Irati e região possuem estrutura deficitária para atendimento a casos de violência contra a mulher
Casos de feminicídio no Paraná alertaram para a pouca estrutura para prestar atendimento aos casos de violência contra a mulher na região. Delegado da Polícia Civil de Irati e Núcleo Maria da Penha da Unicentro comentam sobre os atendimentos.
Imagine que você é uma mulher e é vítima de violência doméstica. Onde você pediria ajuda? Agora imagine outra hipótese: Você é mulher e vítima de estupro. Aonde você iria? Pense agora que uma pessoa próxima de você é vítima de feminicídio. Como serão as investigações?
As respostas a essas perguntas revelam a falta de estrutura que a região possui para enfrentar estes tipos de crimes. Em Irati, a Delegacia de Polícia Civil é um dos poucos órgãos disponíveis às mulheres que decidem denunciar as violências sofridas. Nos demais municípios do Centro Sul, a situação se repete, com um agravante, algumas cidades sequer possuem Delegacia de Polícia Civil.
O Instituto Médico Legal (IML) mais próximo é o de Ponta Grossa, depois o de Guarapuava e o de Curitiba. Mulheres vítimas de estupro na região precisam ir até um desses IMLs para fazer o exame de corpo de delito. Costumeiramente, o maior número de encaminhamentos é para o IML de Ponta Grossa.
Delegacia da Mulher
Após os recentes casos de feminicídio como de Ivanilda Kanarski, morta no Parque Aquático de Irati em frente aos filhos, e de Tatiane Spitzner, onde o marido é suspeito de ter causado a morte em Guarapuava, a necessidade de atendimento especializado nos casos de violência à mulher voltou à discussão na sociedade.
Para o delegado Paulo César Eugênio Ribeiro, o pedido de uma Delegacia Especializada da Mulher é válido. “Na minha visão, absolutamente a cidade de Irati comporta uma Delegacia da Mulher. Deveria ter uma Delegacia da Mulher, tem cidades menores que já possuem”, afirma.
Segundo ele, cerca de 50% a 60% dos atendimentos feitos na Delegacia da Polícia Civil de Irati são relacionados à violência doméstica contra a mulher. Atualmente, o local é o espaço no município que as vítimas possuem para fazer uma denúncia ou um registro da agressão.
Com a criação de uma delegacia especializada, o delegado comenta que o trabalho seria dividido. “Você consegue dividir o trabalho. Tendo uma Delegacia da Mulher, todas as investigações vão caminhar, vou ter mais pessoas para poder trabalhar a investigação”, disse.
Enfrentamento
De acordo com a equipe do Núcleo Maria da Penha (Numape), projeto de extensão da Unicentro que auxilia em casos de violência, mais do que uma Delegacia da Mulher, Irati precisa de uma Rede de Enfrentamento a violência. “Em Irati, não existe uma Rede de Enfrentamento a violência em funcionamento. Os casos de violência contra a mulher são acompanhados pelos CRAS (Centros de Referência de Assistência social) e pelo CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) do município”, explica.
Apesar disso, Irati possui uma estrutura para o acolhimento da vítima. Neste processo de acolhimento, a vítima é auxiliada e apoiada em diversas necessidades sociais e psicológicas. “O acolhimento para mulheres em situação de violência é realizado através da ‘Casa de Apoio à Mulher Vítima de Violência’, que se trata de um espaço provisório e emergencial para mulheres e seus filhos, com capacidade para acolher até dez pessoas (entre mulheres e crianças), quando se faz necessário o afastamento da

