Adoção ilegal abala a história de família da região
O irmão de Odete das Graças Batista foi raptado ainda bebê, em um hospital em Teixeira Soares.
“Eu fiquei com aquela imagem, ficou igual um filme na minha cabeça”, conta Odete das Graças Batista, hoje com 41 anos, ao falar de seu irmão, Izuir Monzar Moreira, raptado enquanto ainda era bebê.
O caso aconteceu por volta do ano de 1980, em Teixeira Soares. Maria Aparecida Batista e João Batista Moreira moravam na localidade de Assungui, interior de Fernandes Pinheiro, com poucas condições. Dois dos seus filhos, Odete e Izuir, sofriam com doenças nos rins e eram internados, seguidamente, no hospital em Teixeira Soares para tratar das doenças.
Naquele ano, Izuir – já com um ano e oito meses – estava mais uma vez internado. Na época Odete, que tinha três anos de idade, foi junto com sua mãe Maria ao hospital ver como estava o bebê. A ida só foi possível porque um morador da comunidade ajudou a família com o transporte, escasso para os padrões financeiros deles.
Quando chegou na porta da Pediatria, onde o bebê estava, Maria acenou. “Ele olhou para nós com aquela alegria e fazia ‘mama, mama’. Minha mãe pegou ele de ladinho e virou ele. Ele estava cheio de cocô, dizia a minha mãe”, relata. O fato surpreendeu Maria, que imediatamente limpou a criança. Na enfermaria, a justificativa foi que uma mulher estava cuidando da criança e não deixava que as enfermeiras cuidassem.
Mas foi enquanto dava mamadeira ao bebê em frente ao hospital – em uma área destinada aos pacientes – que a maior surpresa da vida de Maria aconteceu. Odete conta que apesar de pequena, lembra do episódio. “Parou um carro na frente do hospital e não pude ver se era um homem ou uma mulher que ficou no carro. Entrou uma mulher, abriu-se um corredorzinho, e entrou uma mulher batendo o saltinho, foi direto na minha mãe, tirou o nenê do braço dela e se mandou, sem falar nada para ela”, conta.
Desde esse dia, Maria e João passaram um longo tempo procurando onde estava seu filho. “Eles passaram a vida deles procurando. Todas as pistas que apareciam eles iam atrás, até foi o último pedido de minha mãe”, conta Odete, emocionada. Maria faleceu há oito anos e João há três anos e oito meses, sem encontrar seu filho.
A busca passou para Odete, que desde adolescente ouvia a história da mãe, que jurava que nunca tinha colocado a criança para adoção. Desde nova, ela busca reencontrar o irmão e após a morte de sua mãe, ela continua a procura dos personagens daquele dia e também pistas. Odete contou a história em diversos veículos de comunicação, mas até o momento não conseguiu encontrar uma pista que a ajude.
Toda vez que encontra uma pequena pista, ela vai atrás. Uma das últimas foi a de que seu irmão teria sido adotado por alguém da família Machinski, de Mallet. “Ela que me ligou, na primeira vez que eu fui na rádio. Ela me ligou, pra que fosse ir conhecer o filho, a criança que ela tinha adotado. Ela me mostrou as fotos e não tinha nada a ver. A situação que a criança estava na época que ela adotou, estava desnutrido, com o corpinho tapado de ferida, e eu olhei a foto e falei: ‘Esse não é o meu irmão, o meu irmãozinho não estava assim’. Eu até conheci depois o rapaz pessoalmente, mas não sei.. Acho que não. Eu me lembro bem de como o meu irmão estava, como o meu irmão era”, relata.
Dificuldade
Uma das maiores di

