Receio da denúncia faz com que casos de abuso sexual contra crianças não sejam registrados

Por Redação 3 min de leitura

As meninas são as principais vítimas de abuso sexual de crianças e adolescentes na região. É o que mostra os dados da 8ª Companhia Independente da Polícia Militar. A polícia atendeu 12 casos,entre 2017 e 2018. Desses casos, 100% eram de vítimas do sexo feminino e mais de 66% desses casos envolviam meninas de 11 anos a 13 anos.

O número vai de encontro com os dados nacionais do Disque 100, um canal de denúncias anônimas do Governo Federal. Em 2017, 47,85% das vítimas de violência sexual contra crianças e adolescentes denunciados eram meninas. Ao todo, foram mais de 22 mil denúncias feitas somente em 2017.

Apesar dos números, especialistas contam que muitos casos são subnotificados, isto é, não são denunciados e as instituições não têm como registrar o real número.

O presidente do Conselho Tutelar de Irati, Ademir Carneiro, explica porque isso acontece. “Ainda as pessoas tem o receio da denúncia. Por mais que exista o Disque 100 e outros meios que podem acolher essa denúncia, ela não chega, ainda, por causa do receio de denunciar”, comenta.

Entre 2011 e 2017, 176 casos foram registrados pelo Conselho Tutelar de Irati. Para a psicóloga Rafaela Maria Ferencz,que atua no Centro de Referência em Assistência Social, CRAS,o número pode ser maior por diversos motivos, como a relação da vítima com o abusador e até mesmo a dificuldade de identificar o que é o abuso. “Primeiro que criança, às vezes, não sabe o que está acontecendo, até adolescente, às vezes não sabe o que está sendo abusado. Nós buscamos colocar o que é o abuso para crianças e adolescentes e eles verem que aquilo que estão passando é abuso”, disse a psicóloga.

Outro fator que dificulta a realização das denúncias é que, em muitos casos, os agressores são pessoas próximas ou da família. Um relatório da Unicef aponta que 90% das vítimas disseram que foram abusadas por um conhecido. “Em relação às crianças são pessoas próximas o pai, padrasto, tio, avô, um vizinho, um amigo da família. As pessoas tem a ideia de é alguém de fora e sempre é falado para as crianças tomarem cuidado com estranhos e em relação ao abuso sexual os dados mostram que os abusos acontecem com pessoas próximas. O que observamos é que é muito difícil a família acreditar, ela precisa de provas. Até porque no momento em que ela acredita, ela tem que romper a relação. Aquela pessoa que é da família pode ir presa, então é um sentimento muito confuso”, explica a psicóloga.

Por isso, ela aponta que o trabalho de prevenção é importante. “O trabalho de prevenção é essencial para evitar que aconteça, porque a partir que acontece, as rupturas, os conflitos, e o sofrimento é inevitável. Se a vítima denuncia, outras pessoas irão sofrer, e se ela não denuncia, só ela que irá sofrer”, alerta.

Perfil

Na região, os perfis encontrados pelos registros na Polícia Militar mostram que os abusadores em sua totalidade s&a