, tudo devagar”, relembra.
Simone destaca que o uso da imaginação foi essencial para driblar os recursos escassos. “Quando você vai construir algo, você faz um cálculo que vai gastar tanto, mas no final não é só aquilo. Nós reciclamos bastante coisa, o dinheiro era pouco, tínhamos que usar a imaginação. As luminárias nós inventamos. Compramos nos móveis usados, mesas e cadeiras. As madeiras eram muito caras, então fizemos com paletes. Pagamos R$3 cada palete”, disse.
O trabalho fez com que ela desse maior importância à profissão de pedreiro. “Construir é muito difícil. Eu digo pra Aline, hoje em dia eu dou muito valor para os pedreiros. É um serviço muito difícil, muito sofrido”, comenta.Ela sentiu na pele a dificuldade. “Quando fui rebocar as paredes, com a colher, no banheiro era apertado, pensei: ‘Mas tá muito ruim isso aqui, vou tentar com a mão’. Taquei a mão e deu certo, em dois minutos eu fiz uma parede. Falei: ‘Nossa deu certo’. Rapaz do céu, final do dia saiu todo o couro da minha mão. Não adiantou nada. Aquele dia eu apurei, deu tudo certo, daí fiquei uma semana sem poder conseguir colocar nem roupa direito. O calcome muito a mão da gente, daí com cimento tudo junto. Ele corrói mesmo”, explica.
Preconceito
O fato de serem um c

